terça-feira, 9 de agosto de 2016

"Hartmon" - não seja você um idiota

O Pokemon continua “top” nas discussões de mídias sociais… E o que mais me impressiona é a hipocrisia de tanta gente chamando os outros de idiota por causa de um joguinho. Hipocrisia sim. Pois a mesma atitude que condenam, fazem. Qual seja: em vez de sair à rua procurando monstrinhos e pokebolas, saem às ruas postando fofocas, maldades, futricas, vídeos pornográficos, fotos de acidentes e mortes… E com uma grande desvantagem aos caçadores de Pokemons: os caçadores fazem longas caminhadas, e no intervalo entre um monstro e outro, conversam, tiram fotos, aproveitam a cidade… Se você olhar em volta verá que nossa cidade está com mais jovens nas ruas do que de costume… Antes ficavam talvez nas mesmas redes sociais dos “odiadores de Pokemon GO”, enchendo sua cabeça apenas com as futricas que falei acima… Agora, caçam… E não tem problema nenhum nisso, desde que respeitem a propriedade e a individualidade dos outros… Desde que haja limites, como separar horários para fazer outras coisas, além de caçar… E acho que é uma “modinha” que vai passar também… Até porque, se não aparecerem mais “pokestops” vai ficar difícil…
O único pokestop é em frente ao lado do Salão dos Gêmeos, naquela loja de artigos religiosos… Já já alguém encosta um carrinho de cachorro-quente ali e começa a lucrar com os jovens caçadores famintos… Porque as caminhadas são longas e vão sempre voltar ali.
Enquanto os jovens estão caçando monstrinhos virtuais… O que existe desde o Tamagotchi… (Voltei ao fim dos anos 90 com o Tamagotchi).
Bem, enquanto caçam, conversam, tiram fotos, fazem exercício físico e criam uma rede social que tinha sido esquecida: aquela da conversa pessoal… Talvez você que me lê agora no facebook, no Whatzapp, ou em qualquer outra, devesse instalar Pokemon GO em seu celular também e parar de futricar a vida dos outros… Mas não sei se é o seu caso… Se não for, ignore este parágrafo.
Se você usa bem as redes sociais (sim, existe muita gente que usa para o bem), procure entender antes de opinar. Não existe maior expressão de ignorância do que achar-se sábio… E todo mundo emite opinião sobre tudo hoje em dia. Inclusive sobre o joguinho. Você sabe o que ele, de fato, é? Pasme: é um jogo que tem por objetivo trazer riqueza a seus criadores… Ele é gratuito, mas você pode comprar um monte de coisas dentro dele… Fora isso, o simples lançamento fez a empresa dobrar de tamanho em valor. E é um jogo melhor que aquele que você joga. Porque aquele joguinho que você joga só exercita um dedo… Pra fazer os docinhos caírem… Ou para estourar quadrinhos, ou qualquer outro desses de fazer pares… Esse aí você joga sentado, ou deitado… Além de tudo, ficando cada vez mais sedentário e, quem sabe, doente, por falta de exercício físico.
Fora este primeiro tipo de ignorância ainda há outro tipo: aquele pessoal que vê o diabo em tudo, menos onde ele, de fato, está. Se você acha que o Pokemon Go pode tirar Deus do seu coração, é porque Deus já não estava lá. É o mesmo pessoal que alguns anos atrás achava que era pecado o esporte… São tão certinhos por fora, que esquecem que o problema é por dentro. Preocupam-se com a roupa, o cabelo e muitas outras coisas externas, como o faziam os fariseus no tempo de Jesus, mas o coração… Ah o coração… É um rio de maldades...
Certa vez Jesus disse: “O que entra pela boca vai para o estômago e depois sai do corpo. Mas o que sai da boca vem do coração. É isso que faz com que a pessoa fique impura. Porque é do coração que vêm os maus pensamentos, os crimes de morte, os adultérios, as imoralidades sexuais, os roubos, as mentiras e as calúnias. São essas coisas que fazem com que alguém fique impuro. Mas comer sem lavar as mãos não torna ninguém impuro.” (Mateus 15.17-20).
É claro que este texto está falando da comida sem lavar as mãos. Isto é obvio, mas nos ensina uma grande verdade sobre onde estão os verdadeiros monstros que podem fazer mal… Dentro do coração. São os “Heartmon”... São eles que fazem você usar as redes sociais para propagar o mal… São eles que te fazem julgar os outros, só porque você tem inveja que eles estão se divertindo e você não… São eles que fazem você se achar superior.
Então, querido leitor, pare de ser chato… Largue de ser ignorante… Leve uma vida mais leve. Divirta-se. Eu também não gostei do joguinho, mas gostei do que ele me proporcionou… Já conduzi (para cuidar delas) minhas filhas em suas caçadas… Já conversei com crianças e jovens, que antes não conseguiria puxar uma conversa, porque eles parecem ter seu próprio mundo… Já fizemos exercícios juntos e temos agora mais um assunto em comum… Mas conosco (minhas filhas, esposa e eu) nunca perdemos o assunto… Sempre dividimos tudo, este é só mais um assunto a dividir… E tratamos os assuntos delas também como importantes, pois são importantes para elas…
Talvez na sua casa seja diferente, por isso, aproveite que estamos na semana dos pais e vá fazer coisa junto com seus filhos… Jamais se esqueça, porém, que como tudo mais neste mundo, o Pokemon GO vai passar também, o que restará são os bons exemplos que você deixará para os que te observam. Exemplo de compromisso, de respeito, honestidade, exemplo de ouvir e aprender antes de emitir opiniões… Exemplo de fé, ou da falta dela… Eu usei a caçada, para dar uma volta completa na nova praça Adélio Lubiana. Foram fotos e mais fotos entre um monstrinho e outro. Minhas meninas ficaram empolgadas, felizes… E não foi só pela caçada. Foi porque o pai delas tirou uma hora (pois é, tenho até vergonha de reconhecer que foi só uma hora) do seu dia para simplesmente estar com elas… Não sou o melhor pai. Sei dos monstros que estão também no meu coração… Mas sei que estes monstros são mortos por Cristo, meu Salvador. E “o sangue de Jesus nos limpa de todo pecado.” (1º João 1.7). Os monstros sempre quiseram nos cavalgar… E estão andando de galope por aí cada vez que apontamos o dedo para acusar os outros. Por outro lado, cada vez que estendemos a mão do perdão, estes monstros perdem lugar. E Cristo ocupa o lugar que lhe é devido.

Jarbas Hoffimann é formado em Teologia e pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil, em Nova Venécia. (pastorjarbas@gmail.com; facebook.com/pastorjarbas)

Estes e outros artigos são publicados no Jornal Correio 9, de Nova Venécia (curta para ser avisado das edições diárias, leitura completa online): https://www.facebook.com/correio9

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

De cabeça baixa

Certa vez ouvi uma estorinha (sim, ainda há diferença entre história e estória) que ficou gravada em minha mente. Foi na igreja, mas não lembro mais o pastor que a contou… Faz “muuuuuuito” tempo. Mas lembro:
“Certa vez, um andarilho, achou dinheiro no chão. Ficou muito feliz com isso, pois precisava daquele dinheiro. Dali em diante ele passou a andar sempre olhando atentamente para o chão… Por causa disso, muitas vezes quase foi atropelado. Outras vezes caiu por bater em postes. Ou deu esbarrões em pessoas que passavam. E no fim o que conseguiu foi um problema de coluna, alguns hematomas, vários botões e muito mais lixo encontrado nas sarjetas.”
E agora? Com o Pokemon Go…
Já há casos de acidentes, de assaltos, de tiros achando que os “caçadores de Pokemon” seriam bandidos e por aí vai.
Antes já olhávamos cada vez menos ao redor e cada vez mais para a telinha… Ou as telinhas, pois quando não é a do celular, é a do computador ou da TV (esta, que já atrapalha as conversas familiares faz anos… Muitos anos.) E a TV era pior… Se o celular permite que você se comunique com outras pessoas, a TV só te passa (des)informações e impede as conversações, pois sempre tem um “cala a boca que eu quero ouvir a TV”.
Agora multidões correm atrás dos monstrinhos do Pokemon Go… E já vi como funciona. Minhas filhas ficaram fascinadas em caçar. Eu achei chato. Mas talvez o chato seja eu que não tenho mais paciência para algumas coisas… Entretanto não se espante com jovens e adolescentes andando apontando o celular para tudo que é lado. Pois você precisa “pegar” com a câmera e precisa apontar ela para todos os lados… Quando achar o monstro, tem que jogar a “pokebola” para o prender… Se for um Pokemon mais forte, precisará atirar várias vezes a armadilha… E às vezes vai parecer que estão te filmando ou te fotografando, sem a sua permissão, mas não estarão nem te vendo… Na sua frente, em realidade aumentada, estará um Pokemon… Estarão “lutando” para ouvir um “Gotcha”... E estarão de cabeça baixa. Eu realmente acho que é um entusiasmo inicial e que vai passar… Mas…
O que vemos agora é muita gente de cabeça baixa. E o que vão encontrar? Agora, Pokemons… Mas deixarão de ver à volta. Não verão os riscos e nem as oportunidades. Pois de cabeça baixa só vemos o chão… Agora nem mais o chão, apenas a telinha do celular. Claro que tem coisa boa também, porque na “caça” e competição, que sempre existiram, mesmo em álbuns de figurinha, os “caçadores” vão interagir com outros. Fazer novas amizades, desfazer outras… Enfim, quase tudo tem lados positivos e negativos… Como da estorinha inicial: foi legal achar dinheiro, foi ruim perder a vida procurando mais, olhando para a direção errada.
Como cristãos aprendemos a olhar para cima e para os lados: “Depois de ter dito isso, Jesus foi levado para o céu diante deles. Então uma nuvem o cobriu, e eles não puderam vê-lo mais. Eles ainda estavam olhando firme para o céu enquanto Jesus subia, quando dois homens vestidos de branco apareceram perto deles e disseram: — Homens da Galileia, por que vocês estão aí olhando para o céu? Esse Jesus que estava com vocês e que foi levado para o céu voltará do mesmo modo que vocês o viram subir.” (Atos 1.9-11).
Se olharmos só pra tela do celular não veremos a necessidade das pessoas à nossa volta. Não veremos as necessidades de nossa cidade. Não poderemos acompanhar a sociedade e suas alegrias, nem suas tristezas. Não veremos que a Casa do Vovô, a Apae, pais de filhos com necessidades especiais, e tantos outros precisam de ajuda… Imagine a luta para integrar um filho autista em escolas públicas que deveriam ter cuidadores especiais, mas não têm orçamento para isso… Imagina a luta de um asilo para cuidar bem dos idosos, quando falta comida, bebida, fraudas… E pessoas para ajudar… Talvez, em vez de Pokemons, pudéssemos ter órfãos e idosos aparecendo na telinha do celular… Mas...
É preciso olhar em volta. E ver quantos sofrem por fome, tristeza, desamor…
É preciso olhar pra cima e reconhecer nossa completa dependência da misericórdia de Jesus, para poder fazer alguma coisa por aqueles que estão à nossa volta.
No tempo de folga, brinque à vontade… Assista suas séries preferidas na Netflix… Cace Pokemons… Balance na rede… Veja futebol… Mas não deixe de olhar em volta e para cima. É muito mais importante e você fará muito mais diferença.

Jarbas Hoffimann é formado em Teologia e pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil, em Nova Venécia. (pastorjarbas@gmail.com; facebook.com/pastorjarbas)

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A fidelidade brotará da terra

O amor e a fidelidade se encontrarão; a justiça e a paz se abraçarão. A fidelidade das pessoas brotará da terra, e a justiça de Deus olhará ...