sábado, 31 de dezembro de 2011

Os maias, o fim e o medo

fim do mundo 2Só  falta esta agora, o mundo acabar em 2012. Mas, e a Copa em 2014? As Olimpíadas em 2016? A gente brinca, mas o assunto é sério. Esta agitação sobre o calendário dos maias lembra um episódio parecido há dez anos. Naquela época uma profecia de Nostradamus fez muita gente acreditar que o mundo terminaria no dia 11 de agosto de 1999 – no último eclipse do século e do milênio. Lembro-me que a mídia criou um grande sensacionalismo, aproveitando o mito antigo “a mil chegará, de dois mil não passará”. Já se foi uma década, e é só espiar no retrovisor da história para desvendar uma infinidade de profecias que não deram em nada.
Mas o que dizer da promessa bíblica sobre a volta de Cristo e o juízo final? É outro mito de gente fanática que escreveu a Bíblia? Na verdade,  o “novo céu e a nova terra” (Apocalipse 21.1) é uma das doutrinas básicas da fé cristã, professada no “creio em Jesus Cristo que virá para julgar os vivos e os mortos; creio na ressurreição da carne e na vida eterna”. E por mais que seja um assunto que faz muita gente torcer o nariz, hoje a própria ciência anuncia um “apagão” completo e definitivo de nosso planeta e do sistema solar. Conforme a série Poeira das Estrelas apresentada no Fantástico em 2006, o Universo tem um tempo de validade. Isto sem contar os alertas contra a destruição ambiental da Terra.
Em todo o caso, para os cristãos que aguardam a volta de Jesus, servem as palavras do próprio Cristo: “Ninguém sabe nem o dia nem a hora em que tudo isto vai acontecer” (Mateus 24.36). E se Pedro lembra que nos últimos dias vão aparecer pessoas dominadas pelas suas próprias paixões que vão zombar, dizendo: “Ele prometeu vir, não foi? Onde está ele?” (2 Pedro 3.3,4), por outro, o Salvador faz o alerta contra a aparição de muitos falsos messias e profetas anunciando o fim do mundo. De um lado, a total descrença – apoiada pela ciência puramente racional; de outro, a crença em qualquer coisa que aparece – alimentada pelo misticismo moderno.
Acho que estas profecias são semelhantes aos barulhentos sistemas de alarmes contra ladrões que a toda hora disparam por engano. Além de incomodar, ninguém mais acredita. No tempo em que as trombetas anunciavam o perigo, já se alertava: “Não acreditem em todos os que dizem que tem o Espírito de Deus. Ponham à prova essas pessoas para saber se o espírito que elas têm vem mesmo de Deus; pois muitos falsos profetas já se espalharam por toda a parte” (1 João 4.1). Mas, e se o alarme for verdadeiro? Creio que, mesmo quando a Bíblia anuncia que o “Dia do Senhor chegará como um ladrão”, o melhor jeito é estar preparado e receber um Jesus amigo – não alguém que nos faz sentir medo.
Marcos Schmidt
pastor luterano   
marsch@terra.com.br
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
19  de novembro de 2009

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Arrumação no armário

guarda_roupa Achei oportuna a dica de uma consultora de organização: “Seu armário anda abarrotado e, apesar disso, você tem sempre a impressão de que não há nada adequado à ocasião para vestir? Com a chegada do Natal e do fim de ano, é uma boa hora de dar uma reciclada em tudo. Doe todas as peças que não usou nenhuma vez em 2009. Junte as roupas que não servem mais, os acessórios que não vale a pena consertar, o que caiu de moda e, principalmente, os itens que comprou por impulso e que não combinam com você”.
O armário de roupas, na verdade, diz muita coisa sobre nós. Ele é nossa cara. Ou melhor, é o nosso coração. E se antigamente eram pequenos, com poucos cabides, e hoje são grandes e com múltiplos compartimentos, isto já diz tudo. Nos entulhamos com coisas e ficamos sem espaço para guardar o que interessa. Por isto, se existe vontade para organizar o roupeiro, desfazer-se daquilo que é supérfluo, e doar para alguém que precisa, interessante a dica de outro consultor: “Livrem-se de tudo isto: da raiva, da paixão e dos sentimentos de ódio (...) Vistam-se de misericórdia, de bondade, de humildade, de delicadeza e de paciência” (Colossenses 3.8,12).
Estupidamente, não é só de tralhas materiais que a gente se enche durante o ano. Existem coisas que sobrecarregam o coração, que deixa o interior mofento, lugar onde as traças corroem e estragam o perfume da vida. Por isto outro recado: “Não fiquem irritados uns com os outros e perdoem uns aos outros” (Colossenses 3.13). Este é o pior badulaque do armário, o ressentimento. Ele atrapalha o dia a dia, tira o espaço da alegria. E pior, não serve para nada.
Mas isto não é fácil. Aliás, impossível quando se busca dentro do próprio roupeiro o poder da decisão e a coragem para a arrumação. O milagre vem de fora. Ou como explica o texto sagrado: “Pensem nas coisas lá do alto e não nas que são aqui da terra. Porque vocês já morreram, e a vida de vocês está escondida com Cristo, que está unido com Deus. Cristo é a verdadeira vida de vocês” (Colossenses 3.2-4). “Pensar nas coisas lá do alto” é experimentar o conselho do verso 16: “Que a mensagem de Cristo, com toda a sua riqueza, viva no coração de vocês”.
A consultora tem razão, no armário tem muitos itens comprados por impulso e que não combinam com a nossa imagem. Isto porque já deixamos de lado a natureza velha com os seus costumes e nos vestimos com uma nova natureza – a nova pessoa que Deus está sempre renovando para que fique parecida com Ele (Colossenses 3.9,10).
Dois mil e dez não é outro ano. É o mesmo armário, apenas com 365 compartimentos limpos, higienizados. O que vamos tirar e colocar em cada um deles depende mesmo do que estamos vestindo. Uma feliz nova arrumação...
Marcos Schmidt
pastor luterano
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo
Novo Hamburgo-RS
31 de dezembro de 2009

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Ano Novo que já ficou velho

angra1-g-juanguatimi-20100101 O que mais virá neste ano que já ficou velho? “Não há nada de novo neste mundo”, já disse o sábio três mil anos atrás. Por isto a conclusão: “Todas as coisas levam a gente ao cansaço” (Eclesiastes 1.8). Sim, já estamos sem fôlego no começo, cansados em ver e ouvir tanta coisa ruim. E mesmo assim não querendo acreditar que “tudo é ilusão” (1.2). Ilusão do paraíso que virou inferno. Olhei as fotos da pousada Sankay em Angra dos Reis antes e depois da tragédia. A vida humana é assim. Se as avalanches não soterram sonhos e projetos em segundos, desfazem-lhes lenta e progressivamente em poucos anos. Qual a diferença quando tudo tem o mesmo destino? É só comparar as nossas fotos atuais com as amareladas, aquelas do tempo quando éramos jovens. Parece que foi ontem, resmungamos. Mas o Senhor Calendário não discute nem manda recados. Terrível mesmo quando surge a Senhora Tragédia. Inesperadamente, sem aviso prévio, no meio da noite sob o assombroso estrondo de um morro que despenca, ou de cima de uma ponte que cai, ou num acidente de carro, num afogamento... A dita cuja nem está aí com nossos votos para “que tudo se realize no ano que vai nascer”. Ela simplesmente aparece proclamando o que teimamos apagar da lembrança: “Estamos em perigo de morte o dia inteiro” (Romanos 8.36).
pousadaangra1 Mas então, como seguir adiante? Fazendo de conta que tudo é um eterno rèveillon? Isto só piora as coisas. Precisamos de base, de solidez. Ouvi de um especialista que avalanches deste tipo em Angra acontecem em grande parte porque a base do morro é comprometida. Ora, isto é em tudo. A sociedade está se desmanchando porque a família ruiu. A família está rolando morro abaixo porque o casamento se foi. As relações humanas estão deteriorando porque o respeito não existe mais. E se o assunto é fé, Jesus é pontual: “Quem ouve os meus ensinamentos e vive de acordo com eles é como um homem sábio que construiu a sua casa na rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, e o vento soprou com força contra aquela casa. Porém ela não caiu porque havia sido construída na rocha” (Mateus 7.24,25).
Precisamos de ajuda, pois estamos nas encostas dos montes e não temos para onde fugir. Mas, “olho para os montes e pergunto: De onde virá o meu socorro?” A resposta é oportuna: “O meu socorro vem do Senhor Deus, que fez o céu e a terra” (Salmo 121.1-2). Por isto “não teremos medo, ainda que a terra seja abalada e as montanhas caiam nas profundezas do oceano” (Salmo 46.2). “Pois eu tenho a certeza que nada pode nos separar do amor de Deus: nem a morte, nem a vida (...) nem o presente, nem o futuro” (Romanos 8.38). É o único jeito de encarar o ano novo que já ficou velho...
Marcos Schmidt
pastor luterano
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo
Novo Hamburgo-RS
7 de janeiro de 2010

sábado, 24 de dezembro de 2011

Agulhas de Natal

presépio O que a história do Natal e a do menino das agulhas têm em comum? O padrasto! Por isto Deus escolheu a dedo o pai emprestado de Jesus. Imaginem se José fosse um cara ciumento? Ele até pensou em desfazer o noivado, tudo de maneira sigilosa, sem difamação. Mas o anjo logo desfez o mal entendido: Ela não te traiu, “ela está grávida pelo Espírito Santo” (Mateus 1.20). Por pouco a salvação da humanidade teria sido um “fracasso de Copenhague”. E se não fosse outra vez o aviso do anjo, o bolo de Natal teria desandado logo após a visita dos reis magos, desta vez com as agulhas de Herodes. Por isto a importância de um bom padrasto, que “se levantou no meio da noite, pegou a criança e a sua mãe e fugiu para o Egito”. No final da história – final para alguns – nem José nem o Pai verdadeiro “conseguiram” livrar Jesus das agulhadas da cruz. Era o único caminho. Mas este é outro capítulo, ou o mesmo, pois a manjedoura de Belém e a cruz do Calvário são da mesma madeira. Como disse a profecia, “... será como um ramo que brota de um toco, como um broto que surge das raízes” (Isaías 11.1).
Mas, e as agulhas? De onde vem o broto delas? De um só lugar! Das raízes da natureza humana. E se a gente fica perplexo por um Herodes enraivecido, que elimina em Belém os meninos abaixo de dois anos, ou fica abismado por um padrasto ciumento que crava agulhas no corpo do enteado – então é hora de acordar para a realidade. Afinal, este é o nosso mundo bem humano (não desumano). É só conferir a história, ler os jornais, espiar pela janela... Nada mudou! Crianças e fracos pisoteados, injustiçados, dominados, trucidados... E tudo por tronos e reinos.
Mas é preciso antes olhar no espelho. Pois tronos e reinos todos desejam. Aquele emprego, aquela casa, aquele carro, aquela mulher... Conquistas que colocam sobre a minha cabeça a coroa do “tu é o cara”. Mas quantos eu preciso aniquilar? Quantas agulhas encravar? Pode parecer dramático, mas não foi Jesus quem disse “aquele que não tem pecados que dê a primeira agulhada”?
O fanático Saulo, padrasto da religião, mais tarde reconheceu: “A minha natureza humana me torna prisioneiro da lei do pecado que age no meu corpo. – Como sou infeliz! Quem me livrará deste corpo que me leva para a morte?” A reposta vem logo depois: “Nosso Senhor Jesus Cristo” (Romanos 7.25). Esta é a redenção para todos – nós que temos a alma crivada com agulhas da inveja, ciúme, egoísmo, ódio... (Gálatas 5.19). A solução é o Cirurgião dos cirurgiões que liberta de tudo isto e “produz amor, alegria, paz, paciência, delicadeza, bondade, fidelidade, humildade e domínio próprio” (Gálatas 5.22,23).
Esta é a realidade do Natal ainda hoje – bons e maus padrastos. Foi Jesus mesmo quem disse: Tudo o que você fizer a um pequenino, está fazendo para mim.
Marcos Schmidt
pastor luterano
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo
Novo Hamburgo-RS
24 de dezembro de 2009

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

o aniversário sem aniversariante


Jesus veio para o que era seu, e os seus não o receberam (João 1.11).

HAVIA uma propaganda na TV em que apareciam enfeites e árvore de Natal, um monte de papais-noel e até neve, mas o rapaz só percebeu que o Natal chegou quando viu uma loja de certa marca de perfumes. "Nada lembra mais o Natal do que o perfume tal...", dizia a propaganda.

É incrível como hoje até perfume virou símbolo do Natal. E muita gente só vê que o Natal está próximo por causa das "musiquinhas" de "blim-blom" ou "deixei meu sapatinho..." nas lojas, para atrair os clientes.

AGORA, imaginem uma festa de aniversário. Tudo está pronto: a comida, os docinhos, o bolo, a bebida, os enfeites e a música. Os convidados chegam e, na hora de cantar os parabéns e entregar os presentes, descobrem que o aniversariante não está ali! É um aniversário sem aniversariante – situação muito estranha, pois o principal motivo da festa, o ponto central, não está presente.

POIS é exatamente assim que muita gente comemora o Natal. Preparam comida, bebida, enfeites, música e presentes, mas o aniversariante não está presente na festa – no máximo é lembrado vagamente – mas geralmente é substituído por outro, que é só de mentirinha e esperado por todas a crianças...

MAS, imaginem se neste Natal misteriosamente sumissem as compras, os presentes, as comidas e bebidas, o pinheirinho, os enfeites e, junto com tudo isso o próprio papai Noel! O que seria do Natal assim? Teria alguma graça? Quem sabe poderíamos fazer um teste: neste ano esquecer estas coisas e ficar com o que realmente interessa – o aniversariante, JESUS!

SEM dúvida, se o Natal é apenas o que se vê nas vitrines, repletas de novidades para pagar em várias vezes no crediário, ou o que se come em mesas fartas (e outras, miseráveis), então é a coisa mais chata que existe, pois é um aniversário sem o aniversariante. É uma fantasia que passa, como o próprio papai Noel.

CERTA vez um repórter estava nas ruas de Tókio, Japão, na época do Natal. Lá também o comércio vende muito com a propaganda de Natal. Na calçada, o repórter perguntou a uma moça qual o significado do Natal. Rindo, a moça disse: "Eu não sei. Não é o dia em que Jesus morreu?"

ELA não estava totalmente errada em sua resposta, pois para muitos Jesus não existe no Natal, mas sim papai Noel, duendes e perfumes. Jesus é mero detalhe, e o Natal é um aniversário sem aniversariante.

E o seu Natal, como será? Graças a Deus que o Natal continua tendo seu valor verdadeiro, apesar das distorções humanas. O Natal é a sublime e única história de que nasceu o Salvador do mundo, Cristo, o Senhor!

POR isso, desejamos a você e sua família um FELIZ NATAL VERDADEIRO: NATAL COM CRISTO NO CORAÇÃO E NA FAMÍLIA!

sábado, 17 de dezembro de 2011

Bugigangas de Natal

presentes debaixo da árvore Tem uma explicação bem simples para este sentimento contraditório de frustração nesta época do ano! Somos bombardeados por votos de paz, felicidade, esperança – mas não é isto que vivemos. Natal e final de ano, apesar das festas, confraternizações, presentes, comida e bebida, carrega um sentimento de vazio, solidão, perda, fome e sede... Aliás, é zona de alto risco para o suicídio. “Eu quero paz”, suplica Leila Lopes, expondo um desejo de todos. “Estou cansada, cansada da cabeça! Não aguento mais pensar, pagar contas, resolver problemas”, reclama a estrela decadente. E pior que a gente se enche cada vez mais de compras e contas, na esperança de ser feliz com as últimas novidades. Mas logo depois descobre que tudo é velho. Por isto, não adianta salvar o clima do planeta se a gente entulha o mundo e o coração com lixo, e fica vazio daquilo que nunca estraga.
Mas Natal só tem sentido onde o clima está pesado. Afinal, o Deus que nasce humano vem resgatar os flagelados. É o socorro bem aventurado, a felicidade para os pobres de espírito – os que choram, os humildes, os que têm fome e sede (Mateus 5.3-6). É a resposta para os que emitem sinal SOS:
“Ó Senhor, ouve a minha oração e escuta o meu grito pedindo socorro” (Salmo 102.1).
Mas escreveu o teólogo: “O Senhor Jesus veio a uma humanidade acostumada com uma profunda miséria e desgraça, e feliz numa situação em que ninguém pode ser feliz – a menos que não esteja certo da cabeça”.
Este é o problema. Não é o aquecimento da Terra pela fumaça que vai para cima. É o esfriamento do coração que impede o amor para baixo.
“Aquele que é a Palavra veio para o seu próprio país, mas o seu povo não o recebeu” (João 1.11).
tristeza - depressao Como se vê, o primeiro Natal não foi diferente. Não tinha bugiganga debaixo do pinheirinho, mas já havia arrogância mesmo na desgraça. Por isto a tosca estrebaria, pois não havia lugar nos lares. Por isto os campos de Belém, pois as cidades estavam apinhadas de gente atarefada. Por isto os pastores de ovelhas, pois os sacerdotes eram lobos. Por isto os reis magos bem de longe, pois as pessoas de perto viviam distantes. Natal continua isto, é presente usado, é presente descartado.
“É um menino que foi escolhido por Deus tanto para a destruição como para a salvação de muita gente” (Lucas 2.34).
Mas se Natal ainda existe, é porque a estrela não apagou. É porque ainda se canta “Oh! Jesus, Deus da luz, quão afável é teu coração que quiseste nascer nosso irmão para todos salvar”. É a promessa de que
“Deus mandou o seu Filho para salvar o mundo e não para julgá-lo” (João 3.17).
E se é um tempo de gente deprimida, então é a chance. Pois
“no meio delas vocês devem brilhar como as estrelas nos céus, entregando a elas a mensagem da vida” (Filipenses 2.15,16).
Marcos Schmidt
pastor luterano
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo-RS
17 de dezembro de 2009

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Cara do pai


Também existe o trauma de pai. O trauma de mãe é assunto complicado, resultado do cordão umbilical rompido, coisas de mulher. Mas o problema do pai é bem fácil de explicar: é a dor pelo fim do monopólio das atenções agora dirigidas ao rebento. Penso que o filho, sobretudo o primogênito, é um soldado que surge do cavalo de Tróia, presente de grego. Grande tragédia se não fosse outro sentimento inexplicável que surge em cena: o amor paternal – força instintiva que defende o filho com unhas e dentes. Porque no fim das contas este pequeno "inimigo" é ele mesmo, ou como lhe disseram: "É a tua cara". E assim, enquanto a mulher é carne e ossos do marido (Gênesis 2.24), o filho é carne e ossos moldados na forma do pai. (Alguns não se curam deste trauma e se voltam contra os filhos, histórias que a gente conhece).
Mas este é só o primeiro trauma. Aquele pai, herói, grande, forte, não demora, fica pequeno, fraco, exposto à realidade. E se hoje os filhos estão maiores que os pais, não é somente no aspecto físico, mas pelo tamanho dos inimigos deles. É a voraz crueldade da sobrevivência, do mundo selvagem repleto de predadores. Desemprego, violência, drogas, trânsito – tubarões que tentam engolir os filhos, frágeis presas neste mar de pais procurando Nemo.

E se a luta fosse meramente física, se os filhos fossem apenas moldes de carne e osso, então bastaria o empenho por um bom colégio, plano de saúde, boa companhia, Tamiflu, coisas deste gênero. Mas eles carregam outro molde, uma cara espiritual dos genitores. Uma herança maldita. No princípio era a cara de Deus (Gênesis 1.27). Mas depois veio a imagem dos homens (Gênesis 5.3), isto é, o pecado. Por isto a constatação: "Não estamos lutando contra seres humanos, mas contra as forças espirituais do mal" (Efésios 6.12).

Um trauma incurável e eterno caso não existisse o Pai nosso que está nos céus. "Vocês são filhos queridos de Deus e por isso devem ser como ele. Que a vida de vocês seja dominada pelo amor" (Efésios 5.1,2). Amor que domina? Sim, mas um domínio para o bem. Amor que é fruto da união com aquele que deu a vida (Efésios 2.5). Poder para ser novamente parecido com o Criador. E assim seguir a recomendação: "Pais, não tratem os seus filhos de um jeito que faça com que eles fiquem irritados. Pelo contrário, vocês devem criá-los com a disciplina e os ensinamentos cristãos" (Efésios 6.4).

Sábado passado assisti pela televisão uma chocante cena vinda de São Paulo: um pai com uma arma apontada para a própria cabeça, e o filho de onze anos suplicando que desistisse da ideia. A cena durou 15 horas e com final feliz. Mas este filho carregará para sempre o pesadelo deste dia. Histórias deste tipo estão por toda a parte. Pais atormentados, desequilibrados, traumatizados... Saída existe, não com uma arma na cabeça ou outro escape egoísta e trágico. O caminho é parecido com aquilo que ajudou Felipe Massa: "Recebam a salvação como capacete" (Efésios 6.17). Pai com tal proteção está curado e pronto para dirigir a família.

Marcos Scmidt
Pastor luterano
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo-RS
5 de agosto de 2009.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Jesus e o apedrejamento

apedrejamento (2)-  O que o senhor diz sobre isto? A pergunta dos fariseus era para “pegar” Jesus, quando arrastaram até a presença dele uma mulher flagrada em adultério. Conforme a lei, ela deveria ser apedrejada até a morte. “Mas ele se abaixou e começou a escrever no chão com o dedo” (João 8.6). Eles insistiram na pergunta. Jesus se levantou e disse a eles: - Quem de vocês estiver sem pecado, que seja o primeiro a atirar uma pedra nesta mulher! Depois, abaixou-se outra vez e continuou a escrever no chão. É o único relato nos Evangelhos de que Jesus escreveu algo. Aliás, de toda a Bíblia, a única parte que Deus redigiu de próprio punho são os Dez Mandamentos, entregues a Moisés. O restante foi ditado por Deus e escrito pelas mãos dos profetas e evangelistas – a doutrina da inspiração divina. Intrigante este fato de Deus não permitir que a santa lei fosse originalmente escrita por um ser mortal. E as palavras de Jesus no chão? Quais foram? O evangelista não diz. Penso que Jesus, o Deus encarnado, escreveu algo que o homem também não poderia redigir por si mesmo. Creio que ele desenhou um coração e no meio uma cruz. Sobre isto, alguém disse: “Jesus escreveu os seus pensamentos divinos no pó, mas os homens desejam que os seus pensamentos fiquem gravados no mármore”.
Diz o Evangelho que “quando ouviram isto, todos foram embora, um por um, começando pelos mais velhos”. Os comentaristas explicam: “Os mais idosos, naturalmente, lembraram-se do maior número de pecados”. No final, só sobrou o Santo e a pecadora. Então Jesus se levantou e disse: - Mulher, onde estão eles? Não ficou ninguém para condenar você? – Ninguém, senhor, respondeu ela. Jesus disse: - Pois eu também não condeno você. Vá e não peque mais.
apedrejamento O atual apedrejamento de adúlteros em alguns países islâmicos recomenda até mesmo o tamanho das pedras: “Não devem ser tão grandes para não provocar morte imediata, mas também não devem ser tão pequenas”. Qual o tamanho das pedras do nosso juízo religioso e moralista? Que tenha a medida certa, perfeita, santa. Ou então, que elas permaneçam junto ao pó de nossa própria miséria. Só assim ouviremos a resposta do “o que o Senhor diz sobre isto?”: Eu vim para salvar o mundo, não para julgá-lo (João 3.17).
Marcos Schmidt
pastor luterano
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo-RS
19 de agosto de 2010

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Mel, limão e atenção


O que é verdade e o que é mentira sobre esta gripe? Corre pela internet o texto "Pandemia do lucro" alertando que há um grande alarde com interesses comerciais para vender o Tamiflu. Fiz uma pesquisa sobre os lucros da referida empresa com este remédio, e as informações são intrigantes. Nos anos da gripe aviária, 2006 e 2007, foram aproximadamente 4 bilhões de dólares (esta gripe matou 250 pessoas em dez anos). Em 2008, as vendas caíram para 600 milhões de dólares. Mas agora, com a nova gripe, as vendas do Tamiflu aumentaram em 203%, ou seja, houve um lucro de 1 bilhão de dólares (uma caixa com dez comprimidos custa 170 reais aqui no Brasil). Enquanto isto, a Organização Mundial da Saúde confirmou nesta semana que a gripe suína continua semelhante a qualquer outro tipo de gripe. Até o momento há em torno de 135 mil casos desta gripe no mundo, e as mortes não passam de mil pessoas.
Por enquanto é mais fácil morrer atropelado do que por este vírus H1N1. Evidentemente que o vírus requer dobrada atenção, igual ao atravessar uma rua movimentada. Mas transformou-se em paranoia. E pelo jeito um medo interessante e lucrativo. O que não é novidade na medicina, e nem na própria religião – "meio de enriquecer" (1 Timóteo 6.5). E com uma fórmula parecida: semeando pânico. Quantas pessoas entregam seus bens materiais, se sacrificam, cumprem ritos, tudo por conta do pavor provocado pela propaganda de um Deus que castiga, de um Diabo que entra no corpo. Sim, quanta gente supersticiosa infectada pelo vírus da fobia. E olha que o mês do cachorro louco vem aí...

Há informações que a vacina contra o vírus que causa a gripe suína já pode ser fabricada no Brasil pelo Instituto Butantan, mas a permissão está sendo negociada com os fabricantes. Qual o valor desta liberação – os royalties? Mas se é uma pandemia mundial porque não fazer de graça? Ora, de graça nem injeção na testa. Mas se viesse gratuitamente, com certeza algum cambista entraria no meio. É o que fazem com o remédio do Evangelho, que vem dos céus sem nenhum custo, pois "é um presente dado por Deus" (Efésios 2.8). Foi o que o apóstolo revelou para uma escrava que era obrigada a enganar as pessoas adivinhando o futuro. Mas "quando os donos da moça viram que não iam mais ganhar dinheiro com as adivinhações dela, agarraram Paulo e Silas..." (Atos 16.19). Que Deus nos proteja!

O médico Moacyr Scliar escreve sobre a gripe que é "melhor falar do que calar". E lembra a meningite de 1974 que o governo brasileiro proibiu de divulgar e o resultado foi catastrófico. Na verdade, em tudo é preciso informação, e de boa qualidade. Afinal, quando Jesus falou sobre as "epidemias" como sinal dos tempos, antes alertou: "Tomem cuidado para que ninguém engane vocês". E disse ainda: "Não tenham medo"(Lucas 21. 8-11). Penso que esta gripe é uma boa oportunidade para tomar um chazinho com mel e limão, e ficar atento com o surto das informações.

Marcos Scmidt
Pastor luterano
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo-RS
30 de julho de 2009.

domingo, 20 de novembro de 2011

Instinto Cristão

Estamos nos aproximando do final do ano eclesiástico, o ano da igreja. Nesse período meditamos e nos preparamos para comemorar o Natal, a primeira vinda de Jesus ao mundo e, ao mesmo tempo, nos preparamos para sua segunda vinda no dia do Juízo Final.
O evangelista Mateus registra em seu livro, no capítulo 25, versículos 31 até 46, palavras do Senhor Jesus a respeito do “Grande Julgamento” que acontecerá no último dia. Quando lemos e meditamos sobre este texto, dificilmente conseguimos criar outra imagem em nossa mente a não ser a de um tribunal, um juiz muito justo separando os salvos dos condenados. Pois é exatamente isso que Jesus relata nesse texto.
Porém, quero convidar o caro leitor a observar com muita atenção um detalhe interessante no texto: a reação dos sentenciados:
“Senhor, quando foi que vimos o senhor com fome, ou com sede, ou como estrangeiro, ou sem roupa, ou doente, ou na cadeia...?”
Os sentenciados, tanto salvos como condenados, têm a mesma reação, uma reação de admiração diante do critério usado para tal julgamento: as boas obras!!! Talvez nós também nos assustemos com este critério. Afinal, não repetimos a cada momento que nossa salvação é pela fé e não pelas boas obras?! Não temos estampado por todos os lados o lema da Reforma
“O justo viverá por fé”?! (Romanos 1.17)
Antes de continuar a leitura, peço que medite um pouco a respeito da seguinte afirmação: “Deus salva pela fé, mas julga pelas obras!”
Instinto [do latim instinctu] – 1. Tendência natural; aptidão inata. 2. Força de origem biológica, própria do homem e dos animais superiores, que atua de modo inconsciente, espontâneo, automático, independente de aprendizado. 3. Espécie de inteligência rudimentar que dirige os seres vivos em suas ações, à revelia de sua vontade e no interesse de sua conservação.
Querido amigo, as boas obras, para o cristão, são instintivas, naturais, próprias dele, algo que acontece de forma tão natural que, ao ser julgado por elas, ele se espanta – “mas como assim? Tudo isso sempre foi algo tão natural em minha vida, repartir o amor que recebi de Deus com o próximo, como isso pode me tornar merecedor da vida eterna?”
É claro que a nossa salvação é única e exclusivamente pela fé, pois é somente por meio desta fé verdadeira que o Espírito Santo nos move a praticar boas obras.
Por outro lado, os condenados também se espantam, pois são pessoas que vivem suas vidas preocupados com a vida eterna, mas sem confiar inteiramente em Cristo e sua obra redentora. Acham que o que Cristo conquistou por nós na cruz não é o suficiente para nos garantir a vida eterna. Desta forma, acabam por querer “fazer por merecer”. Levam uma vida inteira tentando realizar “grandes obras” aos olhos humanos, que lhes dêem reconhecimento e status social. Essas “pequenas obras” do amor cristão não servem para eles. Por isso serão lançados no inferno com o Diabo e seus anjos.
O cristão verdadeiro não se orgulha de suas obras. Diariamente se alimenta da Palavra de Deus, nutrindo sua alma para a prática das obras próprias dos seus filhos; humildemente permite que Deus guie sua vida e suas ações e, firme na fé em Jesus Cristo, segue seu caminho rumo à vida eterna.
Que o nosso testemunho de vida possa levar muitos a conhecerem o verdadeiro amor de Deus revelado em Jesus Cristo, e que dessa forma, muitos possam ouvir, no último dia o maravilhoso convite:
”Venham, vocês que são abençoados pelo meu Pai! Venham e recebam o Reino que o meu Pai preparou para vocês desde a criação do mundo.” (Mt 25.34).
Amém.

Pastor Marcio Loose
Pastor Evangélico Luterano
Volta Redonda - RJ

sábado, 19 de novembro de 2011

Céu ou inferno?

Mt 25.31-46

Último Domingo do Ano Eclesiástico

Que a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a presença do Espírito Santo estejam com todos vocês! (2Co 13.13).

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Último Domingo do Ano da Igreja. É também fim de ano. Nesta época começamos a refletir sobre coisas passadas em nossa vida. É hora de olhar para trás e também para frente...

Vocês já perceberam como os dias passaram rápido?

Já faz quase um ano que voltamos para Nova Venécia. Daqui 3 semanas faz 10 anos da minha formatura no seminário. E nesse período o Senhor nos conduziu por muitos lugares. Assim ele conduz a vida de cada um, mesmo daqueles que não creem nele.

E a vida de vocês? Quanta coisa mudou?

Situações de fim e novo começo nos lembram que também este mundo terá seu fim e, para os de Cristo, começará a vida eterna em sua plenitude. Novo céu e nova terra...

Diz Jesus: “Todos os povos da terra se reunirão diante dele, e ele separará as pessoas umas das outras, assim como o pastor separa as ovelhas das cabras.” (Mt 25.32) Todos serão levados à presença do juiz na hora do julgamento como fala Ap 20.12: “Vi também os mortos, tanto os importantes como os humildes, que estavam de pé diante do trono... o mar entregou os mortos que estavam nele. A morte e o mundo dos mortos também entregaram os que eles tinham em seu poder. E todos foram julgados de acordo com o que cada um tinha feito.”

Todos comparecerão à presença de Deus para serem julgados. O Destino final só tem dois nomes: Céu ou Inferno. E você para onde irá?

Pro inferno? Ou pro céu?

Os que vão para o inferno são aqueles que dizem ter fé, mas que realmente não têm. São aqueles que vão ouvir: “...eu estava com fome, e vocês não me deram comida; estava com sede, e não me deram água. Era estrangeiro, e não me receberam na sua casa; estava sem roupa, e não me vestiram. Estava doente e na cadeia, e vocês não cuidaram de mim.” (Mt 25.42-43). E nessa hora não adiante se justificar:

— Eu não testemunhei porque não sabia falar...

— Eu não ofertei porque não podia...

— Eu não ajudei o próximo porque eles também podiam trabalhar para ganhar...

Nenhuma desculpa vai adiantar, porque o Senhor conhece a nossa realidade. Ele conhece o que se passa em nosso coração.

Aqueles que vão para o inferno são os que tiveram boa intenção, boas ideias, mas nunca fizeram nada. Como diz Tg 2.15-17: “Por exemplo, pode haver irmãos ou irmãs que precisam de roupa e que não têm nada para comer. Se vocês não lhes dão o que eles precisam para viver, não adianta nada dizer: “Que Deus os abençoe! Vistam agasalhos e comam bem.” Portanto a fé é assim: se não vier acompanhada de ações, é coisa morta.” E como diz um ditado muito conhecido: De boas intenções o inferno está cheio.

Deus Filho morreu por nós para nos dar o céu, mas para onde nós iremos? Para o inferno? Para ir ao inferno é muito fácil, mas sair de lá é impossível.

Para ir ao inferno é só fazer o que Ap 21.8 diz: “os covardes, os traidores, os que cometem pecados nojentos, os assassinos, os imorais, os que praticam a feitiçaria, os que adoram ídolos e todos os mentirosos, o lugar dessas pessoas é o lago onde queima o fogo e o enxofre, que é a segunda morte.” Façam isso e vocês irão para o inferno e nunca mais sairão de lá.

Ninguém, em sã consciência quer ser condenado eternamente...

Existe um meio de evitar o inferno: é viver de acordo com a fé em Jesus.

Queridos irmãos! Jesus Cristo morreu por nós. Ele nos deu a sua vida para que nós tenhamos vida eterna. Ele curou pessoas, fez milagres e ressuscitou pessoas, provando que é o Filho de Deus. Será que isso não vale nada? Será que nós vamos continuar fazendo o contrário da Palavra de Deus e vivendo de acordo com o que o mundo quer?

Deus quer nos dar o céu. Mas para onde iremos? Para o inferno ou para o céu?

Deus não nos quer no inferno, ele nos quer no céu. Mas simplesmente dizer que tem fé não é realmente tê-la. Jesus dá o exemplo prático de quem vai entrar no céu. No versículo 34 do nosso texto Jesus diz “Venham...”. Jesus vai chamar para perto dele aqueles que tiveram fé e que viveram de acordo com sua fé.

Assim, recebendo o prêmio da vida eterna, os santos não vão se gabar por aquilo que fizeram. Mas Jesus dirá: “...eu estava com fome, e vocês me deram comida; estava com sede, e me deram água. Era estrangeiro, e me receberam na sua casa. Estava sem roupa, e me vestiram; estava doente, e cuidaram de mim. Estava na cadeira, e foram me visitar”. (Mt 25.35-36)

Ninguém merece ser salvo. A salvação é por graça de Deus, pela fé e por meio de Jesus Cristo. Nós não podemos fazer nada para nos salvar, mas Deus oferece a fé por meio da sua Palavra, do Batismo e da Santa Ceia. Deus perdoa os pecados a todos que se arrependem. E o Espírito Santo nos ajuda a produzir os frutos que Deus espera. Estes frutos se resumem em amor ao próximo e amor a Deus.

A fé sem obras é coisa morta. Não vale nada. Mas a fé que trabalha é a fé verdadeira. Quem é cristão servirá a Deus e ao seu próximo. Nós seremos julgados por Deus. E no dia do julgamento Deus dirá se nossa fé era uma fé viva ou morta. Pois apenas aqueles que têm uma fé viva têm o seu nome inscrito no Livro da Vida.

João nos revela o que acontecerá no dia do Juízo: “...foi aberto ... o Livro da Vida. Os mortos foram julgados de acordo com o que cada um havia feito, conforme estava escrito nos livros. Aí o mar entregou os mortos que estavam nele. A morte e o mundo dos mortos também entregaram os que eles tinham em seu poder. E todos foram julgados de acordo com o que cada um tinha feito. ... Quem não tinha o seu nome escrito no Livro da Vida foi jogado no lago de fogo.” (Ap 11.12-15)

Você para onde irá?

Por inferno ou pro céu?

Quero contar pra vocês a história de Ruth, mas podia ser a história de cada um de nós. Ouçam.

Ruth olhou em sua caixa de correio, mas só havia uma carta. Pegou-a e olhou-a antes de abri-la. Mas logo parou para observar com mais atenção. Não havia selo, nem marcas do correio, somente seu nome e endereço. Ela decidiu ler a carta:

“Querida Ruth. Estarei próximo de sua casa, no sábado à tarde, e passarei para visitá-la. Com amor, Jesus.”

Ela tremia muito quando colocou a carta sobre a mesa e se perguntou “Porque o Senhor vai querer me visitar? Não sou ninguém especial, não tenho nada para oferecer a ele...” — pensou.

Preocupada, Ruth lembrou que não tinha nada em sua cozinha. “Ai, não! Não tenho nada para oferecer a Jesus. Terei que ir ao mercado e comprar alguma coisa para o jantar.”

Ruth abriu a carteira e colocou o conteúdo sobre a mesa: R$ 6,00. “Bem, vou comprar pão e alguma outra coisa, pelo menos.” Ruth colocou um abrigo e se apressou em sair...

Um pão francês, um pouco de mortadela e uma caixa de leite... E Ruth ficou somente com R$ 0,20 que deveriam durar até a segunda-feira. Mesmo assim, sentiu-se bem e saiu a caminho de casa, com sua humilde compra debaixo de um dos braços.

— Olá, senhora, pode nos ajudar?

Ruth estava tão distraída pensando no jantar, que não viu as duas pessoas que estavam de pé no corredor. Um homem e uma mulher, os dois vestidos com pouco mais que farrapos.

— Olhe, senhora, não tenho emprego. Minha mulher e eu temos vivido na rua. Está fazendo frio e estamos sentindo fome. Se a senhora pudesse nos ajudar, ficaríamos muito agradecidos...

Ruth olhou para eles com mais cuidado. Estavam sujos e tinham mau cheiro e, francamente, ela estava segura de que eles poderiam conseguir algum emprego se realmente quisessem.

— Senhor, eu queria ajudar, mas eu mesma sou uma mulher pobre. Tudo que tenho são umas fatias de pão, mas receberei um hóspede importante para esta noite e planejava servir isso a Ele.

— Sim, senhora, eu entendo... De qualquer maneira, obrigado — respondeu o homem.

O pobre homem colocou o braço em volta dos ombros da mulher, e os dois se dirigiram para a saída. Ao vê-los saindo, Ruth sentiu um forte pulsar em seu coração.

— Senhor, espere!

O casal parou e voltou à medida que Ruth corria para eles e os alcançava na rua.

— Olhem, querem aceitar este lanche? Conseguirei algo para servir ao meu convidado — dizia Ruth, enquanto estendia a mão, com o pacote do lanche.

— Obrigado, senhora, muito obrigado.

— Obrigada, disse a mulher. Foi aí que Ruth pôde perceber que a mulher tremia de frio.

— Sabe, tenho outro casaco em minha casa, tome este — ofereceu Ruth.

Ela desabotoou o próprio casaco e o colocou sobre os ombros da mulher. Sorrindo, voltou a caminho de casa... Sem casaco e sem nada para servir a seu convidado.

— Obrigado, senhora, muito obrigado — despediu-se, agradecido, o casal.

Ruth estava tremendo de frio quando chegou à porta de casa. Agora não tinha nada para oferecer ao Senhor. Procurou a chave rapidamente na bolsa, enquanto notava outra carta na caixa de correio.

“Que estranho, o carteiro nunca vem duas vezes em um dia” — pensou.

Ela então apanhou a carta e abriu-a:

“Querida Ruth. Foi bom vê-la novamente. Obrigado pelo delicioso lanche e pelo esplêndido casaco. Com amor, Jesus.”

O ar estava frio, porém, ainda sem se agasalhar, Ruth nem percebeu. Porque seu coração estava aquecido com a presença do Senhor...

É mais ou menos uma situação destas que Jesus descreve no texto do Evangelho de Mateus. Cada pessoa que ajudamos é como se ajudássemos o próprio Jesus Cristo.

Por isso, vamos olhar com mais amor os nossos irmãos na fé. Vamos olhar para as necessidades dos nossos irmãos. Deus quer tornar nossa fé cada vez mais forte e viva.

O Deus vivo e verdadeiro quer nos levar a todos para sua mansão celestial onde Jesus nos dirá: Venham, vocês que são abençoados pelo meu Pai! Venham e recebam o Reino que meu Pai preparou para vocês desde a criação do mundo.” (Mt 25.34). E assim, caminhando alegres vamos para o céu.

Amém.

E a paz de Deus, que ninguém consegue entender, guardará o coração e a mente de vocês, pois vocês estão unidos com Cristo Jesus. Amém. (Fp 4.7)

Pastor Jarbas Hoffimann – Nova Venécia-ES

Congregação Castelo Forte30

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Geração Z

Nesse fim de semana a Comunidade da Cruz está convocando os jovens e adultos para conversar sobre os jovens e o desafio de contar com a força dessa gente muito esperta e conhecedora de tudo o que acontece no mundo.
Particularmente me vejo desafiado a entender esse povo que parece ter nascido com o DNA do teclado do computador nos dedos. Imaginava-me bem conectado (veja só a expressão que achei) com o pensamento dos jovens e achava fácil trabalhar com eles. Mas estou mudando de ideia e não é só porque a diferença de idade se acentuou. Reconheço, estou com dificuldade para entender a cabeça da nova geração.
Não faz muito ouvi falar da geração X, aquela turma do bermudão e da camisa de flanela. Aí identificaram a geração Y, os consumistas das novidades eletrônicas. Agora chegaram ao Z e acabou o alfabeto.
A Geração Z é essa turma que gosta de zapear (daí o Z). Essa juventude muda de um canal para outro na televisão, vai da internet para o telefone, do telefone para o vídeo e retorna novamente à internet e também troca de uma visão de mundo para outra com a mesma rapidez. Sua maneira de pensar foi influenciada desde o berço pelo mundo complexo e veloz da tecnologia e seu conceito de mundo não tem fronteiras geográficas.
Zero Hora (Jornal do Rio Grande do Sul) de 10 de agosto deu algumas dicas para estabelecer o diálogo com essa geração. Eis algumas: 1) jamais subestime os adolescentes; 2) Evite imitar suas gírias para não parecer ridículo; 3) Abuse de recursos audiovisuais; 4) Abra janelas para a conversa; 5) Lembre-se que eles aprendem tudo ao mesmo tempo; 6) Seja um mediador; 7) Use a internet a seu favor.
O velho apóstolo João não falava em X, Y ou Z. Mas falava em Alfa e Ômega (primeira e última letras do Alfabeto grego) – Jesus, o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14.6). Ele é Salvador também da Geração Z. Por isso registrou: “Escrevo a vocês, jovens, porque são fortes. A mensagem de Deus vive em vocês e vocês já venceram o Maligno” (1Jo 2.14).
Que o nosso encontro possa render uma boa parceria. “Afinal, para que vivemos nós velhos senão para cuidar da juventude, ensinar e educá-la?” (Lutero).
Edgar Lemke
Comunidade Evangélica Luterana da Cruz

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Uma placa na lua


Eu tinha nove anos, mas as imagens em preto e branco da televisão Admiral à válvula ainda estão fresquinhas na memória. Também não esqueço os meneios de cabeça da minha avó afirmando que aquilo era pura encenação para enganar os bobos. Acho que foi ela que espalhou a ideia da "farsa" do homem na Lua naquele 20 de julho de 1969 e até hoje tem discípulos. Em todo o caso, o que poucos sabem é que este satélite natural da Terra, distante 385 mil quilômetros, transformou-se no mais elevado púlpito. Após pousar no solo lunar com seu colega Neil Amstrong, Edwin Aldrin deixou uma pequena placa com o Salmo 8. Proibidos pela Nasa de qualquer manifestação religiosa, Aldrin expressou secretamente a fé cristã nestas palavras bíblicas: "Ó Senhor, nosso Deus, a tua grandeza é vista no mundo inteiro (...) Quando olho para o céu, que tu criaste, para a Lua e para as estrelas, que puseste nos seus lugares – o que é um simples ser humano para que penses nele? (...) No entanto, fizeste o ser humano inferior somente a ti mesmo (...) Tu lhe deste poder sobre tudo o que criaste; tu puseste todas as coisas debaixo do domínio dele".
Já são 40 anos e desde lá muita coisa orbitou a Terra. A primeira televisão lá de casa nem sei que fim levou, a minha avó agora pisa as "estrelas do céu", e a Lua continua refletindo a luz do astro rei. E mesmo se for invenção a tal placa do Aldrin, a grandeza de Deus permanece visível para todos os que contemplam a noite iluminada. Podem até proibir, mas nunca conseguirão esconder nem a Lua nem a glória do seu Criador. Igual a fé que têm alguns jogadores da seleção brasileira. No último jogo contra os Estados Unidos, a Fifa ficou buzina da vida. E agora estão todos avisados: se mostrarem Jesus nas camisetas, os atletas de Cristo serão punidos. Os homens da mídia têm "razão", afinal quem banca as imagens são os patrocinadores e não Jesus. Será?

Outras cinco expedições seguiram depois a trilha do Apollo 11, e até hoje 12 pessoas caminharam no solo do satélite terrestre. Mas tem gente que continua duvidando desta história – o que não muda em nada a missão dos astronautas nem a vida dos céticos. Diferente da missão divina. Porque se a Lua foi "um pequeno passo para o homem, mas um grande passo para a humanidade", a Terra foi um significante passo para Deus, mas um infinito passo para a humanidade. Refiro-me às pegadas de Jesus neste planeta. Muitos não acreditam que o Filho de Deus pisou este solo, que aqui deixou uma cruz vazia – que segundo Cristo interfere no destino eterno de alguém: "Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado" (Marcos 16.16).

Amstrong e Aldrin deixaram oficialmente uma placa na Lua, presa a uma das pernas do módulo lunar. Ela diz: "Aqui, homens do Planeta Terra pisaram a Lua pela primeira vez. Viemos em paz em nome da humanidade". Mera semelhança é pura coincidência, mas Jesus deixou a sua própria vida presa nas pernas da igreja com uma mensagem: "Deixo com vocês a paz" (João 14. 27).

Marcos Scmidt
Pastor luterano
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo-RS
16 de julho de 2009.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

08.08.08

Uma data cheia de significados para alguns, apenas um conjunto de números para outros. E também rara. A combinação só será possível novamente daqui a 100 anos.
Também hoje começam as Olimpíadas de Pequim, ou Beijing, na China. Para os chineses, 8 é um número de sorte. Por este motivo, a cerimônia começa 08:08 da noite, horário local.
Deixando de lado superstição e numerologia, juntando a data com o evento, sugiro 08 esportes para praticarmos durante este mês 08. Ou até por muito mais tempo.

Abaixamento de peso – nas Olimpíadas temos o halterofilismo, levantamento de peso. Mas eu sugiro abaixarmos, largamos os fardos que nos cansam. Sobre Jesus, que ofereceu descanso e alívio.

Ginástica artística – Exercitarmos nossa fé em quatro aparelhos que sempre são belos de se ver: amor, respeito, verdade, consideração.

100 metros rasos de raiva – Nos momentos em que explodirmos de raiva, ira ou angústia, que dure bem pouco. Uma explosão, uma distância curta e já deixamos pra trás. Dá pra ir parando, relaxar, recomeçar.

400 metros medley – Variar nosso repertório de demonstrações de bons princípios na direção do próximo.

Marcha de fé atlética – Não importa o quanto e por onde andemos, que jamais tiremos os dois pés do chão da graça e do amor de Deus.

Tiro ao alvo – procurar todos os dias acertar com a maior precisão possível as melhores e mais construtivas atitudes.

Nado sincronizado – tentar viver em harmonia com as pessoas que nos cercam. Afinal, estamos todos na mesma piscina.

Maratona – Seguirmos firmes em nossa fé, até o fim, as vezes mais devagar, às vezes correndo mais. Mas sem desistir. Pois o prêmio final já nos está reservado.

No lugar mais alto do pódio, tem lugar para todo mundo que chegar. O número de medalhas não é racionado.
Pois na corrida da fé, até os últimos são primeiros.

Toque de Vida (clique e conheça)

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Golpe na liberdade


Interessante o que acontece em Honduras. No caminho inverso da comunidade internacional, internamente boa parte do povo e as próprias instituições democráticas apóiam o golpe militar. O mundo está preocupado com o vírus verde-oliva dos tempos da ditadura militar, mas a insatisfação dos hondurenhos com a corrupção, criminalidade, desemprego, pobreza, é o voto a favor da ação golpista e ditatorial. O povo prefere pão no lugar da democracia. Algo semelhante na Alemanha Oriental. Vinte anos depois da queda do muro de Berlim, uma pesquisa diz que 57% dos alemães orientais defendem o antigo regime comunista. "A vida lá era mais feliz e melhor do que hoje", argumentam.
Não estamos muito longe disto aqui no Brasil. A corrupção política que não sai das manchetes faz a gente pensar que o melhor jeito seria um golpe de estado. Se fosse feita uma consulta popular, creio que muita gente votaria pelo fechamento do Senado e das Câmaras Legislativas. "Tempo bom era na ditadura militar" é a frase que se ouve. E não tem como pensar outra coisa. É a justa indignação com toda esta roubalheira. Mas é aí que mora o perigo, de querer matar o boi para acabar com os carrapatos.

Honduras, Alemanha Oriental, e esta idéia aqui de que "tempo bom era aquele", lembra um episódio com o povo de Israel nos primeiros tempos do Antigo Testamento. Esta gente foi escrava do Egito por quatro séculos, e agora livre, mas nas agruras do deserto para a terra prometida, prefere a época da ditadura. "Pois é melhor ser escravo dos egípcios do que morrer aqui no deserto" (Êxodo 14.12), reclama para Moisés. Ao comparar este fato bíblico à situação política em nosso país, penso que estamos diante do "Mar Vermelho" e do tórrido "deserto". A vara da democracia é o "cajado de Moisés" que abre o caminho da liberdade, e é nela que precisamos acreditar e nos mobilizar.

O apóstolo Paulo recorre ao tema "escravidão e liberdade" para falar de outro assunto, a ditadura espiritual. Ele condena o golpismo das regras religiosas na igreja da Galáxia e lembra: "Cristo nos libertou para que nós sejamos realmente livres. Por isso, continuem firmes como pessoas livres e não se tornem escravos novamente" (Gálatas 5.1). Este é outro risco nestes tempos de crise moral. É mais fácil viver dependente de regras ditatoriais e moralistas da religião, no lugar de seguir pelo caminho responsável da liberdade cristã. E se a corrupção política é um desvio, nesta questão espiritual o apóstolo tem um recado: "Não deixem que essa liberdade se torne uma desculpa para permitir que a natureza humana domine vocês. Pelo contrário, que o amor faça com que vocês sirvam uns aos outros" (Gálatas 5.13). No entanto, Paulo é taxativo: "Não existe outro evangelho" (1.7).

"Outros evangelhos" em momentos de crise sempre foram uma saída mais cômoda. Mas depois vem a conta. Isto é um mau negócio na política e na religião.

Marcos Scmidt
Pastor luterano
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo-RS
9 de julho de 2009.

domingo, 6 de novembro de 2011

Deus não olha o seu passado

1Tm 1.5-17
16º Domingo após Pentecostes

Que a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a presença do Espírito Santo estejam com todos vocês! (2Co 13.13).

Sl 119.169-176; Ez 34.11-24; 1Tm 1.5-17; Lc 5.1-10

A Paz do Senhor esteja com todos vocês. Amém.
Querido irmão em Cristo...
O que é que vocês estavam fazendo ontem às 11 horas e 3 minutos da manhã? O que foi que vocês comeram anteontem? Quais as pessoas que vocês viram na última terça-feira? Como foi sua vida no passado?
Pode ser que vocês não se lembrem de muitas coisas. Mas também certamente há outras que vocês não conseguem esquecer. Talvez uma grande alegria... Talvez uma grande tristeza... Talvez um pecado que os atormenta ou uma briga que ficou mal resolvida. E ficou na linha do tempo de nossa vida.
Cada um de nós sabe que para Deus o tempo não existe. Ele é eterno. E sobre Deus, o apóstolo Pedro diz: “Meus queridos amigos, não esqueçam isto: para o Senhor um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia.” (2Pe 3.8)
olhar para trás Para Deus não existe passado, nem futuro, pois em sua eternidade tudo é sempre presente. Ele conhece nosso ontem melhor do que nós conhecemos nosso hoje. Sabe antes de nascermos o que faremos amanhã. Ele sabe se seremos salvos ou condenados ao inferno. Por isso ele chama todos ao arrependimento e à fé em Jesus Cristo. Porque ele quer salvar a todos.
Mas será que Deus quer a nós também?
Será que, por aquilo que fizemos no passado, merecemos ser salvos?
Muitas pessoas se deparam com estas perguntas e começam a pensar em seu passado:
— Eu fiz isso ou aquilo e Deus não me aceitará por causa do pecado!
— Será que Deus me quer mesmo eu tendo sido um ladrão?
— Será que Deus me quer, mesmo eu tendo traído minha esposa?
Notem que estes exemplos não tratam de pessoas que ainda roubam ou que ainda são infiéis. Mas sim pessoas que cometeram pecados e se arrependeram.
Será que Deus aceita estas pessoas, apesar de sua vida passada?
É claro que sim!
E isso porque “Deus não olha para o passado de ninguém, mas ele olha pro presente.”
Ele não quer saber se você pecou. Quer saber se você está arrependido e não vai pecar mais.
Ele não quer saber se você não tinha fé em Cristo. Quer saber se você agora crê.
Deus não conta os pecados de quem se arrepende. “Ele apaga o pecado do pecador que se arrepende.” Como diz o Sl 51.1: “Por causa da tua grande compaixão apaga os meus pecados.”
Deus apaga os pecados do pecador arrependido, assim como apagou os pecados de Paulo. O apóstolo era um perseguidor de cristãos. Ele queria acabar com todos.
Deus não olhou para o passado de Paulo.
Deus ofereceu perdão a Paulo e ele arrependeu-se e creu em Jesus Cristo. Deus não olhou pro passado de Paulo, mas para o presente e o futuro que ele teria como grande missionário da fé em Jesus Cristo.
Na própria opinião de Paulo ele não se achava digno de sequer crer em Jesus, muito menos de ser sua testemunha e apóstolo.
Realmente Paulo não era digno, mas ninguém é digno de ser chamado filho de Deus. Assim nos lembra Ec 7.20: “Não existe no mundo ninguém que faça sempre o que é direito e que não erre.”
Mas graças a Deus ele não olha nossa vida no passado. E também não é nossa vida que nos torna dignos da salvação. A fé em Jesus é que faz isso: Quem crê em Jesus Cristo tem a vida eterna. (Jo 3.36; 6.47).
Por pior que você pense ter sido seu pecado. Em Cristo há perdão, vida e salvação. Pois Deus, pela fé em Jesus Cristo, perdoa seu pecado. Seja ele qual for. E te dá novas forças para seguir sem pecado. Assim como ele disse à mulher adúltera em Jo 8.11: “Vá e não peque mais.” Disse também ao paralítico curado em Jo 5.14: “Escute! Você agora está curado. Não peque mais, para que não aconteça com você coisa ainda pior.”
Se Cristo perdoou Paulo que o perseguiu. Perdoou Pedro que o negou. Perdoou a mulher adúltera e muitos outros de má fama... Porque este Senhor tão maravilhoso não perdoaria também o nosso pecado? Seja ele qual for...
Deus não olha para o seu passado. Ele olha para o seu presente. Vê se você tem fé em Cristo e se está arrependido de seus pecados. Vendo isso, ele te dá a salvação eterna.
Mas porque ele faz isso de graça?
Porque é um Deus de amor e misericórdia. É um Deus justo e compassivo. Esse é o nosso Deus Pai, nosso Deus Filho Salvador e nosso Deus Espírito Santo. Um único e verdadeiro Deus que vem a nós na sua Palavra, na Santa Ceia e no Batismo. O Deus de Abraão, Isaque e Jacó. O meu Deus e o Deus de todo que nele crê.
a-mulher-de-lo2-300x300 É o Deus que quer operar a salvação em cada um de nós e também por meio de nós chegar a outros.
Assim como Deus não olha nosso passado, ele também não olha o passado de ninguém para dar a Salvação. Por isso ele quer que nós falemos de nossa fé.
Tantos falsos profetas estão falando por aí. Vendendo suas porcarias ditas milagrosas e protetoras. E nós que temos a fé que salva, muitas vezes ficamos calados.
Esqueça seu passado. O pecado está perdoado. Levanta, segue o seu caminho e não peque mais. E Jesus te convida para essa tarefa maravilhosa de salvar almas.
Venha à igreja, faça sua oferta, cante a Deus e depois, vá ao mundo e conte tudo o que Deus tem feito por você. Como ele tem te dado fé, saúde, comida, trabalho. Paciência no sofrimento e tantas outras coisas.
Assim, mais e mais pessoas serão salvas. E nós todos juntos receberemos a herança eterna, garantida pelo Sangue de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Que Deus nos abençoe. Amém!
E a paz de Deus, que ninguém consegue entender, guardará o coração e a mente de vocês, pois vocês estão unidos com Cristo Jesus.” (Fp 4.7)
Pastor Jarbas Hoffimann

Soli Deo Gloria

sábado, 5 de novembro de 2011

Esperar acordado

Mt 25.1-13

Antepenúltimo Domingo do Ano Eclesiástico

Que a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a presença do Espírito Santo estejam com todos vocês! (2Co 13.13).

 

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Queridos irmãos em Cristo...

Jesus voltará para julgar a humanidade.

Nós somos pecadores. Todos nós somos pecadores.

Nós desrespeitamos a Deus e ao nosso próximo. Mesmo quando quisemos fazer o que é certo.

Nós sabemos que por mais que trabalhemos neste mundo nunca conseguiremos salvar a nós mesmos. Porque não podemos nos salvar sozinhos.

Muitas pessoas evitam pensar nestas coisas, especialmente quando lembram que um dia esse mundo terá seu fim, ou quando lembram que podem morrer a qualquer momento.

No texto do Evangelho, que lemos hoje, Jesus quer preparar as pessoas para o momento em que ele virá julgar vivos e mortos. E ele usa um exemplo muito conhecido para as pessoas daquela época, mas que para nós não faz muito sentido.

Para entender melhor o que Jesus ensina, nós precisamos saber como costumava ser um casamento na Palestina, na época de Jesus. E isso é possível porque até hoje, muitos daqueles casamentos seguem as tradições da época de Jesus.

Uma pessoa que participou de uma cerimônia de casamento lá descreveu assim:

“Bem de tardezinha, os hóspedes eram recebidos e servidos na casa da noiva. Depois de muitas horas de espera pelo noivo, este finalmente chega (repentinamente anunciado por mensageiros) para buscar a noiva, acompanhado pelos amigos. Num mar de luzes ele é recebido pelos hóspedes que vão ao seu encontro. Daí, num cortejo festivo, o noivo e todos os outros seguem com suas luzes acesas, para a casa do pai do noivo, onde se realiza o casamento e de novo os hóspedes são servidos.”

Ao contrário do que acontece em nossa cultura ocidental, aquele a quem se espera para a festa de casamento é o noivo e não a noiva. A noiva já fica na casa de seu pai esperando pelo noivo que pode chegar a qualquer momento. Ela espera acompanhada de suas “damas de honra”. Mas normalmente o noivo chega quando todos já estão quase cansados de esperar. É tradição.

No casamento descrito pela testemunha, o noivo chegou às 11h30 da noite.

Sabendo destas tradições, fica mais claro para nós entendermos a Parábola que Jesus contou (vídeo):

Dez moças saíram para esperar o noivo. Como era noite, elas precisavam de iluminação e, provavelmente a lâmpada que elas levavam era um pedaço de madeira com uma estopa molhada em óleo, ou mesmo uma lamparina de barro.

Este fogo não aguenta muito, por isso elas deveriam levar óleo junto para manter o fogo aceso. Cinco levaram, as outras cinco não. Resultado: quando o noivo apareceu, estas cinco0 estavam fora, procurando comprar o óleo e, perderam a chance de entrar na festa de casamento.

Com esta parábola Jesus alerta que pode chegar a qualquer momento para levar sua igreja para o julgamento. Assim como o noivo chega inesperadamente, Jesus chegará para julgar os seres humanos.

Jesus nos dá o aviso e diz para nós o esperarmos preparados. Mas só está preparado para a volta de Cristo quem segue seus ensinamentos.

Jesus mesmo nos alerta: (Lc 12.35) “— Fiquem preparados para tudo: estejam com a roupa bem presa com o cinto e conservem as lamparinas acesas.” Outro texto: (1Co 16.13) “Estejam alertas, fiquem firmes na fé, sejam corajosos, sejam fortes.” Ainda: (1Pe 5.8) “Estejam alertas e fiquem vigiando porque o inimigo de vocês, o Diabo, anda por aí como um leão que ruge, procurando alguém para devorar.” E novamente no Evangelho: (Lc 21.36) “Portanto, fiquem vigiando e orem sempre, a fim de poderem escapar de tudo o que vai acontecer e poderem estar de pé na presença do Filho do Homem, quando ele vier.”

Nestes versículos o Senhor nos alerta para estarmos preparados.

Para estar preparado é preciso ter o pé firme na Rocha Eterna, estudando a Palavra de Deus... Na igreja e em casa. É confiar todas as nossas preocupações e desejos a Deus, que tudo pode e tudo sabe. Estar preparado é participar da Santa Ceia sempre e viver o batismo no dia-a-dia.

O noivo Jesus Cristo vem a qualquer momento, ninguém sabe quando. E ele nos deu o alerta para que nós estejamos sempre preparados. Para que quando ele venha não nos encontre dormindo.

Este é o segundo ponto do nosso texto:

Nós precisamos esperar Jesus acordados.

Tomando o exemplo das moças: elas tinham lâmpadas com fogo que não durava muito. Se elas dormissem, certamente a luz se apagaria.

Todas elas fraquejaram. Todas elas cochilaram e acabaram dormindo e as lâmpadas apagaram. De repente, no meio da noite, um grito anuncia que o noivo vem vindo. Aí todas acordaram. Mas só as que tinham levado óleo de reserva conseguiram estar preparadas. As despreparadas não conseguiram mais preparar-se. Era muito tarde.

Assim acontece muitas vezes na igreja, ao invés dos cristãos acordados acordarem a outros, são os que dormem que conseguem convencer outros a dormirem também.

Afinal, temos muito tempo! Ou pensamos que temos.

Nós não podemos dormir. Temos que fazer nossa luz brilhar mais e mais neste bairro, nesta cidade e neste mundo. E somente acordados poderemos estar cada vez mais preparados para a volta de Cristo.

Esperar acordado é viver a fé diariamente. Isso é ter juízo diante de Deus. Este é o óleo que alimenta nossa luz. O Diabo está nos dizendo:

“Ah! Jesus não vem mais! Viva a sua vida tranquilamente. Porque depois daqui não tem mais nada.”

O Diabo, nosso adversário, quer nos fazer dormir. E quer que nós estejamos despreparados quando o noivo vier.

Muitos têm dormido nos braços de Satanás. Muitos estão abandonando sua igreja e sua fé. Muitos estão deitando-se para dormir o sono que leva para a morte eterna. Mas não é pra ser assim. Deus quer que nós mantenhamos nossa luz acesa, com o combustível que ele dá, para que assim outros também se animem na missão de Deus.

Ninguém pode salvar a si mesmo e nem salvar os outros. Nós não podemos preparar os outros que não querem, mas nós podemos iluminar o caminho da Salvação a todos. Podemos participar dos cultos e da Santa Ceia para nosso fortalecimento.

Quando o noivo vinha, as moças sem juízo tentaram se encostar nas outras. Mas as moças ajuizadas disseram: “O óleo que nós temos não dá para nós e para vocês. Se vocês querem óleo, vão comprar!”

Elas tinham razão. Cada cristão deve estar preparado para a volta de Jesus e, a exemplo das moças, pode ser que depois seja tarde demais, pode ser que depois não dê mais tempo. Pode ser que o noivo Jesus venha enquanto nós não estamos preparados. E aí não dá mais tempo. O tempo que temos para nos arrepender é hoje.

Jesus Cristo convida a cada um de nós para a vida eterna. Nós não podemos salvar a nós mesmos. Mas a fé em Jesus nos salva. Todo aquele que crê em Jesus Cristo não será julgado no dia do juízo e terá a vida eterna. E é o próprio Deus que nos convida e fortalece na fé que salva. A fé em Jesus Cristo. O único Salvador.

Todos os que estiverem preparados, entrarão para a festa de casamento da Noiva (a Igreja) com o Noivo (Jesus Cristo). E nunca mais, nenhum mal as tocará, pois estarão na Salvação Eterna. Amém.

E a paz de Deus, que ninguém consegue entender, guardará o coração e a mente de vocês, pois vocês estão unidos com Cristo Jesus. Amém. (Fp 4.7)

Pastor Jarbas Hoffimann – Nova Venécia-ES
Congregação Castelo Forte
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Glórias Somente a Deus
Em Face Book
e-mail: pastorjarbas@gmail.com

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Ainda dá pra confiar

Antigamente, quando um homem empenhava sua palavra, isso valia. Um fio de bigode era como uma garantia. Hoje em dia, porém, nada mais é absolutamente garantido. Não se pode confiar cegamente em ninguém. Confiança é artigo escasso entre nós. O motivo é simples: as pessoas não cumprem o que prometem.
Precisamos marcar compromisso com “hora de relógio”; alguns prometem nunca mais fazer determinada coisa, mais parecem palavras ao vento. Uma lista interminável caberia aqui, para mostrar o quanto a palavra vale pouco.
Em tempo de eleições, muito se perguntam: ainda dá para confiar? Em tempos de solidariedade, outros se questionam: Vale a pena ajudar, doar? A maioria das pessoas odeia desonestidade e corrupção, quer na política quer em relacionamentos interpessoais, ou mesmo em casa. Contudo, muitos acham que um pouco de desonestidade, não fará mal a ninguém, porque nunca virá à tona.
política - honestidadeDe acordo com uma pesquisa da Futura/Fecomércio, 84,9% das pessoas acham que o eleitor vota visando tirar alguma vantagem pessoal, o que é considerado crime eleitoral. Só 13,5% dos entrevistados mantêm a fé na honestidade do eleitorado. A virtude da confiança parece cada vez mais se basear na fatídica e infeliz frase afinal: “se todo mundo faz, porque eu não posso também?” Cito um fato recente: Quem mais perdeu na lamentável atitude de desvios das doações enviadas ao nosso Estado? Os desabrigados pelas enchentes? Os alagoanos como povo? Os bombeiros como entidade confiável? Ou os apontados pela deslavada cara de pau? Ora, todos perderam! Porque quando a base que sustenta qualquer tipo de relação e consequentemente toda sociedade, se torna meretriz, nos tornamos cada vez mais pobres e vazios.
Desde o tempo do bigode e da barba grande, alguém com nome limpo e digno de confiança já alertara: “Quem é fiel nas coisas pequenas também será nas grandes; e quem é desonesto nas coisas pequenas também será nas grandes. Pois, se vocês não forem honestos com as riquezas deste mundo, quem vai pôr vocês para tomar conta das riquezas verdadeiras?” (Lucas 16.10-11).
Honestidade é essencial na ação de todo indivíduo, porque ela está sempre voltada para fora, para pessoas, para o mundo e por fim não acaba em morte (Provérbios 21.6), seja ela escandalosa ou mínima. Por isso que Jesus não deu só os fios de bigode pela tua causa, mas a própria vida, para que haja vida. Suas palavras e atitudes provam de que ainda dá para confiar, porque continuamente baseia-se na verdade, e a verdade liberta (João 8.32). Confie: “Você terá um novo nome, um nome que o Senhor lhe dará” (Isaías 62.2). Eu ganho, tu ganhas... todos ganham!
Márlon Hüther Antunes
Teólogo e Pastor da Igreja Luterana de Maceió

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Qualidade de morte

Se há um assunto que chamou a atenção e figurou quase que diariamente na mídia neste ultimo mês, certamente é o caso do desaparecimento de Elisa Samúdio e o possível envolvimento do goleiro Bruno (ex-Flamengo) no caso. Talvez pela fama do Goleiro; talvez pela brutalidade e sangue frio que a polícia relata e acredita ter ocorrido o crime. Ao acompanhar os noticiários e as cenas de reconstituição das versões apresentadas ficamos chocamos.
Vivemos na capital brasileira com melhor qualidade de vida. Motivo de orgulho e de publicidade. Mas ainda assim, problemas nos cercam e aqui, todos os dias, pessoas também morrem. Seja de forma cruel, seja de forma natural.
Sempre pensei que as pessoas apenas se preocupavam em medir a qualidade de vida. Qual não foi minha surpresa ao saber pela BBC que agora também se mede a qualidade de morte. Uma pesquisa feita por uma empresa da Grã-Bretânia ouviu 40 países, dentre os quais, o Brasil figura em 38º lugar no ranking ao que diz respeito à qualidade na hora de morrer.
Mas afinal, o que é morrer com qualidade? Será possível morrer com qualidade? A pesquisa leva em conta o morrer sem dor e o acesso a tratamentos paliativos que, se não estimulam à vida, ao menos “facilitam” ou diminuem a dor no restinho de sobrevida. Dentro desta ideia, morreu sem qualidade aquele que vegetou sobre um leito e sentiu muita dor. Morreu com qualidade quem sofreu um ataque cardíaco fulminante, um acidente fatal ou algo parecido. Será? As perguntas que faço são: será possível morrer com qualidade sem ter vivido com qualidade? Será possível se preparar em vida para morrer com qualidade?
agonia - doença - morte Existe um ditado que diz: tudo o que começa errado tem grande chance de terminar errado. Longe de mim julgar as pessoas. Meu papel é outro: alertar as pessoas sobre a vontade de Deus e a oportunidade da salvação gratuita, pela fé em Cristo. Mas pensemos um instante sobre a confusão do relacionamento e a vida de Eliza Samúdio, o goleiro Bruno e outras pessoas envolvidas no caso. É até difícil entender. Mas se nota que haviam muitos interesses estranhos e atitudes pouco louváveis perante Deus e os homens. Ao acompanhar o caso, que culminou com uma morte horrível (ao que tudo indica) lembrei-me das palavras do Apóstolo Paulo aos Gálatas: Mas, se vocês agem como animais selvagens, ferindo e prejudicando uns aos outros, então cuidado para não acabarem se matando (Gálatas 5.15).
Portanto, prestem atenção na sua maneira de viver. Não vivam como os ignorantes, mas como sábios. Os dias em que vivemos são maus; por isso aproveitem bem todas as oportunidades que vocês têm. Não ajam como pessoas sem juízo, mas procurem entender o que o Senhor (Deus) quer que vocês façam (Efésios 5.15,16). É difícil? Não. Está ao alcance dos olhos e ouvidos: na Bíblia. Nela, além de Palavras que orientam a vida, consolam e confortam na hora da morte, encontramos mais que morte com qualidade. Encontramos de presente a vida eterna conquistada por Cristo, o qual de forma horrível, por nós morreu sobre a cruz.
Ernani Kufeld
Teólogo e pastor da Igreja Luterana em Aracaju

terça-feira, 1 de novembro de 2011

O Questionário Cristão - Catecismo Menor - Em Áudio

O Catecismo Menor, escrito por Lutero, é um dos livros mais usados na instrução cristã de crianças. Originalmente se destina a ser um auxílio aos pais cristãos na educação de seus filhos.
O Questionário Cristão é um exame de consciência para ser feito antes da Santa Ceia, mas pode nos guiar em toda nossa vida cristã. Ele quer ser um auxílio para procurar viver no caminho do Senhor.



Este material foi gravado voluntariamente pelo Rev. Leonídio Görl.
O livro pode ser adquirido junto à Editora Concórdia.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Livre ou preso

Está passando no cinema “Mandela — luta pela liberdade", filme baseado no livro de memórias do carcereiro James Gregory que conviveu com Mandela por 20 anos. Conforme sinopse, o filme transcorre sob o ponto de vista do sargento James Gregory, que assume a direção da penitenciária onde se encontra o famoso detento. No começo, Gregory é extremamente racista, e está disposto a qualquer preço para que os brancos não percam o controle político do país. Aos poucos, porém, quanto mais ele tem contato com Mandela, mais começa a rever seus conceitos.
Não vi o filme, até porque foi lançado há duas semanas. Falo desta obra cinematográfica por três motivos. O carcereiro é o ator Joseph Fiennes, o mesmo que interpretou Martinho Lutero no filme “Lutero”. Amanhã é 31 de outubro — dia em que Lutero em 1517 condenou publicamente o comércio do perdão dos pecados e deu início a luta contra o “apartheid” da igreja. E há um paralelo entre o carcereiro Gregory e o teólogo Lutero. Quem conhece a história de Lutero, percebe a semelhança. Só que o preconceito deste monge agostiniano era contra ele mesmo. Tornou-se carcereiro de Deus ao ingressar no mosteiro para conseguir perdão dos pecados e paz de espírito. Confinado numa sela sob os votos da pobreza, castidade e obediência, confessou mais tarde que sentia ódio de Deus. Mas foi ali mesmo no convento, em contato íntimo com as Escrituras Sagradas, que conheceu o Deus misericordioso revelado na face de Cristo.
O termo “apartheid” significa "separação", nome dado a este regime político sul africano que durante décadas impôs a dominação dos brancos sobre os negros. A Bíblia diz que os nossos pecados nos separam de Deus (Isaías 59.2). Um “apartheid” espiritual que, graças a Deus, não existe mais. Ou como escreve Paulo:
“Em todo o Universo não há nada que possa nos separar do amor de Deus, que é nosso por meio de Cristo Jesus, o nosso Senhor” (Romanos 8.39).
Com o fim deste regime diabólico, o único carcereiro agora sou eu mesmo — na ignorância e na descrença. É o que lembra Jesus:
“Quem não crer será condenado” (Marcos 16.16).
Vencedor do Prêmio Nobel da Paz, Mandela disse que
"não há caminho fácil para a liberdade”.
O apóstolo Paulo escreveu algo parecido — ele que também esteve na prisão. Disse que Cristo nos libertou para sermos realmente livres, e que assim devemos permanecer sem voltar à escravidão (Gálatas 5.1). Pensando em tudo isto, que a liberdade não vem de mão beijada, que o carcereiro sou eu mesmo, cabe agora decidir o que fazer com as chaves.
“Eu lhe dou as chaves do Reino dos Céus”,
lembra Jesus,
“o que você fechar na terra será fechado no céu, e o que você abrir na terra será aberto no céu” (Mateus 16.19).
No final, dependendo da decisão, estarei livre ou preso.

Marcos Schmidt
Pastor luterano
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo, RS
30 de outubro de 2008

domingo, 30 de outubro de 2011

Não mais escravos

Que a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a presença do Espírito Santo estejam com todos vocês! (2Co 13.13).

Queridos irmãos em Cristo.

A Paz do Senhor esteja com todos vocês.

Nos livros de história e nas reportagens de TV e jornais vemos falar sobre escravidão. Sempre vemos o quanto é ruim ser escravo.

Anualmente vemos muitas reportagens sobre trabalhadores que viviam em regimes de escravidão ou semiescravidão, especialmente no centro e norte do Brasil. No interior de estados como São Paulo. Mas pode acontecer em qualquer lugar.

E ninguém gostaria de ser escravo. Porque o escravo não tem nenhum poder de escolha. Ele não tem salário. Ele apenas trabalha, em condições muito precárias. Muitas vezes não tem alojamento, não tem a comida necessária. Mas mesmo assim deve continuar trabalhando para poder continuar vivo. Ele não é dono de sua vida.

No texto do Evangelho de João, Jesus está falando sobre a escravidão. Ele diz aos seus ouvintes para eles crerem nele, pois só assim eles seriam realmente livres e não mais escravos.

Os judeus que ouviam Jesus disseram:

“Nós somos descendentes de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém. Como é que você diz que ficaremos livres?” | Jo 8.33.

O que aqueles judeus não sabiam é que apesar de livres neste mundo, eles estavam presos a seus pecados. Eram escravos dos desejos da carne. Eram escravos do egoísmo... Da mentira... Da fofoca... Do desamor a Deus e ao próximo. Eram escravos da falta de compromisso com a fé. E Jesus não está falando a qualquer um. Jesus fala para aqueles judeus que creram nele, mas ainda confiavam em suas obras para ter a libertação do pecado.

Aquelas pessoas eram escravas porque, mesmo sabendo que o pecado desagrada a Deus, não conseguiam se livrar do pecado. E, muitas vezes, não queriam se livrar. Tava bom do jeito que tava.

Situações, como esta que Jesus aponta, vêm se repetindo com o povo cristão no decorrer dos séculos.

Quantos hoje são escravos de sua luxúria?

Quantos são escravos da desonestidade?

Quantos são escravos das bebedeiras e brigas? Do desamor a Deus e ao próximo?

E você? É escravo de coisas parecidas com estas?

Quem for escravo de seus pecados não terá salvação. Mas se você é escravo do pecado e quer se livrar dele, existe solução: Jesus Cristo, nosso único Salvador. Aquele que, com sua morte na cruz liberta todos do pecado e da morte eterna.

Jesus diz:

“Eu afirmo a vocês que isto é verdade: quem peca é escravo do pecado. O escravo não fica sempre com a família, mas o filho sempre faz parte da família. Se o Filho os libertar, vocês serão de fato livres.” | Jo 8.34-36.

Pode ser que pareça não fazer diferença entre o escravo e o verdadeiro filho de Deus. Afinal de contas, as portas da casa do Pai estão sempre abertas para todos que vêm aqui. E nem sempre é possível saber se uma pessoa realmente crê ou não crê em Deus...

As duas pessoas podem vir à igreja, mas aquele que escuta a Palavra do Pai celeste e não corrige sua vida, ainda continua sendo escravo. E o escravo será separado da família no devido momento. Quando apenas os filhos de Deus terão a vida eterna.

Aqueles que vêm à igreja, mas continuaram escravos do seu pecado, morrerão e ainda passarão pela segunda morte, que é o lago de fogo e enxofre, como nos diz Apocalipse. Lá no lago de fogo e enxofre, que representa os piores sofrimentos, os escravos do pecado ficarão para sempre. E terão todo o tempo da eternidade para se arrependerem. Infelizmente aquele arrependimento não servirá para mais nada.

É hora de pensar nas coisas que são lá do céu. Deixar de lado os pecados que nos cercam e buscar no Espírito Santo a fortaleza para resistir às tentações.

Viva sua fé de forma completa. Não apenas no fim de semana ou em uma ocasião ou outra. Não naquilo que você quer, mas naquilo que Deus quer. Seja cristão 100% do tempo.

Ser cristão é crer em Jesus Cristo. E uma vez que temos a fé que nos foi dada pelo Espírito Santo, temos Deus ao nosso lado para nos ajudar a resistir às tentações de Satanás.

Ser cristão é crer em Jesus.

Ser cristão é estar livre dos pecados.

Mas enquanto estamos no mundo continuamos pecadores, mesmo não sendo mais escravos do pecado. Porque o pecado não nos domina mais. Assim como diz Jesus:

“Se você continuarem a obedecer aos meus ensinamentos, serão, de fato, meus discípulos e conhecerão a verdade, e a verdade os libertará.” | Jo 8.31.

Você é escravo do pecado?

Em Jesus há liberdade pra você. E para todos que crerem.

Creia em Jesus Cristo e ouça o que ele tem a te ensinar na Bíblia. Confie nele até o fim e lembre-se que ele estará sempre junto de você para te proteger nos momentos de provação e tentação.

Venha à casa de Deus e leia a Bíblia para conhecer a verdade e ficar livre. Participe da Santa Ceia sempre que tiver oportunidade, pois a Ceia liberta do pecado também. E fortalece a sua fé no Salvador Maravilhoso que Martinho Lutero encontrou em seus estudos.

Seja filho de Deus e não escravo do pecado. Pois os filhos sempre farão parte da família. E têm a herança da vida eterna.

Que Deus te abençoe e te guarde, em nome de Jesus Cristo.

Amém.

E a paz de Deus, que ninguém consegue entender, guardará o coração e a mente de vocês, pois vocês estão unidos com Cristo Jesus. Amém. (Fp 4.7)

Pastor Jarbas Hoffimann – Nova Venécia-ES

Glórias Somente a Deus

Simbologia Cristã – A Rosa de Lutero

200910 - A Rosa de Lutero - Cópia

sábado, 29 de outubro de 2011

Últimas Coisas – Escatologia – Juízo Final

4-cavalos-do-apocalipse Cremos, ensinamos e confessamos que Deus determinou um dia, no qual julgará o mundo com justiça. Ninguém sabe quando será este dia. Naquele dia, Jesus voltará visível e glorioso. Céu e terra se desfarão. Todos serão julgados por Jesus. Aos incrédulos, Jesus dirá:
Apartai-vos de mim, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus seguidores.
Aos fiéis, que terão um corpo glorioso, dirá:
Vinde, benditos de meu Pai e entrai no gozo de vosso Senhor que vos está preparado desde a fundação do mundo.
Então serão criados os novos céus e a nova terra, nos quais habitará justiça.
Referências bíblicas: Jo 5.28-29; At 10.42; 1Co 15.51-52; Rm 8.18; Mt 10.28; Is 66.24; Jo 19.25-27; Mt 26.31-46; 2Pe 3.10-13; Ap 21.1-8.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A fidelidade brotará da terra

O amor e a fidelidade se encontrarão; a justiça e a paz se abraçarão. A fidelidade das pessoas brotará da terra, e a justiça de Deus olhará ...