sábado, 24 de dezembro de 2011

Agulhas de Natal

presépio O que a história do Natal e a do menino das agulhas têm em comum? O padrasto! Por isto Deus escolheu a dedo o pai emprestado de Jesus. Imaginem se José fosse um cara ciumento? Ele até pensou em desfazer o noivado, tudo de maneira sigilosa, sem difamação. Mas o anjo logo desfez o mal entendido: Ela não te traiu, “ela está grávida pelo Espírito Santo” (Mateus 1.20). Por pouco a salvação da humanidade teria sido um “fracasso de Copenhague”. E se não fosse outra vez o aviso do anjo, o bolo de Natal teria desandado logo após a visita dos reis magos, desta vez com as agulhas de Herodes. Por isto a importância de um bom padrasto, que “se levantou no meio da noite, pegou a criança e a sua mãe e fugiu para o Egito”. No final da história – final para alguns – nem José nem o Pai verdadeiro “conseguiram” livrar Jesus das agulhadas da cruz. Era o único caminho. Mas este é outro capítulo, ou o mesmo, pois a manjedoura de Belém e a cruz do Calvário são da mesma madeira. Como disse a profecia, “... será como um ramo que brota de um toco, como um broto que surge das raízes” (Isaías 11.1).
Mas, e as agulhas? De onde vem o broto delas? De um só lugar! Das raízes da natureza humana. E se a gente fica perplexo por um Herodes enraivecido, que elimina em Belém os meninos abaixo de dois anos, ou fica abismado por um padrasto ciumento que crava agulhas no corpo do enteado – então é hora de acordar para a realidade. Afinal, este é o nosso mundo bem humano (não desumano). É só conferir a história, ler os jornais, espiar pela janela... Nada mudou! Crianças e fracos pisoteados, injustiçados, dominados, trucidados... E tudo por tronos e reinos.
Mas é preciso antes olhar no espelho. Pois tronos e reinos todos desejam. Aquele emprego, aquela casa, aquele carro, aquela mulher... Conquistas que colocam sobre a minha cabeça a coroa do “tu é o cara”. Mas quantos eu preciso aniquilar? Quantas agulhas encravar? Pode parecer dramático, mas não foi Jesus quem disse “aquele que não tem pecados que dê a primeira agulhada”?
O fanático Saulo, padrasto da religião, mais tarde reconheceu: “A minha natureza humana me torna prisioneiro da lei do pecado que age no meu corpo. – Como sou infeliz! Quem me livrará deste corpo que me leva para a morte?” A reposta vem logo depois: “Nosso Senhor Jesus Cristo” (Romanos 7.25). Esta é a redenção para todos – nós que temos a alma crivada com agulhas da inveja, ciúme, egoísmo, ódio... (Gálatas 5.19). A solução é o Cirurgião dos cirurgiões que liberta de tudo isto e “produz amor, alegria, paz, paciência, delicadeza, bondade, fidelidade, humildade e domínio próprio” (Gálatas 5.22,23).
Esta é a realidade do Natal ainda hoje – bons e maus padrastos. Foi Jesus mesmo quem disse: Tudo o que você fizer a um pequenino, está fazendo para mim.
Marcos Schmidt
pastor luterano
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo
Novo Hamburgo-RS
24 de dezembro de 2009

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