sexta-feira, 29 de julho de 2016

Ódio

As notícias sobre o ódio se multiplicam. A França parece ter se tornado num território preferido para os atentados de todos os tipos. Esforçam-se em dizer que não é culpa de nenhuma religião… Mas não consigo pensar assim. Especialmente porque o cristianismo extremo também já causou muitas mortes. Então, líderes raivosos manipulam os ensinamentos da religião, para conseguirem — pela espada — impor sua vontade particular. Não é uma missão amorosa… É uma guerra religiosa.
Recentemente o Papa Francisco lembrou que “o mundo está em guerra”. Ressaltando não ser uma guerra religiosa, mas sim uma guerra entre pessoas que se julgam religiosos. Guerras assim já aconteceram muito a fora.
Desde o século 12, na região da Irlanda do Norte, católicos e protestantes estiveram em guerra e apenas parte do motivo era religioso. Havia motivos políticos, econômicos… O Exército Republicano Irlandês (o IRA, católico, era pró-independência — ou seja, um movimento que queria separar-se da Inglaterra) enquanto os protestantes integravam o movimento pró-Inglaterra… A guerrilha e o terrorismo foi terrível e foi muito forte até os anos 80 ainda… Certamente muita gente ainda se lembra de ter visto pela TV os atos de terrorismo de católicos contra protestantes e vice-versa… Foi terrível.
Nas cruzadas, os cristãos, contra os muçulmanos, com a desculpa de recuperar Jerusalém, mataram muitas pessoas, inclusive, criando um “exército de crianças”, que se supunha, não seriam derrotados… Foram. Morreram ou foram escravizadas aquelas crianças. Em homenagem àqueles inocentes, a Igreja comemora ainda hoje o “Dia das Crianças Inocentes, Mártires”. A Igreja, quando se afastou da Palavra de Deus, ou a usou de forma errada, sempre fez bobagem.
O Professor Leandro Karnal, em seu perfil no facebook, publicou:
“Um padre, Jacques Hamel, numa solitária igreja na Normandia, reza sua missa matial. Dois jovens perturbados encontram no discurso fundamentalista uma enseada generosa para acolher a frustração e o fracasso de ambos. O padre Hamel completaria 86 anos em novembro. Foi degolado em plena igreja. Daqui de São Paulo sofro e presto minha solidariedade aos franceses e aos católicos. Tem dias nos quais acho que o ódio vai vencer Tanta gente trocando insultos com pessoas que nunca encontrou, tanta raiva com desconhecidos fluindo por esta internet que, às vezes, acho que Hobbes tinha razão: o estado do homem é a guerra de todos contra todos. Depois, vejo o olhar atento de um aluno descobrindo um texto e fazendo uma pergunta inteligente e… volto a ter esperança. Hoje estou de luto. Meu luto não é pelo padre Hamel, mas por todos nós que ainda vivemos.”

Eu, por outro lado, estou de luto pelo Padre e por todos os cristãos que dedicam sua vida salvando vidas… Falando de sua fé com amor, com dedicação e ainda são assassinados covardemente por causa de sua fé. E não se espantem, em nosso país há sempre movimentos revoltosos contra cristãos… Ainda anda no âmbito do projeto de lei, mas há muita coisa querendo cercear a liberdade religiosa cristã, enquanto outras religiões não são incomodadas… Como cristãos, vamos dar a outra face.
Voltando ao que o professor Karnal atribuiu a Hobes, a Palavra de Deus já versava bem antes:
“De fato, teho sido mau desde que nasci; tenho sido pecador desde o dia em que fui concebido.” (Salmo 51.5)

Ou seja, nascemos sim, todos contra todos… Uns buscando o mau dos outros. Pois “Todos pecaram e estão afastados da presença gloriosa de Deus.” (Romanos 3.23).
E a carta de Paulo aos Romanos, que falava para judeus, que achavam, que por seguir certas leis e certas cerimônias, estavam agradando a Deus, nos alerta:
Não há uma só pessoa que faça o que é certo; não há ninguém que tenha juízo; não há ninguém que adore a Deus. Todos se desviaram do caminho certo, todos se perderam. Não há mais ninguém que faça o bem, não há ninguém mesmo. Todos mentem e enganam sem parar.
Da língua deles saem mentiras perversas, e dos seus lábios saem palavras de morte, como se fossem veneno de cobra. A boca deles está cheia de terríveis maldições. Eles se apressam para matar. Por onde passam, deixam a destruição e a desgraça. Não conhecem o caminho da paz e não aprenderam a temer a Deus.” (Romanos 3.10-18).
Enquanto os extremistas islâmicos (e quaisquer outros) buscam apenas apagar o contraditório e extirpar da terra os diferentes... O Salvador Jesus nos ensina a tolerância.
Não é pela força que se “converte”, mas por ação do Espírito Santo. Não é pela espada, mas sim pela pena da Palavra.
Lucas 6.27-36 (Não se esqueçam o que diz Jesus):
— Mas eu digo a vocês que estão me ouvindo: amem os seus inimigos e façam o bem para os que odeiam vocês. Desejem o bem para aqueles que os amaldiçoam e orem em favor daqueles que maltratam vocês. Se alguém lhe der um tapa na cara, vire o outro lado para ele bater também. Se alguém tomar a sua capa, deixe que leve a túnica também. Dê sempre a qualquer um que lhe pedir alguma coisa; e, quando alguém tirar o que é seu, não peça de volta. Façam aos outros a mesma coisa que querem que eles façam a vocês.
— Se vocês amam somente aqueles que os amam, o que é que estão fazendo de mais? Até as pessoas de má fama amam as pessoas que as amam. E, se vocês fazem o bem somente para aqueles que lhes fazem o bem, o que é que estão fazendo de mais? Até as pessoas de má fama fazem isso. E, se vocês emprestam somente para aqueles que vocês acham que vão lhes pagar, o que é que estão fazendo de mais? Até as pessoas de má fama emprestam aos que têm má fama, para receber de volta o que emprestaram. Façam o contrário: amem os seus inimigos e façam o bem para eles. Emprestem e não esperem receber de volta o que emprestaram e assim vocês terão uma grande recompensa e serão filhos do Deus Altíssimo. Façam isso porque ele é bom também para os ingratos e maus. Tenham misericórdia dos outros, assim como o Pai de vocês tem misericórdia de vocês.
Oremos (ou rezemos) pelos católicos e tantos outros cristãos que são mortos diariamente confessando sua fé. Orem por seus Padres e seus Pastores, pois nesse tempo de tantos falsos profetas, a tentação de criar um “mine exército a meu favor” é muito grande e muitos, em nome de Jesus, estão promovendo o ódio.
Orem. Testemunhem da Paz e Orem pela Paz.

Jarbas Hoffimann é formado em Teologia e pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil, em Nova Venécia. (pastorjarbas@gmail.com; facebook.com/pastorjarbas)


Estes e outros artigos são publicados no Jornal Correio 9, de Nova Venécia (curta para ser avisado das edições diárias, leitura completa online): https://www.facebook.com/correio9

sexta-feira, 22 de julho de 2016

O nome da discórdia

Pois é… Mudaram o nome de uma praça bem no centro de Nova Venécia. E é época de eleição, então tudo vira polêmica… Quatro anos atrás foram árvores cortadas em diversos pontos da cidade… Passada a eleição… Acabou a polêmica das árvores.
Mas a praça do Granito (devia se chamar “De Granito”, né!?) desde que foi construída não ficava tão bonita e tão bem cuidada… Fora abandonada depois de sua inauguração e o tempo se encarregou do resto… O tempo e a falta de educação de muitas pessoas… Tomara que não seja abandonada novamente. É bonito ver as famílias passeando e se divertindo ali. Sempre foi, desde a época em que havia o espelho d’água.
Como é época política há reclamações de que a administração demorou muito para dar andamento à obra e só o fez agora por causa da proximidade das eleições… Pode ser… Pode ser também que não tenha dado tempo antes. A administração passada começou umas reformas e não conseguiu concluir. Talvez tenha faltado recurso, talvez tenha faltado planejamento, mas daquela vez não ficou pronta. E desta vez passou raspando. Aliás, como muitas coisas no Brasil, foi inaugurada sem estar plenamente concluída. Isso já aconteceu com uma ponte pro ali também (quem lê e é mais velho, entenderá!!!).
Não tá 100%, mas parece que ficará… Há operários que ainda estão lá trabalhando, colorindo, arrematando (é um bom sinal). Certo é que ficou funcional e bonita. E tem lotado de gente a cada final de semana. Desta vez, ficou pronta de ponta a ponta (ou de ponte à ponte)... E ainda há a nova passarela, que eu chamaria de “ponte para o futuro” (mas acho que vai levar o nome de algum político ou parente de político…) E talvez daqui alguns anos alguém mude o seu nome de novo, e de novo...
Não é a primeira vez que se muda nome de praças na cidade. Havia uma “Dos três poderes” que magicamente virou “do imigrante”... E a dos três poderes livrava os transeuntes do sol escaldante, porque projetava sombra em seus 3 bancos circulares… A do imigrante deixa todo mundo no sol, sentados (se conseguirem) em bancos de granito polido... Há outros casos de mudanças de nomes de praças, falem com os mais antigos da cidade, eles sabem.
Mudar nomes é costume desde os antigos imperadores para apagarem seu antecessor da história… Tutancâmon, faraó Egípcio, foi sepultado em uma tumba comum e sua história foi esquecida por 3 mil anos… Tudo porque Ay, seu vizir, assumiu o trono e queria apagar sua história. E apagou, pois não se sabia dele até sua tumba ser descoberta.
Hoje em dia se reforma uma escola e se tira as placas de quem a construiu, passando a constar o nome do condutor da reforma. Até a “autoridade” seguinte resolver mudar de novo.
Mudar nome de praça não muda muita coisa… Cuidar da praça, isso sim, muda muita coisa… Basta ver que a simples abertura da nova praça mudou toda a efusividade da sexta-feira à tarde para o outro lado do rio… E o movimento noturno no centro da cidade, perto da bonita praça (que já nem sei mais que nome tem, mas era antigamente Jones dos Santos Neves) sumiu… Ou melhor, migrou.
Mudar nome de rua (costume de alguns vereadores que poderiam fazer coisa melhor) complica bastante a vida do cidadão, que precisa atualizar toda a documentação do imóvel no local (com custos, diga-se de passagem). Mas mudar nome de praça não costuma causar este transtorno.
Eu não mudaria o nome da praça, mas não tenho tanta dificuldade com essa questão. Entendo a homenagem da praça do imigrante, assim como entendo a homenagem ao Sr. Adélio Lubiana, que também contribuiu para o progresso de Nova Venécia. Como produtor rural e empresário veneciano que deu emprego a muitas pessoas por muito tempo. Aliás, ainda hoje, o que ele plantou junto com muitos outros, continua dando trabalho e sustento a diversas pessoas. Assim como muitos outros de nossos líderes venecianos que fizeram muita coisa, sem precisarem ser eleito para isso.
Mudar o nome expressa algo interessante.
A quem damos nomes? Damos nomes àquele ou àquilo que supomos nosso ou que temos ingerência sobre. Por isso os pais é que determinam o nome de seus filhos. E ainda vem o sobrenome, que enfatiza isso.
Na Bíblia, Cefas, mostrando que pertencia a Cristo, adotou o nome dado a ele pelo Salvador: Pedro. Saulo, muda para Paulo… Abrão, se torna Abraão e Sarai vira Sara. Jacó vira Israel. Todos que mudaram de nome têm algum significado de propriedade do Senhor que trocou seus nomes.
Assim, mudar nome costuma ser o sinal de que “eu mando” naquilo ou naqueles, que mudei o nome. E isso não é necessariamente ruim. Aceitar o nome que é dado é sinal de respeito e submissão. Muitos que se tornam muçulmanos recebem um nome conforme essa sua religião.
Na esfera política é uma forma de deixar legado depois de um governo.
Mas será que o nome é tão importante? Alguns fazem “ginástica” matemática para colocar mais letras nos nomes, porque daí sim, fariam sucesso… Assim a Sandra Sá virou “Sandra de Sá”, Jorge Ben virou “Jorge Ben Jor”... Não me parece que essa mudança de nome fez alguma diferença para a carreira deles… Mas posso estar enganado.
Quem nunca se engana diz em Apocalipse: “Portanto, se vocês têm ouvidos para ouvir, então ouçam o que o Espírito de Deus diz às igrejas. Aos que conseguirem a vitória eu darei do maná escondido. E a cada um deles darei uma pedra branca, na qual está escrito um nome novo que ninguém conhece, a não ser quem o recebe.” (Apocalipse 2.17)
Este é o nome que importa mesmo. É ter o nome de Cristo.
A pedrinha branca era possivelmente um diamante. Era o costume, em vez de convites de papel, entregar um diamante como o convite. Então, só entra quem, além do diamante, tem o próprio nome (de seguidor de Cristo) escrito na pedrinha.
O nome não torna a praça mais bonita. Mas pela reforma ela está muito mais bonita do que na última década. Parece que pela primeira vez planejaram toda a obra e a executaram como deveria. Parabéns à administração.
E, acima de tudo, parabéns também àqueles que carregam o nome que importa: o nome que está acima de todo nome: Jesus Cristo.
O nome da praça, a própria praça… Tudo passará. O nome de Cristo permanecerá.

Jarbas Hoffimann é formado em Teologia e pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil, em Nova Venécia. (pastorjarbas@gmail.com; facebook.com/pastorjarbas)

Estes e outros artigos são publicados no Jornal Correio 9, de Nova Venécia (curta para ser avisado das edições diárias, leitura completa online): https://www.facebook.com/correio9

sábado, 16 de julho de 2016

Queriam fazê-lo rei... Hoje querem ser reis

As notícias do mundo sempre falam da briga para ser “rei”... Parece que cada nova etapa das operações da Polícia Federal apontam para esse desejo… Alguém queria “ser rei”... Aliás, muitos “alguéns” querendo ser rei. Alguns se contentando em ser reis menores, mas ainda assim, rei sobre alguém…
Há ainda a busca pelo posto de “rei do tráfico”, “rei do crime” (não aquele que persegue o Homem Aranha, e do Demolidor, mas o real). Quantos esquemas de corrupção para “ser rei”...
Na Europa, plebiscito para sair de uma União Europeia hoje contestada, para “ser rei” (opa, lá não pode, porque já tem a rainha, que é mais uma figura decorativa, por isso a luta é para ser primeiro ministro, ou seja, o rei da vez). E quando passada a eleição, decidiu-se sair… Os candidatos a “futuro rei” pulam um a um do barco. Porque o ser rei, também implica em tomar decisões. E como a Inglaterra e o Reino Unido como um todo, parece ser um lugar de gente séria, se não fazem o que prometem…
Mas nas terras da banana e do Carnaval (nada contra a fruta, nem às festas) parece que se pode prometer de tudo… Tipo quando a companhia telefônica liga pra você e diz que tem uma forma de você pagar menos. Já fui tolo várias vezes (ou inocente, acreditei). Comigo, nunca, jamais, em hipótese alguma (nunquinha mesmo) foi vantajoso para mim. E gastei outras infinitas horas para cancelar o tal “benefício” que nunca me beneficiou, mas você certamente sabe como é isso…
Resumo da avalanche de ideias acima: aqui você vota num vereador (ou qualquer outro candidato) que pode prometer o que quiser, pois ninguém vai cobrar dele mesmo e, se cobrar, ele se torna tão inatingível, que você não consegue falar com ele. Por isso, nas próximas eleições, faça vídeos das promessas do seu candidato a prefeito e a vereador. Afinal, suas promessas não serão particulares, serão públicas. E, no decorrer dos anos, caso ele seja eleito, cobre a partir daqueles vídeos. Não vai dar pra dizer: “eu não falei isso”... E, ainda bem, ainda há bons políticos (pode acreditar… Basta procarar).
Quanto à igreja, faça vídeos do que te prometem também… Se quiser vir à minha igreja, pode vir gravar nossos cultos. Não prometeremos nada que o Senhor mesmo não prometeu em sua Palavra. E lá, ele só prometeu uma coisa neste mundo: “eu estou com vocês todos os dias, até o fim dos tempos”. (Mateus 28.20). Mas isso não livrou nem  os apóstolos de serem martirizados, ou João de ser exilado em Patmos, onde escreveu Apocalipse… O Senhor prometeu estar conosco. Não prometeu um Lamborghini… Prometeu nos amparar nos sofrimentos… Não nos prometeu vida eterna aqui neste mundo…
Sempre me pergunto porque esses “prometedores” de saúde, não vão aos hospitais, em vez de fazer com que os supostos “doentes” vão até seus templos pra pegar um paninho… Ou por que os “prometedores” de casamento feliz não se assentam em frente às varas de família para resolver os problemas… Ou ainda, aqueles “prometedores” de sucesso financeiro não vão nas filas de desempregados que se multiplicam… Porque em seus “templos” podem ser os reis…
Não caia no “conto do vigário”... O Senhor Jesus (o verdadeiro) nunca te prometeu “vitória” NO mundo. Ele venceu O mundo… Isso é bem diferente.
Nem quando o quiseram transformar em rei, ele permitiu: “Jesus ficou sabendo que queriam levá-lo à força para o fazerem rei; então voltou sozinho para o monte.” (João 6.15).
O que tinha acontecido para que quisessem transformar Jesus em rei? Ele tinha alimentado uma multidão… Daí o povo que ganhou comida, logo queria transformá-lo em rei. Algo como ganhar uns sacos de cimento durante a campanha (nããããooo!!!! isso não acontece, nosso povo não se deixa vender #sqn…).
Então: Jesus tinha alimentado muita gente e esse povo logo acha que é a solução para seus problemas… Bastava seguir o “milagreiro” que fome não passariam mais.
Mas Jesus faz o contrário dos milagreiros de hoje: “vocês estão me procurando porque comeram os pães e ficaram satisfeitos e não porque entenderam os meus milagres” (João 6.26) Ou seja: Jesus deixa bem claro: estou aqui para proclamar minha Palavra e não para fazer milagres (Jesus só realizou milagres, quando estes serviam para anunciar sua Palavra, não para encher os bolsos).
Assim, aquela numerosa multidão, não desiste dos favores: “Eles disseram: Que milagre o senhor vai fazer para a gente crer no senhor?” (João 6.30) “Pelamor!!!…” Jesus já tinha alimentado mais de 5 mil pessoas, que milagre ainda precisava fazer? Eles queriam as benesses de estar perto da “nobreza” (e que Jesus fosse rei logo), assim como ainda hoje se quer.
Jesus não quer ser um rei nesse mundo. Ele quer ser o rei da sua vida. Ele não te oferece vida fácil… Mas te oferece vida eterna. Se você quer vida fácil, tem alguém que oferece: “Depois o Diabo levou Jesus para um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e as suas grandezas e disse: Eu lhe darei tudo isso se você se ajoelhar e me adorar.” (Mateus 4.8)... E muita gente ainda continua querendo “todos os reinos do mundo”. Então, se te oferecerem vida fácil neste mundo, tenha certeza: NÃO FOI JESUS QUE PROMETEU.

Jarbas Hoffimann é formado em Teologia e pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil, em Nova Venécia. (pastorjarbas@gmail.com; facebook.com/pastorjarbas)


Estes e outros artigos são publicados no Jornal Correio 9, de Nova Venécia (curta para ser avisado das edições diárias, leitura completa online):

sábado, 9 de julho de 2016

Adoradores de imagem

Se você espera que este seja mais um texto de um pastor evangélico, falando mal dos católicos, errou… Não vai ler isto aqui. Até porque os luteranos reconhecem toda a importância da arte eclesiástica e o cuidado na construção dos templos, por exemplo. É lindo ver templos como a Matriz de São Marcos e sua construção de cultura litúrgica, indicada pela porta que se volta ao nascente. Igrejas litúrgicas sempre têm sua porta voltada para o nascente, lembrando Jesus, a luz do mundo.
Nós luteranos não temos problemas com cruzes ou crucifixos. Há até igrejas que usam estátuas representativas de pessoas como o Apóstolo Paulo, lembrando o grande missionário da Igreja Cristã de todos os tempos. Há também estátuas em homenagem a Lutero, que escreveu mais de 150 volumes de textos sobre a interpretação bíblica e mudou a igreja como um todo e mudou a história e geografia do mundo, tamanha sua influência.
Porém, é certo que na região do Espírito Santo, esta tradição litúrgica é um tanto diferente do restante do luteranismo no Brasil e no mundo. Mas andando pelo Brasil se vê vitrais, quadros e mesmo estátuas. E mundo afora é assim também. Aqui no Espírito Santo a igreja tem uma história peculiar, que posso explicar em outro momento, mas não agora.
Temos uma diferença em como “vemos” os santos. Para os católicos, os que foram bons (em Cristo) neste mundo, podem fazer algo por nós, desde lá, na eternidade, e por isso se faz preces a eles. Para nós luteranos, os santos são os que foram salvos pela fé em Cristo e estão na vida eterna. De lá, são nosso exemplo de fé, como Maria a Mãe do Salvador, Paulo, Pedro, São João e tantos outros, que são exemplo de fé e dedicação à obra do Senhor. Embora nós luteranos honremos a memória dos santos e seu exemplo deixado, não cremos que ela possa nos ajudar de alguma forma, por isso não oramos (ou rezamos) pra eles.
Aqui, quando falo de adoradores de imagem, não é dos católicos (nem de outras religiões, pois há outras) que falo. Falo dessa nova mania de “selfies”... Gosto muito de tirar fotos… Ajuda a memória. Porém prefiro de minhas filhas e linda esposa, e a “selfie” facilita a gente se incluir na foto e aparecer nos passeios, etc… Acontece que parece que muitos são viciados em “selfies”... E precisam dos “likes” e dos comentários. Como se a alegria dessas pessoas dependesse de quantas curtidas têm a foto ou o vídeo do “snapchat”.
Não faz muito tempo, uma “famosidade” de “instagram” revelou que sua vida na frente da câmera era falsa… Que as roupas que usava eram, na verdade, “presentes” de lojas, para incentivar a venda dos produtos. Os lugares das férias, bebidas e comidas consumidos, nada mais eram que propagandas, pelas quais ela recebia. Nada de errado em receber para fazer propaganda, mas aquela pessoa queria passar uma visão de vida que não era a sua, até surtar e começar a desconstruir aquela imagem falsa. Alegou ela que era melhor viver uma vida não tão “glamurosa”, mas verdadeira, do que viver numa mentira.
Nossos jovens (e como os jovens são influenciáveis) estão sendo diretamente influenciados pela necessidade de seguidores. Postam fotos sensuais, fazendo desafios, seminus… Bebendo até cair e se cortando, participando de eventos apenas para aparecer nas “selfies” de gente mais famosa que eles e tentando arrebanhar seus próprios seguidores para o “insta”, “youtube”, “face”... Numa vida cheia de cores na tela, mas vazia de conteúdo real.
Outro dia, em evento da igreja, gravei um dos hinos mais queridos pelos luteranos do Brasil: “Exultantes te Adoramos”, cantado num encontro reunindo mais de 600 pastores e várias outras pessoas que estavam ali presentes. Em questão de horas o vídeo tinha sido assistido por mais de 10 mil pessoas. O que mais me espantou foi a admiração e “certa inveja” de que uma postagem minha tivesse alcançadas tantas pessoas. Mas foi publicado apenas como testemunho de louvor de uma igreja ao seu Senhor, nada mais…
Jesus não tirava “selfies”, mas certamente tinha seguidores e muita gente comentando suas ações. Uns falando mal, outros bem.
Numa famosa multiplicação de pães e peixes parecia que muita gente iria seguir Jesus, tanto que fizeram de tudo para o encontrarem em outro local, perto do lago… Ao chegarem (com seus muitos “likes” e “follow’s”) Jesus parece não querer seguidores que só queriam se beneficiar a si mesmos: “vocês estão me procurando porque comeram os pães e ficaram satisfeitos e não porque entenderam os meus milagres.” (João 6.26)... Foram muitos “unfollow”...
Jesus não procurava fama… Não queria aparecer. Queria distribuir amor ao próximo e queria ajudar ao necessitado… Assim como os santos que são lembrados até hoje em dia. Jesus não queria apenas um número crescente de seguidores. Se fosse assim, bastava continuar distribuindo pães e peixes… A multidão certamente se achegaria a seu redor, como chegam em volta dos milagreiros e profetas da prosperidade.
Por fim, Jesus ficou com 11 seguidores… Muito aquém dos milhões de seguidores de “vlogers” atuais, que fazem de tudo para apenas aparecer (e não se enganem, ganhar dinheiro também).
Com aqueles 11, vieram outros. Mas não eram seguidores dos 11… Eram discípulos do Mestre. E só no dia de Pentecostes, quando Pedro falava (conforme registra Atos 2), quase 3 mil pessoas passaram a seguir Jesus. Mas muitos hoje só seguem Jesus esperando milagres. Deixam para segundo lugar o que é, de fato, importante: a salvação eterna. Muitos vão para a igreja apenas para tirar fotos perto das estátuas e relíquias, crendo que isso os salva. Outros nem isso, preferem o #partiuigreja #partiubalada #tomartodas #ateochao… Ou seja, a igreja é só pra poder dar uma boa justificativa para sair de casa, pois o que importa é #ateochao…
Quantas “duckface”... Quanta falsidade… Certa vez ouvi alguém dizer: “queriva viver no facebook… lá todo mundo é feliz, saudável, rico, tá sempre de férias, é devoto, ajuda o próximo, bom político…” É a idolatria de si mesmo. Adorando a própria imagem. Que, como imagem, não é viva, nem tem vida. Assim é bem difícil acordar a cada dia para uma vida real (abençoada, por vezes difícil, mas real).
#partiuserfeliz #partiuseguirJESUS.

Jarbas Hoffimann é formado em Teologia e pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil, em Nova Venécia. (pastorjarbas@gmail.com; facebook.com/pastorjarbas)

Estes e outros artigos são publicados no Jornal Correio 9, de Nova Venécia (curta para ser avisado das edições diárias, leitura completa online): https://www.facebook.com/correio9

A fidelidade brotará da terra

O amor e a fidelidade se encontrarão; a justiça e a paz se abraçarão. A fidelidade das pessoas brotará da terra, e a justiça de Deus olhará ...