Muitos estão rejeitando a Olimpíada de Pequim por causa da opressão no Tibete. O canetaço de Teodósio que acabou com os jogos da antiguidade, seguido por todo o imperialismo da igreja na guerra santa contra o paganismo, no entanto, trouxe mais prejuízo que benefícios. Os números negativos estão no vermelho do próprio sangue, registrados na história das Cruzadas. Já no início do cristianismo o apóstolo Paulo foi contra o boicote, e por isto criticado por conviver junto aos gregos. Ficou incomodado ao ver a cidade de Atenas tão cheia de ídolos, mas foi isto mesmo que motivou a entrar no Areópago (a colina de Ares – deus da guerra) e pregar o Evangelho:
- Atenienses, este altar onde está escrito “Ao deus desconhecido” é justamente aquele que eu estou anunciando. Não devemos pensar que Deus é parecido com um ídolo de ouro, de prata ou de pedra, feito pela arte ou habilidade das pessoas. (Atos 17.23, 29).
O resultado final foi a conversão de vários gregos e o surgimento de muitas igrejas locais.
E para deixar a hipocrisia de lado, o boicote precisa ser de tolerância zero.
Porque é do coração que vêm o orgulho e todas as maldades (Marcos 7.20-23).
Mas aí a coisa complica. E pensando nesta mania de querer competir e vencer, coisa que existe até na própria igreja, vejo que é um sentimento oriundo do Criador. Se não fosse a perversa natureza humana, seria útil para o serviço do bem e não para o prejuízo do próximo. Referindo-se à nova natureza criada pelo Espírito Santo, o apóstolo Paulo faz comparação:
“O atleta que toma parte numa corrida não recebe o prêmio se não obedecer às regras da competição”.
E no final recomenda:
“Faça todo o possível para conseguir a completa aprovação de Deus” (2 Timóteo 2.5,15).
Num mundo competitivo como o nosso, onde vencer significa derrubar e passar por cima, o único boicote deve ser à prepotência. Ou como diz a Bíblia:
Não procurem dominar as pessoas, mas prestem serviços e sejam humildes. Assim receberão a coroa gloriosa que nunca perde o seu brilho. (1 Pedro 5.3-7).
Marcos Schmidt
Pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo - Novo Hamburgo, RS
31 de julho de 2008
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