De férias, na praia (depois de muito tempo)...
Fiz o que gosto de fazer na praia: nada. Aliás, é o que eu gosto de
fazer nas férias (preferencialmente com a família). Na verdade, gosto de “fazer
nada”, estudar e escrever...
E enquanto fazia nada, na praia, sentado à sobra (porque só na sombra)
de um guarda-sol, observava. Não estava espiando ou espionando, ou “stalqueando”,
apenas contemplando.
O que se vê na praia?
O mais obvio: o mar. Coisa mais linda da criação de nosso Deus. Daí tem
areia e vento (que em alguns dias chega a incomodar, mas refresca)...
Além disso, vê-se pessoas. Muitos vendedores... Animais na areia, não
vi.
Há crianças, que correm pra água, seguidas por seus pais (ou outros
responsáveis) meio desesperados... Há adolescentes, poucos, porque parece que a
maioria prefere dormir até meio-dia e eu fui pela manhã. Jovens também têm
certa preferência por dormir pela manhã, então são poucos. Há adultos (aqueles
que estavam correndo atrás das crianças, lembra?) e outros ouvindo música (pois
é... inventaram essas caixinhas de bateria recarregável e o sossego acabou até
na praia), há idosos...
Entre estas pessoas todas, há negros (ou pretos, ou afrodescendentes —
já não sei como chamar pra não ofender, então escolha o de sua preferência e se
tiver outra palavra ainda, me avise para que agregar ao meu vocabulário
politicamente correto)... Alguns destes, bem negros (mesma observação do
parêntese anterior) e há brancos (acho que branco dá pra chamar só de branco
ainda, se não, me ajude) e alguns bem brancos. No restante, a grande maioria das
pessoas tem tons de pele que passeiam entre estes dois tons mencionados (se
pensamos em cor e não em etnias). E há famílias onde um é negro o outro branco
e os filhos lindamente misturam isso. Nesse dia foi o que vi.
Há também musculosos (poucos... Devem estar dormindo pra sair de noite,
ou devem estar na academia), há “saradas” (também poucas, acho que pelo mesmo
motivo dos musculosos)...
Há pessoas muito magras outras que estão acima do peso (sem preconceito
pra um ou outro, só observando).
Enfim, há pessoas diversas de corpos em formatos diversos e de idades
diversas.
Toda esta diversidade me fez pensar na criação de Deus. Perfeita.
Se não tivermos preconceito, achando que nós somos melhores que alguém,
veremos a beleza da criação. Beleza de negros e brancos convivendo, juntos,
numa mesma praia. Beleza de idosos e crianças convivendo... Beleza de homens e
mulheres, também esquecendo um pouco o “machismo” e o “feminismo” e convivendo
pacificamente perante a beleza do mar que encantava Tom Jobim e Caymmi... Este
último cantava ser “doce morrer no mar”, embora eu discorde (e posso
discordar). Doce é saber que quem criou o mar, continua a cuidar de nós: Deus
Pai, Filho e Espírito Santo. Nenhum outro. E, quando eu morrer, pela fé em
Jesus, o Pai me receberá. A mim e a todos quantos creem em Jesus.
Deus criou tudo e a cada momento da criação ele disse: “eis que tudo é
perfeito”. Eu não sou melhor (nem pior) porque tenho olhos claros e nem mesmo
porque estes meus olhos, já um pouco gastos pela idade, ainda enxergam... Não
sou melhor que aquele que não enxerga. Talvez eu tenha algumas facilidade de
fazer algumas coisas vendo, quando meu irmão que não enxerga precisaria lidar
com essa dificuldade de forma diferente. Mas acredito que ele teria facilidades
que eu não tenho, simplesmente por ter outros sentidos treinados para viver sem
a visão. Mas esse é o ponto de vista de quem enxerga... Posso estar enganado. E
essa é a beleza também: não somos os donos da razão e, estando abertos ao
diálogo, podemos aprender muito.
Você viu negros (veja a observação acima) e achou feios (ou bonitos)? E
brancos? Lembre que nossos padrões são normalmente definidos pela nossa cultura
histórica, geográfica, familiar, etc... E que nem tudo que é bonito pra mim,
será pra você e vice-versa... Gostos não se forçam, embora sejam minimamente
ensinados. Então, não tenha preconceito, apesar de que você terá gostos e
padrões diferentes... Ter gostos é gostar de jiló, quando outros o detestam...
Mesmo assim, amamos a pessoa que gosta de jiló e não vamos exterminar o jiló do
planeta por “jilófobia”.
Não ensine a seus filhos piadas que denigrem as outras pessoas, sejam
elas brancas, negras, portugueses, japoneses, ou brasileiros (aliás, o termo
brasileiro surgiu pejorativo, você sabia?)...
Ria de si mesmo e consigo mesmo. Faça amigos aonde for. Experimente a
comida que te oferecerem. Você será muito mais feliz se rodeado de tudo e de
todos que Deus criou. E que, na criação, era perfeito.
Jarbas Hoffimann é formado em Teologia e pastor da Igreja Evangélica
Luterana do Brasil, em Nova Venécia. (pastorjarbas@gmail.com;
facebook.com/pastorjarbas)
Estes e outros artigos são publicados no Jornal Correio 9, de Nova Venécia (curta para ser avisado das edições diárias, leitura completa online): https://www.facebook.com/correio9
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