sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

(Re)pensando a Escola Bíblica Infantil

Encontrei o artigo na Internet e resolvi acrescentar alguns comentários.
Ele trata de uma prática que nós luteranos temos tido já há alguns anos, que é retirar nossas crianças do culto para que tenham escola bíblica. Imagino que isso tenha acontecido conforme aumentou a dificuldade de os pais levarem seus filhos à escola bíblica em horário diverso do culto. Mas será que hoje não é mais fácil levar as crianças do que era antigamente? Meios de condução se popularizaram... Claro que em grandes centros, é geralmente um grande deslocamento. Mas será que mesmo ali não daria para tentar algo?
A meu ver, estamos deseducando nossas crianças de irem e ficarem no culto. As mandamos para a Escola Bíblica e já dá pra sentir a inquietação no culto quando este momento demora um pouquinho a mais. Ou quando, por algum motivo, não terá Escola Bíblica junto com o culto. Daí, quando estão na confirmação, queremos que “milagrosamente” aprendam a ficar quietinhas e prestar atenção ao culto... Nesse momento, o ficar no culto parece-me quase um “castigo”, porque lá na Escola Bíblica cantavam, corriam, pulavam, falavam com os coleguinhas e faziam perguntas ao professor... Mas “Deus-me-livre” se fizerem uma pergunta ao pastor durante o culto...
Porquê, então, manter nossas crianças no culto, junto com os pais?
Passo às perguntas que achei na internet, como lá não tinha referência do autor, deixo sem a referência. Mas não fui eu que cunhei os pontos abaixo. Embora concorde com eles. Abaixo de cada ponto, teço comentários.
1º. Crianças aprendendo o que é culto e como cultuar a Deus de forma reverente, não lúdica.
É até desejável que crianças aprendam de forma lúdica, mas o que acontece no culto também é importante. Eu já vi situações em que crianças não obedeciam os professores de Escola Bíblica, e sabe qual era o castigo? Voltar pro culto... Isso mesmo! Voltar pra igreja era castigo. O que isso ensina?

2°. Crianças sendo instruídas sobre o sentido de corpo, de adoração comunitária, adorando com os pais e os outros irmãos do Corpo de Cristo.
É triste que hoje se ensine, mesmo que sem querer, pais e filhos a se separarem já durante o culto. Culto se torna coisa de gente grande e Escola Bíblica é coisa de criança... Há locais hoje em dia que, se uma criança menor, começa a chorar, gera um incômodo muito grande, como se tivéssemos desaprendido a tolerar o choro de nossas crianças (nossas sim, da igreja).

3°. Crianças descobrindo, pela simples observação dos adultos, algumas emoções importantes e pouco encontradas em outros ambientes como reverência, alegria, contrição, arrependimento, exortação, consolo...
O aprendizado pelo exemplo, que tanto se fala, até biblicamente. Jesus diz: “aprendam de mim, porque sou manso” e Paulo: “sejam meus imitadores”. Mas não damos oportunidade para nossas crianças nos virem no culto. Nós não ensinamos mais pelo exemplo. E criança que não aprende com os exemplos de casa, aprende com os exemplos de fora.

4°. Pastores pregando mensagens com linguagem mais simples e aplicações direcionadas também para crianças e adolescentes.
Claro que nós pastores queremos atingir a todos dentro da nave eclesiástica, mas se não tivermos crianças no culto, nossa linguagem mudará instintivamente. E ter crianças no culto nos força a falar também pra elas e nos preocupar com elas no comedimento de certas expressões que não usaríamos em sua presença... Encontraríamos outras formas de dizer a mesma coisa, com palavras melhores.

5°. Pais treinando os filhos para o culto, durante a semana, por meio do culto doméstico diário.
No culto aconteceria o “treinamento” para o momento devocional no lar. E vice-versa. Ou seja, em casa espera-se que as crianças parem e fiquem quietinhas para a devoção, mas na Escola Bíblica não é isso que normalmente acontece. Os professores usam de técnicas diversas para manter a atenção, como ilustrações, bonecos, fantoches... Coisas que normalmente não temos em casa. Mas se as crianças participam com os pais no culto aprenderão isso naturalmente e se participam de devoções no lar, ficarão mais tranquilas no culto.

6°. Pais ensinando seus filhos a permanecerem em silêncio em ambientes que o requerem, como o culto.
Há crianças que são mais “barulhentas” que outras e isso parece incomodar. Não deveria. Todos já tivemos contato com crianças e sabemos que elas aprendem conforme as ensinamos. E não há lugar melhor para ensinar respeito e hora para cantar, falar e silenciar, do que no culto. Num primeiro momento será difícil, especialmente para os pais que parecem se incomodar mais que os outros. Mas ao aprendermos o valor de trazer nossos filhos ao culto, aprenderemos a ter mais tolerância com crianças que às vezes se excedem e com pais que ainda não conseguem silenciá-los... Às vezes é um aprendizado mútuo, tanto para pais quanto para crianças e ainda para a igreja. A igreja deveria se alegrar com as crianças no culto... Elas garantem a continuidade daquela mesma igreja.

7°. Pais continuando o ensino do sermão em casa, verificando se os filhos entenderam a mensagem, resolvendo dúvidas, e aplicando o ensino mais diretamente na vida do filho.
Hoje os (quando lembram ou se importam) perguntam para os filhos: “Qual foi a história de hoje na escolinha?” E daí, normalmente as crianças explicam... É ótimo. Mas não seria muito bom pais e filhos continuarem refletindo sobre a aplicação do sermão? Não seria uma oportunidade de pais passarem exemplos para seus filhos? Isso não existe mais pois pais têm um culto e filhos (se queremos considerar culto a Escola Bíblica, mas não é) têm outro culto... Até aí os estamos separando. Não apenas fisicamente, mas também no conhecimento adquirido naquele momento, nas experiências trocadas e muito mais.

8°. Adultos sendo menos egoístas, aprendendo a suportar algum eventual barulho infantil.
Disto já falei acima, mas é incrível como os adultos estão se tornando “pirracentos” também. Não suportam uma criança, que pra mim é o barulho da vida... Mas se dão muito bem numa igreja onde os decibéis vão aos píncaros... Ou num evento social onde mal conseguimos ouvir (gritando) alguém que está sentado na mesma mesa, ao nosso lado. Isso quando não fazemos de nossa própria casa um local tão barulhento (TV, Computador, Celular com fone nas alturas...) que ninguém mais se ouve... Mas daí, um bebê chorando por fome, dor ou outro incômodo, nos é “impossível” de suportar. Temos ficado tão egoístas que nem na necessidade daquela criança ficar no culto pensamos mais...

9°. Adultos “adotando” crianças no culto, isto é, trazendo para seu banco crianças cujos pais não são crentes, para que elas não fiquem sozinhas;
É raro que haja crianças nos visitando sem os pais, mas acontece. E que bom se pudermos ser os “pais espirituais adotivos” dessas crianças. Que coisa mais linda. Mas se trouxermos os “visetantezinhos” para o culto e os mandarmos para a Escola Bíblica, tirando o momento da história bíblica, é quase como se a estivéssemos levando a uma festa infantil.

10°. Pastores com a consciência tranquila em cumprir exatamente o prescrito na Palavra: Família da Aliança em adoração conjunta.
Acho que este último ponto é o que mais me incomoda, como pastor. Não que desconfie de forma alguma do que os professores estão ensinando. Tenho certeza que é a verdadeira e pura Palavra de Deus. Mas o Senhor me chamou para ser pastor de toda a família. E, nós pastores, quase não temos mais contato com os pequeninos.

Não tenho respostas ou soluções e nem quer mudar nada radicalmente na igreja. Mas estou convencido de que estamos ensinando nossas crianças a não gostarem do culto. Se lá pela década de 80 falávamos do valor de ter toda a família no culto, junta, hoje parece que separamos pais e filhos sem muita cerimônia.
Vamos pensar juntos, quem sabe achamos uma forma melhor, não de acabar com a Escola Bíblica, que é essencial, mas de que as crianças tenham ambas as oportunidades, porque o maior evento da igreja é, sem dúvida, o Culto e estamos privando nossas crianças dele. Assim como privamos, e aqui outro ponto de preocupação, nossos professores.
Feliz a congregação que, como a minha, tem 12 ou mais professores e ajudantes... Daí o professor “falta” ao culto apenas uma vez a cada 6 semanas... Mas e aquelas que têm poucas destas vocações? Como se tem feito para que os professores não percam a oportunidade de usufruir o perdão junto com os irmãos, de participar da Santa Ceia e ouvir a pregação?
É pra pensar. Orar e agir.
Rev. Jarbas Hoffimann
Pastor Luterano
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Congregação Castelo Forte
Nova Venécia, ES

sábado, 26 de novembro de 2016

Fidel morreu, não fique feliz

Neste título apenas citei um fato. Ponto. Fidel Castro morreu. Você também vai morrer. E, pasmem, eu também. Mas hoje em dia as pessoas só leem e escutam o que querem.
Lembrem-se quando Jesus foi chamado para dar opinião sobre algumas pessoas que morreram num incidente. Está registrado em Lucas 13.1-5: “Naquela mesma ocasião algumas pessoas chegaram e começaram a comentar com Jesus como Pilatos havia mandado matar vários galileus, no momento em que eles ofereciam sacrifícios a Deus. Então Jesus disse: — Vocês pensam que, se aqueles galileus foram mortos desse jeito, isso quer dizer que eles pecaram mais do que os outros galileus? De modo nenhum! Eu afirmo a vocês que, se não se arrependerem dos seus pecados, todos vocês vão morrer como eles morreram. E lembrem daqueles dezoito, do bairro de Siloé, que foram mortos quando a torre caiu em cima deles. Vocês pensam que eles eram piores do que os outros que moravam em Jerusalém? De modo nenhum! Eu afirmo a vocês que, se não se arrependerem dos seus pecados, todos vocês vão morrer como eles morreram.”
Quero me ater a este versículo: “Vocês pensam que, se aqueles galileus foram mortos desse jeito, isso quer dizer que eles pecaram mais do que os outros galileus?”
Notem que Jesus não está se referindo à forma da morte, mas sim ao fato de que todos vão morrer. E todos vamos. Veja: “todos vocês vão morrer como eles morreram”. O “como eles morreram” não é a forma da morte, mas que a morte virá para todos. Até para os que criticavam os mortos daquele momento.
As pessoas que estavam falando com Jesus estavam se achando superiores em sua fé, àqueles que morreram. Estavam querendo dizer que aquelas mortes tão notórias eram mostra de que eles, os mortos, seriam mais pecadores do que eles, que interpelam Jesus.
Me parece que na morte de pessoas proeminentes, das quais discordamos, há muita gente que se acha superior aos que morrem. Hoje foi o Fidel… Amanhã será quem? E se o Trump morrer, quantos festejariam? Infelizmente muitos destes que comemoram a morte de alguém tido como ímpio são ou somos nós cristãos… Ou acham que são cristãos… Pois cristão nenhum, consciente de sua missão, comemoraria a morte de quem quer que seja… Aliás, o cristão comemora sim a morte… Comemoramos a morte de outros cristãos fiéis. Comemoramos porque eles venceram. É normalmente um momento triste, de despedida, mas estamos dando graças por aquele que venceu o mundo e agora está com Cristo, esperando pela ressurreição.
Mas hoje parece que cristãos têm prazer na morte de pessoas que são consideradas “inimigas” de princípios cristãos. Parece que se alegram quando coisas ruins acontecem a pessoas que são julgadas como más. Aliás, muitos pedem a “justiça de Deus” contra os outros. Mas nessas palavras, não querem justiça, querem vingança.
Veja o que diz Ezequiel 18.23: “Vocês pensam que eu gosto de ver um homem mau morrer? — pergunta o Senhor Deus. — Não! Eu gostaria mais de vê-lo arrepender-se e viver."
Não há muito o que dizer… Além do versículo 21 e 22 do mesmo texto: “Se um homem mau parar de pecar, se guardar as minhas leis e se fizer o que é certo e bom, não morrerá; é certo que viverá. Todos os seus pecados serão perdoados serão perdoados, e ele viverá porque fez o que é certo.” E o “não morrerá” remete à condenação eterna. Ou seja, mesmo que morra temporalmente, se foi convertido e voltou-se para Deus, não será condenado.
Deixe Deus ser Deus. Deixe ele perdoar, pois ele quer perdoar. Deixe ele condenar, se for necessário condenar.
O Senhor dá o tempo de uma vida para a pessoa se arrepender: “O Senhor não demora a fazer o que prometeu, como alguns pensam. Pelo contrário, ele tem paciència com vocês porque não quer que ninguém seja destruído, mas deseja que todos se arrependam dos seus pecados.” (2º Pedro 3.9) E, ao contrário de Deus, nós não somos muito “pacientes”. Queremos nos vingar com as próprias mãos. Ficamos felizes com a morte de pessoas tidas como más. E esquecemos que diante da Lei de Deus todos somos maus e todos somos condenados. Se não fosse a misericórdia de Jesus, o que seria de nós.
Ao contrário de se alegrar com a perda de alguém como se supõe Fidel Castro ter sido perdido, deveríamos orar para que o Senhor dê mais e mais tempo para os ímpios serem alcançados por nosso testemunho.
O tempo urge. Se você é cristão, se concentre em falar do amor de Jesus. Pois ele perdoou até o bandido na cruz. E perdoa você também.

Jarbas Hoffimann é formado em Teologia e pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil, em Nova Venécia. (pastorjarbas@gmail.com; facebook.com/pastorjarbas)

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Confusões futebolísticas

Bem… Você deve ter ouvido falar sobre o último Fla x Flu… O meu “face” não fala de outra coisa. Se é que o “face” fale.
Mas pra você que talvez não viu, cabe uma explicação: no final daquele jogo houve um gol e segundo os “especialistas” havia 3 ou 4 jogadores do Fluminense impedidos. Assim, o árbitro (que não é juiz, é árbitro, ou seja, não julga, executa a lei)... Então o Sandro Meira Ricci, já conhecido por suas atuações desastrosas, acertou… É. Ele acertou o lance, que foi indicado pelo auxiliar (o famoso bandeirinha). Ambos indicaram que foi impedimento, invalidando, então, corretamente o gol que daria o empate ao Fluminense e deixaria o líder Palmeiras, ainda 3 pontos na frente deste campeonato mais embolado dos últimos anos.
Qual não foi a surpresa, quando, pressionado por jogadores do Fluminense (e sem ouvir ninguém de fora) o árbitro resolveu mudar de ideia e validou o gol. Ou seja, não aguentou a pressão… Mas parece que ouvir “alguém de dentro não tem problema”... E parece não ter problema também, ele ter validado o irregular por pressão. Mas aí a confusão se armou e foi a hora do Flamengo pressionar (já que o árbitro não aguenta a pressão…). Treze minutos se passaram e, supostamente informado de que a TV mostrava o impedimento claro, o árbitro resolveu voltar atrás novamente, para desespero dos tricolores que ainda sonhavam com o título que, ali, ficava mais distante…
Este episódio me fez pensar: “É melhor fazer de maneira errada a coisa certa, ou de maneira certa a coisa errada?”
Afinal, invalidar o gol, foi certo (e estava certo da primeira vez). Mas por pressão o árbitro mudou de ideia (o que é errado e ainda validou o erro)... Contudo, se por assistência da TV, ele finalmente foi convencido de que sua primeira decisão estava certa, isto seria errado? Pois ainda é ilegal usar a TV como recurso (estupidez, é verdade… Todos os esportes já usam a TV para serem mais justos)...
Quando o gol foi validado, foi de maneira errada, pois foi por pressão de jogadores, que não deveriam também influenciar o posicionamento do árbitro. Quando foi invalidado, teria sido pela TV, embora seja a decisão correta...
E aí?
No futebol, o simples fato de eu ter me posicionado de um lado ou de outro, aí acima, já vai fazer com que muitos discordem, afinal, envolve paixões… E no futebol, muitas vezes, não interessa quem está certo… Interessa que o outro perca. E daí vêm frases infelizes como “roubado é mais gostoso”. Ou apelidos discriminatórios aos adversários que, na maioria das vezes, são vistos como inimigos… Culpa um pouco de alguns locutores que incentivam a ira, como: “ganhar é bom, mas ganhar da Argentina é melhor ainda”...
Pra tentar elucidar, eu poderia usar o texto bíblico de Mateus 21.28-32:
“Jesus continuou:— E o que é que vocês acham disto? Certo homem tinha dois filhos. Ele foi falar com o mais velho e disse: “Filho, hoje você vai trabalhar na minha plantação de uvas.”— Ele respondeu: “Eu não quero ir.” Mas depois mudou de ideia e foi.— O pai foi e deu ao outro filho a mesma ordem. E este disse: “Sim, senhor.” Mas depois não foi.— Qual deles fez o que o pai queria? — perguntou Jesus.E eles responderam:— O filho mais velho.Então Jesus disse a eles:— Eu afirmo a vocês que isto é verdade: os cobradores de impostos e as prostitutas estão entrando no Reino de Deus antes de vocês. Pois João Batista veio para mostrar a vocês o caminho certo, e vocês não creram nele; mas os cobradores de impostos e as prostitutas creram. Porém, mesmo tendo visto isso, vocês não se arrependeram e não creram nele.”
Neste texto bíblico temos um paradoxo: aquele que disse que não iria fazer, fez… E o outro, que prometeu fazer, não não fez.
Apesar de lembrar o árbitro do Fla x Flu, não é disso que esse texto está falando. Ele fala daqueles que primeiro foram chamados para fazerem parte do povo de Deus. Aliás, que foram chamados para ser o povo de Deus, os judeus… Eles fizeram uma aliança com Deus, prometeram servi-lo como único Deus e, contrariando sua promessa, adoraram outros deuses e se afastaram da pura e clara lei de Deus, entregando-se a uma infinidade de regras que não são bíblicas, preocupando-se com lavar mãos, pés, camas, etc… Enquanto seu coração estava sujo pelo pecado. E rejeitaram o Messias.
E aqueles que primeiro rejeitaram as ordenanças do Pai são os cristãos (no texto bíblico, os não-judeus). Estes primeiro estavam longe, com suas atitudes disseram que não fariam a vontade do Pai, mas, arrependidos, mudaram de vida e receberam o Messias. Assim, apesar de num primeiro momento terem sido pirracentos, fizeram o certo… Já os outros, apesar de aparentemente obedientes, eram falsos.
Mudar de ideia não tem problema. Aliás, se você está errado, deve mudar de ideia. Ouça, pesquise, leia… Medite, compreenda e mude. Não tem problema mudar. Sábios mudam de ideia para aceitar. Idiotas não mudam de ideia nunca, mesmo que provada errada.
O árbitro acabou acertando, depois de uma confusão que ele mesmo criou… Certamente haverá problemas pra ele. E fica a mancha da dúvida. Mas isso não tem nada a ver com a vida eterna.
Agora se você errar diatne da vontade do Pai… Isto pode custar sua vida eterna. E daí não vai adiantar dizer: “eu não sabia”... Deus não cai nessa.

Jarbas Hoffimann é formado em Teologia e pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil, em Nova Venécia. (pastorjarbas@gmail.com; facebook.com/pastorjarbas)

Estes e outros artigos são publicados no Jornal Correio 9, de Nova Venécia (curta para ser avisado das edições diárias, leitura completa online): https://www.facebook.com/correio9

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

O cristão (de verdade) e a política

Você sabe quando foi que os “cristãos” começaram a ser chamados de “cristãos” e por quê?
O livro de Atos dos Apóstolos, no capítulo 11.26 diz: “Foi em Antioquia que, pela primeira vez, os seguidores de Jesus foram chamados de cristãos.” Antes tinham sido os “do caminho”... Agora estava definido o nome que perduraria pelos séculos. Que tremularia em bandeiras e empossaria e destituiria reis… Que levaria pessoas a (impensáveis) guerras “em nome de Deus” (mas que Deus nunca pediu)... Mas também, um nome que, acima de tudo, traz a paz. O cristão, essencialmente é alguém que busca paz… Quando vai à guerra por iniciativa, não está agindo como cristão.
E por que foram eles chamados de cristãos? Porque eles eram um grupo que se distinguia dos demais. Precisavam de um nome que os identificasse, assim como fazemos ainda hoje com pessoas que se comportam de uma mesma forma… São os “hippies” (esses já nem existem mais, ou estão por aí vendendo seus artesanatos…), são os emos, os “haters” (esse é bem atual: são pessoas que apenas destilam ódio e crítica, coisa bem comum na rede). Estes grupos que cito, são distinguidos por seu comportamento de vestimenta, atitude, modo de falar. Os cristãos também receberam seu nome por causa de seu modo de agir, falar, andar, pensar, adorar, tratar o próximo… Aliás, tem muito religioso por aí, que fala de Jesus, mas não são mais conhecidos como cristãos. Outros nomes suplantam o Cristo… E sem Cristo, sem cristianismo...
“Todos os que creram pensavam e sentiam do mesmo modo. Ninguém dizia que as coisas que possuía eram somente suas, mas todos repartiam uns com os outros o que tinham.” (Atos 4.32) NOTE BEM: isto não é a instituição do socialismo. Jesus não era nem comunista, nem socialista, nem outro regime que você queira impor a ele. Não era de esquerda, quando distribuiu o pão, nem de direita, quando às chicotadas limpou o templo… O reino dele nem era desse mundo. E ele mesmo pediu para se respeitar as autoridades, dando a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.
O texto de Atos 4 trata do amor demonstrado aos irmãos. É um texto que fala da vida sabendo que ela passará e o que temos precisa servir para o bem comum. Para alimentar o faminto, etc… Tudo marcado pelo amor, não pela obrigação… Pela fé, não pela imposição.
Assim, vivendo dessa forma, os cristãos se destacavam no meio dos outros.
Mas e como aplicar isto à política? Repito: Jesus não foi político de carreira, embora fizesse seus discursos. Não queria tomar o poder e nem precisava, sendo Deus Todo-Poderoso.
Mas como aplicar o cristianismo à política? Pode um cristão (e um líder cristão) ser e se envolver com política?
Vamos tentar:
Primeiro: o cristão, além de cidadão do céu (Filipenses 3.20), é também cidadão no lugar onde vive. E nesse lugar ele precisa fazer, por amor, todo o bem que lhe for possível fazer.
Segundo: como cristão e querendo o bem de todos, um caminho (não o único) pode ser a política.
Terceiro: como cristão e político, ele nunca buscará o bem próprio ou de sua denominação religiosa. Cristão que entra na política para ganhar favores para a sua igreja é uma raça desprezível e que deveria ser banida do meio político. Porque é mais um que só pensa em benefícios próprios. O cristão, seja ele de qualquer denominação, entende que precisa buscar, na política, o bem para todos. Aliás, o bom político é assim.
Seja esse “todos”, cristão, espírita, budista, ateu, ou qualquer outra coisa que se defina. Essas bancadas “evangélica”, “católica”, etc… São uma aberração simplesmente por existirem. Eu nunca votei e nunca votaria em alguém que, mesmo da minha igreja, se propusesse a defender apenas os direitos da minha religião. Assim como não votaria em candidatos de sindicatos que só querem “puxar a brasa pro seu assado”, assim como não votaria em ninguém que não se preocupasse com o bem coletivo.
Quarto: fuja de candidatos que usam da religião para parecerem melhores que os outros. Não votaria em “padre”, “pastor”, “missionário”, “evangelista”, “pai-de-santo”, ou quer outra denominação. Líderes religiosos que usam sua função para se eleger estão usurpando de um cargo e de uma função que lhes foi conferida não para serem eleitos, mas para servirem à sua igreja.
Se quiser ser candidato, que seja, mas não use a fé dos outros para angariar votos. Assim como, por lei, jornalistas, apresentadores de TV, radialistas e outros têm que se afastar da sua função para poder concorrer. Os religiosos deveriam ser os primeiros a livremente abdicar de suas funções (nem usando o nome do cargo) como exemplo.
Não quis falar isso durante o período eleitoral, para não prejudicar ou ajudar involuntariamente alguém. Mas agora é hora de, junto com os que foram eleitos, buscar o melhor para toda a cidade.
Você quer participar da política? Participe. Mas se é cristão, lembre que acima de tudo, você representa e precisa levar o amor de Cristo a TODOS.

Jarbas Hoffimann é formado em Teologia e pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil, em Nova Venécia. (pastorjarbas@gmail.com; facebook.com/pastorjarbas)

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terça-feira, 9 de agosto de 2016

"Hartmon" - não seja você um idiota

O Pokemon continua “top” nas discussões de mídias sociais… E o que mais me impressiona é a hipocrisia de tanta gente chamando os outros de idiota por causa de um joguinho. Hipocrisia sim. Pois a mesma atitude que condenam, fazem. Qual seja: em vez de sair à rua procurando monstrinhos e pokebolas, saem às ruas postando fofocas, maldades, futricas, vídeos pornográficos, fotos de acidentes e mortes… E com uma grande desvantagem aos caçadores de Pokemons: os caçadores fazem longas caminhadas, e no intervalo entre um monstro e outro, conversam, tiram fotos, aproveitam a cidade… Se você olhar em volta verá que nossa cidade está com mais jovens nas ruas do que de costume… Antes ficavam talvez nas mesmas redes sociais dos “odiadores de Pokemon GO”, enchendo sua cabeça apenas com as futricas que falei acima… Agora, caçam… E não tem problema nenhum nisso, desde que respeitem a propriedade e a individualidade dos outros… Desde que haja limites, como separar horários para fazer outras coisas, além de caçar… E acho que é uma “modinha” que vai passar também… Até porque, se não aparecerem mais “pokestops” vai ficar difícil…
O único pokestop é em frente ao lado do Salão dos Gêmeos, naquela loja de artigos religiosos… Já já alguém encosta um carrinho de cachorro-quente ali e começa a lucrar com os jovens caçadores famintos… Porque as caminhadas são longas e vão sempre voltar ali.
Enquanto os jovens estão caçando monstrinhos virtuais… O que existe desde o Tamagotchi… (Voltei ao fim dos anos 90 com o Tamagotchi).
Bem, enquanto caçam, conversam, tiram fotos, fazem exercício físico e criam uma rede social que tinha sido esquecida: aquela da conversa pessoal… Talvez você que me lê agora no facebook, no Whatzapp, ou em qualquer outra, devesse instalar Pokemon GO em seu celular também e parar de futricar a vida dos outros… Mas não sei se é o seu caso… Se não for, ignore este parágrafo.
Se você usa bem as redes sociais (sim, existe muita gente que usa para o bem), procure entender antes de opinar. Não existe maior expressão de ignorância do que achar-se sábio… E todo mundo emite opinião sobre tudo hoje em dia. Inclusive sobre o joguinho. Você sabe o que ele, de fato, é? Pasme: é um jogo que tem por objetivo trazer riqueza a seus criadores… Ele é gratuito, mas você pode comprar um monte de coisas dentro dele… Fora isso, o simples lançamento fez a empresa dobrar de tamanho em valor. E é um jogo melhor que aquele que você joga. Porque aquele joguinho que você joga só exercita um dedo… Pra fazer os docinhos caírem… Ou para estourar quadrinhos, ou qualquer outro desses de fazer pares… Esse aí você joga sentado, ou deitado… Além de tudo, ficando cada vez mais sedentário e, quem sabe, doente, por falta de exercício físico.
Fora este primeiro tipo de ignorância ainda há outro tipo: aquele pessoal que vê o diabo em tudo, menos onde ele, de fato, está. Se você acha que o Pokemon Go pode tirar Deus do seu coração, é porque Deus já não estava lá. É o mesmo pessoal que alguns anos atrás achava que era pecado o esporte… São tão certinhos por fora, que esquecem que o problema é por dentro. Preocupam-se com a roupa, o cabelo e muitas outras coisas externas, como o faziam os fariseus no tempo de Jesus, mas o coração… Ah o coração… É um rio de maldades...
Certa vez Jesus disse: “O que entra pela boca vai para o estômago e depois sai do corpo. Mas o que sai da boca vem do coração. É isso que faz com que a pessoa fique impura. Porque é do coração que vêm os maus pensamentos, os crimes de morte, os adultérios, as imoralidades sexuais, os roubos, as mentiras e as calúnias. São essas coisas que fazem com que alguém fique impuro. Mas comer sem lavar as mãos não torna ninguém impuro.” (Mateus 15.17-20).
É claro que este texto está falando da comida sem lavar as mãos. Isto é obvio, mas nos ensina uma grande verdade sobre onde estão os verdadeiros monstros que podem fazer mal… Dentro do coração. São os “Heartmon”... São eles que fazem você usar as redes sociais para propagar o mal… São eles que te fazem julgar os outros, só porque você tem inveja que eles estão se divertindo e você não… São eles que fazem você se achar superior.
Então, querido leitor, pare de ser chato… Largue de ser ignorante… Leve uma vida mais leve. Divirta-se. Eu também não gostei do joguinho, mas gostei do que ele me proporcionou… Já conduzi (para cuidar delas) minhas filhas em suas caçadas… Já conversei com crianças e jovens, que antes não conseguiria puxar uma conversa, porque eles parecem ter seu próprio mundo… Já fizemos exercícios juntos e temos agora mais um assunto em comum… Mas conosco (minhas filhas, esposa e eu) nunca perdemos o assunto… Sempre dividimos tudo, este é só mais um assunto a dividir… E tratamos os assuntos delas também como importantes, pois são importantes para elas…
Talvez na sua casa seja diferente, por isso, aproveite que estamos na semana dos pais e vá fazer coisa junto com seus filhos… Jamais se esqueça, porém, que como tudo mais neste mundo, o Pokemon GO vai passar também, o que restará são os bons exemplos que você deixará para os que te observam. Exemplo de compromisso, de respeito, honestidade, exemplo de ouvir e aprender antes de emitir opiniões… Exemplo de fé, ou da falta dela… Eu usei a caçada, para dar uma volta completa na nova praça Adélio Lubiana. Foram fotos e mais fotos entre um monstrinho e outro. Minhas meninas ficaram empolgadas, felizes… E não foi só pela caçada. Foi porque o pai delas tirou uma hora (pois é, tenho até vergonha de reconhecer que foi só uma hora) do seu dia para simplesmente estar com elas… Não sou o melhor pai. Sei dos monstros que estão também no meu coração… Mas sei que estes monstros são mortos por Cristo, meu Salvador. E “o sangue de Jesus nos limpa de todo pecado.” (1º João 1.7). Os monstros sempre quiseram nos cavalgar… E estão andando de galope por aí cada vez que apontamos o dedo para acusar os outros. Por outro lado, cada vez que estendemos a mão do perdão, estes monstros perdem lugar. E Cristo ocupa o lugar que lhe é devido.

Jarbas Hoffimann é formado em Teologia e pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil, em Nova Venécia. (pastorjarbas@gmail.com; facebook.com/pastorjarbas)

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quinta-feira, 4 de agosto de 2016

De cabeça baixa

Certa vez ouvi uma estorinha (sim, ainda há diferença entre história e estória) que ficou gravada em minha mente. Foi na igreja, mas não lembro mais o pastor que a contou… Faz “muuuuuuito” tempo. Mas lembro:
“Certa vez, um andarilho, achou dinheiro no chão. Ficou muito feliz com isso, pois precisava daquele dinheiro. Dali em diante ele passou a andar sempre olhando atentamente para o chão… Por causa disso, muitas vezes quase foi atropelado. Outras vezes caiu por bater em postes. Ou deu esbarrões em pessoas que passavam. E no fim o que conseguiu foi um problema de coluna, alguns hematomas, vários botões e muito mais lixo encontrado nas sarjetas.”
E agora? Com o Pokemon Go…
Já há casos de acidentes, de assaltos, de tiros achando que os “caçadores de Pokemon” seriam bandidos e por aí vai.
Antes já olhávamos cada vez menos ao redor e cada vez mais para a telinha… Ou as telinhas, pois quando não é a do celular, é a do computador ou da TV (esta, que já atrapalha as conversas familiares faz anos… Muitos anos.) E a TV era pior… Se o celular permite que você se comunique com outras pessoas, a TV só te passa (des)informações e impede as conversações, pois sempre tem um “cala a boca que eu quero ouvir a TV”.
Agora multidões correm atrás dos monstrinhos do Pokemon Go… E já vi como funciona. Minhas filhas ficaram fascinadas em caçar. Eu achei chato. Mas talvez o chato seja eu que não tenho mais paciência para algumas coisas… Entretanto não se espante com jovens e adolescentes andando apontando o celular para tudo que é lado. Pois você precisa “pegar” com a câmera e precisa apontar ela para todos os lados… Quando achar o monstro, tem que jogar a “pokebola” para o prender… Se for um Pokemon mais forte, precisará atirar várias vezes a armadilha… E às vezes vai parecer que estão te filmando ou te fotografando, sem a sua permissão, mas não estarão nem te vendo… Na sua frente, em realidade aumentada, estará um Pokemon… Estarão “lutando” para ouvir um “Gotcha”... E estarão de cabeça baixa. Eu realmente acho que é um entusiasmo inicial e que vai passar… Mas…
O que vemos agora é muita gente de cabeça baixa. E o que vão encontrar? Agora, Pokemons… Mas deixarão de ver à volta. Não verão os riscos e nem as oportunidades. Pois de cabeça baixa só vemos o chão… Agora nem mais o chão, apenas a telinha do celular. Claro que tem coisa boa também, porque na “caça” e competição, que sempre existiram, mesmo em álbuns de figurinha, os “caçadores” vão interagir com outros. Fazer novas amizades, desfazer outras… Enfim, quase tudo tem lados positivos e negativos… Como da estorinha inicial: foi legal achar dinheiro, foi ruim perder a vida procurando mais, olhando para a direção errada.
Como cristãos aprendemos a olhar para cima e para os lados: “Depois de ter dito isso, Jesus foi levado para o céu diante deles. Então uma nuvem o cobriu, e eles não puderam vê-lo mais. Eles ainda estavam olhando firme para o céu enquanto Jesus subia, quando dois homens vestidos de branco apareceram perto deles e disseram: — Homens da Galileia, por que vocês estão aí olhando para o céu? Esse Jesus que estava com vocês e que foi levado para o céu voltará do mesmo modo que vocês o viram subir.” (Atos 1.9-11).
Se olharmos só pra tela do celular não veremos a necessidade das pessoas à nossa volta. Não veremos as necessidades de nossa cidade. Não poderemos acompanhar a sociedade e suas alegrias, nem suas tristezas. Não veremos que a Casa do Vovô, a Apae, pais de filhos com necessidades especiais, e tantos outros precisam de ajuda… Imagine a luta para integrar um filho autista em escolas públicas que deveriam ter cuidadores especiais, mas não têm orçamento para isso… Imagina a luta de um asilo para cuidar bem dos idosos, quando falta comida, bebida, fraudas… E pessoas para ajudar… Talvez, em vez de Pokemons, pudéssemos ter órfãos e idosos aparecendo na telinha do celular… Mas...
É preciso olhar em volta. E ver quantos sofrem por fome, tristeza, desamor…
É preciso olhar pra cima e reconhecer nossa completa dependência da misericórdia de Jesus, para poder fazer alguma coisa por aqueles que estão à nossa volta.
No tempo de folga, brinque à vontade… Assista suas séries preferidas na Netflix… Cace Pokemons… Balance na rede… Veja futebol… Mas não deixe de olhar em volta e para cima. É muito mais importante e você fará muito mais diferença.

Jarbas Hoffimann é formado em Teologia e pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil, em Nova Venécia. (pastorjarbas@gmail.com; facebook.com/pastorjarbas)

Estes e outros artigos são publicados no Jornal Correio 9, de Nova Venécia (curta para ser avisado das edições diárias, leitura completa online): https://www.facebook.com/correio9

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Ódio

As notícias sobre o ódio se multiplicam. A França parece ter se tornado num território preferido para os atentados de todos os tipos. Esforçam-se em dizer que não é culpa de nenhuma religião… Mas não consigo pensar assim. Especialmente porque o cristianismo extremo também já causou muitas mortes. Então, líderes raivosos manipulam os ensinamentos da religião, para conseguirem — pela espada — impor sua vontade particular. Não é uma missão amorosa… É uma guerra religiosa.
Recentemente o Papa Francisco lembrou que “o mundo está em guerra”. Ressaltando não ser uma guerra religiosa, mas sim uma guerra entre pessoas que se julgam religiosos. Guerras assim já aconteceram muito a fora.
Desde o século 12, na região da Irlanda do Norte, católicos e protestantes estiveram em guerra e apenas parte do motivo era religioso. Havia motivos políticos, econômicos… O Exército Republicano Irlandês (o IRA, católico, era pró-independência — ou seja, um movimento que queria separar-se da Inglaterra) enquanto os protestantes integravam o movimento pró-Inglaterra… A guerrilha e o terrorismo foi terrível e foi muito forte até os anos 80 ainda… Certamente muita gente ainda se lembra de ter visto pela TV os atos de terrorismo de católicos contra protestantes e vice-versa… Foi terrível.
Nas cruzadas, os cristãos, contra os muçulmanos, com a desculpa de recuperar Jerusalém, mataram muitas pessoas, inclusive, criando um “exército de crianças”, que se supunha, não seriam derrotados… Foram. Morreram ou foram escravizadas aquelas crianças. Em homenagem àqueles inocentes, a Igreja comemora ainda hoje o “Dia das Crianças Inocentes, Mártires”. A Igreja, quando se afastou da Palavra de Deus, ou a usou de forma errada, sempre fez bobagem.
O Professor Leandro Karnal, em seu perfil no facebook, publicou:
“Um padre, Jacques Hamel, numa solitária igreja na Normandia, reza sua missa matial. Dois jovens perturbados encontram no discurso fundamentalista uma enseada generosa para acolher a frustração e o fracasso de ambos. O padre Hamel completaria 86 anos em novembro. Foi degolado em plena igreja. Daqui de São Paulo sofro e presto minha solidariedade aos franceses e aos católicos. Tem dias nos quais acho que o ódio vai vencer Tanta gente trocando insultos com pessoas que nunca encontrou, tanta raiva com desconhecidos fluindo por esta internet que, às vezes, acho que Hobbes tinha razão: o estado do homem é a guerra de todos contra todos. Depois, vejo o olhar atento de um aluno descobrindo um texto e fazendo uma pergunta inteligente e… volto a ter esperança. Hoje estou de luto. Meu luto não é pelo padre Hamel, mas por todos nós que ainda vivemos.”

Eu, por outro lado, estou de luto pelo Padre e por todos os cristãos que dedicam sua vida salvando vidas… Falando de sua fé com amor, com dedicação e ainda são assassinados covardemente por causa de sua fé. E não se espantem, em nosso país há sempre movimentos revoltosos contra cristãos… Ainda anda no âmbito do projeto de lei, mas há muita coisa querendo cercear a liberdade religiosa cristã, enquanto outras religiões não são incomodadas… Como cristãos, vamos dar a outra face.
Voltando ao que o professor Karnal atribuiu a Hobes, a Palavra de Deus já versava bem antes:
“De fato, teho sido mau desde que nasci; tenho sido pecador desde o dia em que fui concebido.” (Salmo 51.5)

Ou seja, nascemos sim, todos contra todos… Uns buscando o mau dos outros. Pois “Todos pecaram e estão afastados da presença gloriosa de Deus.” (Romanos 3.23).
E a carta de Paulo aos Romanos, que falava para judeus, que achavam, que por seguir certas leis e certas cerimônias, estavam agradando a Deus, nos alerta:
Não há uma só pessoa que faça o que é certo; não há ninguém que tenha juízo; não há ninguém que adore a Deus. Todos se desviaram do caminho certo, todos se perderam. Não há mais ninguém que faça o bem, não há ninguém mesmo. Todos mentem e enganam sem parar.
Da língua deles saem mentiras perversas, e dos seus lábios saem palavras de morte, como se fossem veneno de cobra. A boca deles está cheia de terríveis maldições. Eles se apressam para matar. Por onde passam, deixam a destruição e a desgraça. Não conhecem o caminho da paz e não aprenderam a temer a Deus.” (Romanos 3.10-18).
Enquanto os extremistas islâmicos (e quaisquer outros) buscam apenas apagar o contraditório e extirpar da terra os diferentes... O Salvador Jesus nos ensina a tolerância.
Não é pela força que se “converte”, mas por ação do Espírito Santo. Não é pela espada, mas sim pela pena da Palavra.
Lucas 6.27-36 (Não se esqueçam o que diz Jesus):
— Mas eu digo a vocês que estão me ouvindo: amem os seus inimigos e façam o bem para os que odeiam vocês. Desejem o bem para aqueles que os amaldiçoam e orem em favor daqueles que maltratam vocês. Se alguém lhe der um tapa na cara, vire o outro lado para ele bater também. Se alguém tomar a sua capa, deixe que leve a túnica também. Dê sempre a qualquer um que lhe pedir alguma coisa; e, quando alguém tirar o que é seu, não peça de volta. Façam aos outros a mesma coisa que querem que eles façam a vocês.
— Se vocês amam somente aqueles que os amam, o que é que estão fazendo de mais? Até as pessoas de má fama amam as pessoas que as amam. E, se vocês fazem o bem somente para aqueles que lhes fazem o bem, o que é que estão fazendo de mais? Até as pessoas de má fama fazem isso. E, se vocês emprestam somente para aqueles que vocês acham que vão lhes pagar, o que é que estão fazendo de mais? Até as pessoas de má fama emprestam aos que têm má fama, para receber de volta o que emprestaram. Façam o contrário: amem os seus inimigos e façam o bem para eles. Emprestem e não esperem receber de volta o que emprestaram e assim vocês terão uma grande recompensa e serão filhos do Deus Altíssimo. Façam isso porque ele é bom também para os ingratos e maus. Tenham misericórdia dos outros, assim como o Pai de vocês tem misericórdia de vocês.
Oremos (ou rezemos) pelos católicos e tantos outros cristãos que são mortos diariamente confessando sua fé. Orem por seus Padres e seus Pastores, pois nesse tempo de tantos falsos profetas, a tentação de criar um “mine exército a meu favor” é muito grande e muitos, em nome de Jesus, estão promovendo o ódio.
Orem. Testemunhem da Paz e Orem pela Paz.

Jarbas Hoffimann é formado em Teologia e pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil, em Nova Venécia. (pastorjarbas@gmail.com; facebook.com/pastorjarbas)


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sexta-feira, 22 de julho de 2016

O nome da discórdia

Pois é… Mudaram o nome de uma praça bem no centro de Nova Venécia. E é época de eleição, então tudo vira polêmica… Quatro anos atrás foram árvores cortadas em diversos pontos da cidade… Passada a eleição… Acabou a polêmica das árvores.
Mas a praça do Granito (devia se chamar “De Granito”, né!?) desde que foi construída não ficava tão bonita e tão bem cuidada… Fora abandonada depois de sua inauguração e o tempo se encarregou do resto… O tempo e a falta de educação de muitas pessoas… Tomara que não seja abandonada novamente. É bonito ver as famílias passeando e se divertindo ali. Sempre foi, desde a época em que havia o espelho d’água.
Como é época política há reclamações de que a administração demorou muito para dar andamento à obra e só o fez agora por causa da proximidade das eleições… Pode ser… Pode ser também que não tenha dado tempo antes. A administração passada começou umas reformas e não conseguiu concluir. Talvez tenha faltado recurso, talvez tenha faltado planejamento, mas daquela vez não ficou pronta. E desta vez passou raspando. Aliás, como muitas coisas no Brasil, foi inaugurada sem estar plenamente concluída. Isso já aconteceu com uma ponte pro ali também (quem lê e é mais velho, entenderá!!!).
Não tá 100%, mas parece que ficará… Há operários que ainda estão lá trabalhando, colorindo, arrematando (é um bom sinal). Certo é que ficou funcional e bonita. E tem lotado de gente a cada final de semana. Desta vez, ficou pronta de ponta a ponta (ou de ponte à ponte)... E ainda há a nova passarela, que eu chamaria de “ponte para o futuro” (mas acho que vai levar o nome de algum político ou parente de político…) E talvez daqui alguns anos alguém mude o seu nome de novo, e de novo...
Não é a primeira vez que se muda nome de praças na cidade. Havia uma “Dos três poderes” que magicamente virou “do imigrante”... E a dos três poderes livrava os transeuntes do sol escaldante, porque projetava sombra em seus 3 bancos circulares… A do imigrante deixa todo mundo no sol, sentados (se conseguirem) em bancos de granito polido... Há outros casos de mudanças de nomes de praças, falem com os mais antigos da cidade, eles sabem.
Mudar nomes é costume desde os antigos imperadores para apagarem seu antecessor da história… Tutancâmon, faraó Egípcio, foi sepultado em uma tumba comum e sua história foi esquecida por 3 mil anos… Tudo porque Ay, seu vizir, assumiu o trono e queria apagar sua história. E apagou, pois não se sabia dele até sua tumba ser descoberta.
Hoje em dia se reforma uma escola e se tira as placas de quem a construiu, passando a constar o nome do condutor da reforma. Até a “autoridade” seguinte resolver mudar de novo.
Mudar nome de praça não muda muita coisa… Cuidar da praça, isso sim, muda muita coisa… Basta ver que a simples abertura da nova praça mudou toda a efusividade da sexta-feira à tarde para o outro lado do rio… E o movimento noturno no centro da cidade, perto da bonita praça (que já nem sei mais que nome tem, mas era antigamente Jones dos Santos Neves) sumiu… Ou melhor, migrou.
Mudar nome de rua (costume de alguns vereadores que poderiam fazer coisa melhor) complica bastante a vida do cidadão, que precisa atualizar toda a documentação do imóvel no local (com custos, diga-se de passagem). Mas mudar nome de praça não costuma causar este transtorno.
Eu não mudaria o nome da praça, mas não tenho tanta dificuldade com essa questão. Entendo a homenagem da praça do imigrante, assim como entendo a homenagem ao Sr. Adélio Lubiana, que também contribuiu para o progresso de Nova Venécia. Como produtor rural e empresário veneciano que deu emprego a muitas pessoas por muito tempo. Aliás, ainda hoje, o que ele plantou junto com muitos outros, continua dando trabalho e sustento a diversas pessoas. Assim como muitos outros de nossos líderes venecianos que fizeram muita coisa, sem precisarem ser eleito para isso.
Mudar o nome expressa algo interessante.
A quem damos nomes? Damos nomes àquele ou àquilo que supomos nosso ou que temos ingerência sobre. Por isso os pais é que determinam o nome de seus filhos. E ainda vem o sobrenome, que enfatiza isso.
Na Bíblia, Cefas, mostrando que pertencia a Cristo, adotou o nome dado a ele pelo Salvador: Pedro. Saulo, muda para Paulo… Abrão, se torna Abraão e Sarai vira Sara. Jacó vira Israel. Todos que mudaram de nome têm algum significado de propriedade do Senhor que trocou seus nomes.
Assim, mudar nome costuma ser o sinal de que “eu mando” naquilo ou naqueles, que mudei o nome. E isso não é necessariamente ruim. Aceitar o nome que é dado é sinal de respeito e submissão. Muitos que se tornam muçulmanos recebem um nome conforme essa sua religião.
Na esfera política é uma forma de deixar legado depois de um governo.
Mas será que o nome é tão importante? Alguns fazem “ginástica” matemática para colocar mais letras nos nomes, porque daí sim, fariam sucesso… Assim a Sandra Sá virou “Sandra de Sá”, Jorge Ben virou “Jorge Ben Jor”... Não me parece que essa mudança de nome fez alguma diferença para a carreira deles… Mas posso estar enganado.
Quem nunca se engana diz em Apocalipse: “Portanto, se vocês têm ouvidos para ouvir, então ouçam o que o Espírito de Deus diz às igrejas. Aos que conseguirem a vitória eu darei do maná escondido. E a cada um deles darei uma pedra branca, na qual está escrito um nome novo que ninguém conhece, a não ser quem o recebe.” (Apocalipse 2.17)
Este é o nome que importa mesmo. É ter o nome de Cristo.
A pedrinha branca era possivelmente um diamante. Era o costume, em vez de convites de papel, entregar um diamante como o convite. Então, só entra quem, além do diamante, tem o próprio nome (de seguidor de Cristo) escrito na pedrinha.
O nome não torna a praça mais bonita. Mas pela reforma ela está muito mais bonita do que na última década. Parece que pela primeira vez planejaram toda a obra e a executaram como deveria. Parabéns à administração.
E, acima de tudo, parabéns também àqueles que carregam o nome que importa: o nome que está acima de todo nome: Jesus Cristo.
O nome da praça, a própria praça… Tudo passará. O nome de Cristo permanecerá.

Jarbas Hoffimann é formado em Teologia e pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil, em Nova Venécia. (pastorjarbas@gmail.com; facebook.com/pastorjarbas)

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A fidelidade brotará da terra

O amor e a fidelidade se encontrarão; a justiça e a paz se abraçarão. A fidelidade das pessoas brotará da terra, e a justiça de Deus olhará ...