segunda-feira, 23 de abril de 2018

O Paradoxo Pentecostal (parte 1)

Acredito que este texto traz uma reflexão muito importante.
Veja:
Há cerca de um século, o mundo protestante se viu invadido por um movimento avivalista que recebeu o nome de movimento pentecostal. Este recebeu tal título por supostamente basear-se nos fatos acontecidos no célebre dia de pentecostes que ocorreu após a ascensão de Cristo aos céus, e que é detalhadamente explicado no capítulo 2 do livro de Atos dos Apóstolos. Segundo seus propagadores todo crente deveria buscar a mesma experiência vivida pelos apóstolos nesse dia, ou seja, segundo eles todos devem falar em línguas (alguns também chamam línguas estranhas). E ainda, segundo suas idéias, isso se dá o nome de batismo com Espírito Santo. Todo crente deve, segundo a doutrina pentecostal buscar essa experiência. Como já dissemos, praticamente um século se passou e muitos, extremamente mal instruídos e preparados não se aperceberam de que o referido texto não fala em batismo. Que essa experiência só se repetiu mais duas vezes, em cumprimento a uma profecia de Jesus. E que falar em línguas é um dom do Espírito Santo, como o são outros oito descritos em I Coríntios 12. Outros líderes, entretanto, mesmo sabendo do engano, seguiram com a doutrina equivocada, mesmo porque já era tarde para reparar o equívoco. Afinal, como explicar para os milhares de membros das denominações pentecostais que eles foram ensinados errado até agora? Seria como se um padre viesse a público e dissesse: não adorem Maria, foi tudo um engano! Imagine o caos que seria!
Teólogos renomados, no afã de defender suas fileiras chegaram ao cúmulo de afirmar que só quem fosse batizado com o Espírito Santo, ou seja, falasse em línguas estranhas, poderia estar à frente do trabalho do Senhor. Coitados. Esqueceram Lutero, Calvino, Spurgeon e Martin Luther King, só para citar os óbvios, que nunca falaram nenhuma língua estranha e tocaram a obra cheios da unção de Deus.
Com o advento do pentecostalismo passou a se ver nas igrejas algumas coisas nunca vistas antes. O que antes era um culto racional tornou-se um centro de emocionalismo exacerbado, onde na grande maioria dos casos as pessoas quase nunca conseguem ouvir a pregação da Palavra de Deus. A coisa chegou ao ponto de pastores recriminarem irmãos que não choram na hora do culto. O barulho alcançou decibéis muitas vezes insuportáveis, e é de se imaginar nesses momentos como Jesus ou Paulo pregavam. Alguém poderia imaginar o Rei dos Reis pulando e correndo enquanto pregava o evangelho da salvação? Ou mesmo Paulo de Tarso pulando em um pé só ou atirando-se ao solo urrando ou gemendo? Essa modificação homilética chegou com o pentecostalismo, que confundiu pregações avivadas, como as de Wesley, com barulho emotivo e vazio. Passagens com Eclesiastes 5.1-2; Habacuque 2.20; Romanos 12.1 e 1Coríntios 14.40, perderam completamente o sentido, sendo sumariamente ignoradas.
Com o tempo a coisa foi piorando. Além da exigência infundada de que as pessoas deveriam buscar a todo custo algo que elas já teriam (o batismo com o Espírito Santo), os cultos passaram a ser classificados. Culto frio: onde se prega a Palavra de Deus de forma clara e fiel, sem invenções ou arroubos. Culto quente: onde as pessoas gritam, pulam e se descabelam. Sobem nas cadeiras, saem correndo pela igreja, sacodem uns aos outros e coisa pior. A lista é grande. Lembrando sempre: estas coisas se dão dentro da Casa de Oração do Senhor dos Exércitos. A Palavra de Deus foi perdendo terreno aos poucos. As visões, profecias, arrebatamentos e outros sinais, além das línguas passaram a ser componentes indispensáveis para que um culto fosse considerado com unção.
Além disso, surgiu uma teologia estranha à Bíblia acerca de vestes, que logo se tornou uma imposição farisaica, e que persiste até hoje.
Interessantíssimo é ver que igrejas da mesma denominação, associação ou convenção, que são regidas pelo mesmo estatuto ou regimento interno, não pregam a mesma coisa. Em uma igreja mulher é obrigada a usar saia. Em outra pode usar calça. Em algumas, brincos são permitidos, em outras são vistos como coisas de satanás. Mas final, não são os líderes mensageiros de Deus? Terá Deus duas palavras? Acredito que não. Algo está errado. Depois de anos e anos de perseguição, as denominações pentecostais estão sendo desmascaradas nesse ponto. E como ficam os crentes de décadas passadas, que foram sumariamente perseguidos por seus líderes nessa questão, e que hoje veem as coisas mudadas? Será que há trinta anos Deus proibiu uma coisa e hoje esse mesmo Deus liberou-a? Ou será que na verdade não era a voz de Deus que estava falando, e sim a voz do homem?
Observe uma igreja tradicional (por exemplo, uma Presbiteriana ou uma Batista) e veja quantas vezes ela mudou sua declaração doutrinária. Agora veja que na maioria das igrejas pentecostais, estão muito diferentes de quando foram fundadas. Que doutrina é essa?
Por Neto Curvina

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