sábado, 15 de setembro de 2018

Como nós temos usado a língua?

Resultado de imagem para usar a língua para o bemÁudio da pregação

Tiago 3.1-12

      No livro de Tiago, capítulo 3, v. 9 está escrito:
“Usamos a língua tanto para agradecer ao Senhor e Pai como para amaldiçoar as pessoas, que foram criadas parecidas com Deus.”
      Da mesma boca saem bênção e maldição...
      Como pode isso?
      Está certo isso?
      Esta é a vontade do Senhor para seus filhos?

      Também o Salmo 116 fala assim:
1. Eu amo a Deus, o Senhor, porque ele me ouve; ele escuta as minhas orações.
2. Ele me ouve sempre que eu clamo pedindo socorro.
4. Então clamei ao Senhor, pedindo: “Ó Senhor Deus, eu te peço: Salva-me da morte!” 
      Notem que nesses versículos aparece a interação entre “falar” e “ouvir”, entre “clamar” e “ser ouvido”.

      E depois, como gratidão, o salmista termina dizendo:
17-19. Eu te darei uma oferta de gratidão e a ti farei as minhas orações. Na reunião de todo o teu povo, nos pátios do teu Templo, em Jerusalém, eu te darei o que prometi. Aleluia!
      Temos aqui a dinâmica do falar e do ouvir. Podemos falar coisas boas a Deus, podemos pedir coisas boas... Mas muitas vezes o povo de Israel amaldiçoou a Deus com suas palavras... Usou a língua para adorar falsos deuses.
      Igualmente nossas palavras podem ser bênção ou maldição a Deus e contra as pessoas ao nosso redor. O que queremos ser: “bênção ou maldição”?

      O Profeta Isaías nos dá outra luz nesse relacionamento entre o ouvir e o falar.
Is 50.4:
“O Senhor Deus me ensina o que devo dizer a fim de animar os que estão cansados. Todas as manhãs, ele faz com que eu tenha vontade de ouvir com atenção o que ele vai dizer.”
      Isaías nos lembra que mais importante do que ter algo a dizer é ouvir antes de falar. Sabe aqueles programas de pergunta e resposta, que, no meio da pergunta alguém aperta o botão? Daí, quando a pergunta termina, o sujeito não sabe responder, porque não ouviu a pergunta inteira...
      Antes de falar e emitir opiniões precisamos ouvir (ou ler, já que muitas coisas hoje nos chegam por escrito)... E muitas vezes quando falamos, também falamos por escrito.

      Você ouve bem? Quando você ouve, está, de fato, ouvindo?
      Não é sem motivo que Jesus muitas vezes repete: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça” (Mt 11.15; 13.9,43; Mc 4.9; Lc 8.8; 14.35; Ap 2.7,11,17,29; 3.6,13,22)...
      É uma frase importante. Que nos chama atenção ao “ouvir”.
      Não é só ouvir...
É internar as palavras ouvidas. Meditar nelas, como a Bíblia diz que Maria fazia e guardava tudo em seu coração. (Lc 2.19 – depois da visita dos pastores; 2.51 – Jesus entre os doutores). Nos dois momentos Maria “ouve e medita nestas coisas em seu coração.”
      Estes dois momentos de Maria, distantes 11 anos, nos fazem entender quanto tempo ela guardava e meditava em seu coração as palavras que, sobre Jesus, ouvia. 11 anos...

      Precisamos aprender a ouvir. Refreando a língua.
      Tiago 3.2 diz: “Quem não comete nenhum erro no que diz é uma pessoa madura, capaz de controlar todo o seu corpo.”

      Quando ouvimos (ou lemos) algo sobre alguém, precisamos ler uma segunda vez. Precisamos tempo... Paciência... Informações corretas.
      Quando apuramos a notícia real, se ainda desejamos emitir opinião, ao falar, precisamos ver no outro um irmão em Cristo ou, se ainda não é nosso irmão em Cristo, precisamos ver alguém que Deus também ama e quer salvar. Se nossas palavras não forem boas, podemos afastar a pessoa de Jesus...
      Queremos trazer as pessoas para Jesus ou afastar dele?

      Todos querem dar opinião em tudo hoje. Todos querem falar, até do que não sabem. Todos são especialistas... Todos parece que precisam dar opinião em tudo. Nunca foi tão difícil ouvir um “não sei”. E dizer “não sei” quando você não sabe, não é fraqueza. É humildade. É autoconhecimento.
      É reconhecer que você não sabe ou ainda não sabe, pois pode aprender... Mas quando você acha que sabe, pode acabar estragando tudo.

      Algum tempo atrás eu vi um vídeo de um sujeito criticando as versões bíblicas e afirmando que a bíblia que ele prefere é a Almeida Corrigida Fiel...
      Bem, gosto ele pode ter... To dos têm sua versão bíblica de preferência, mas daí para dizer qual é melhor, qual é pior, precisa de um conhecimento mais específico.
      Esse senhor afirmava no vídeo que a Versão Nova Almeida (de 2017) não é uma versão boa da Bíblia. Como conheço a equipe de tradutores e sei da responsabilidade da Sociedade Bíblica, dei atenção ao vídeo e fui conferir...
      Que surpresa! O “especialista” é, na verdade, palestrante, autor, estrategista, storyteller (parece que tem vergonha de falar em português: “contador de estórias”) e ele é um bom contador de histórias. Faz os outros acreditarem em suas “opiniões”, como se fossem verdade. Mas o que ele sabe de Bíblia. Nad a além de seu gosto pessoal.
      Ele não estudou grego e hebraico, não estudou hermenêutica, nem exegese... Não leu livros de arqueologia e nunca fez teologia. Simplesmente decidiu que sabe mais de bíblia do que os especialistas, formados e capacitados da Sociedade Bíblica.
      Aquele sujeito poderia ter dito: “eu li as diversas versões bíblicas e gosto mais desta ou daquela...” Em vez disso ele passou a difamar não só a versão da bíblia, como a própria sociedade bíblica e as pessoas honestas e dedicadas que trabalham ali.
      O mundo tá cheio de gente assim. Gente que acha que sabe de tudo e sai falando. E essa é uma doença que contamina especialmente os mais jovens. Como disse Umberto Eco: “As redes sociais deram voz a legião de imbecis.”

      Aí fica difícil de refrear a língua e acabamos emitindo opiniões, como se fossem verdades e acabando com amizades e pessoas.
      Você não precisa e nem pode ter opinião sobre tudo. Você não conhece tudo. Você não conhece todas as pessoas. Você não entende tudo de Bíblia. É cansativo até tentar entender e saber tudo de tudo... Dizer não sei é bem melhor do que falar uma bobagem...

      Lembrem-se de Lutero na Dieta de Worms (reunião que durou de 28 de janeiro a 26 de maio de 1521).
      Lutero foi convocado a esta reunião, onde supostamente poderia se defender e falar do que estava errado na igreja, mas não era bem isso que os dirigentes da reunião queriam.
      Logo na sua chegada à reunião, apresentaram 25 de seus livros para que ele os renegasse como heresia. Lutero disse não poder responder e pediu mais tempo para pensar.
      No dia seguinte (18 de abril de 1521), refizeram as perguntas a Lutero:
      1. Estes Livros são de sua autoria?
      2. Você renega como heresia?

“São todos meus, mas, no caso da segunda pergunta, não são todos do mesmo tipo”... 
      E respondeu com a consciência  tranquilo e bem preparado. Depois de pensar e meditar.

      Tiago fala ainda:
“A língua é um fogo. Ela é um mundo de maldade, ocupa o seu lugar no nosso corpo e espalha o mal em todo o nosso ser. Com o fogo que vem do próprio inferno, ela põe toda a nossa vida em chamas.” (6) E: “Usamos a língua tanto para agradecer ao Senhor e Pai como para amaldiçoar as pessoas, que foram criadas parecidas com Deus.” (9)
      Pra quê você tem usado sua língua? Para abençoar ou maldizer?
      Quando você se despede, que tal um “vá com Deus” ou “fique com Deus”, ou ainda “Deus te abençoe e acompanhe”?
      Quando vai fazer suas refeições, que tal um “obrigado Senhor”?
      Quando vai trazer suas ofertas ao altar, em vez de pe nsar no dinheiro, porque não pensar: “obrigado Senhor, pois se tenho para ofertar, da tua mão o recebi”?

      Se todos tivermos esta atitude de usar a língua para o bem, o mundo se tornará um lugar melhor.
      Jesus usou para o bem. Inclusive, no seu último momento, bradou: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. E orou por nós, para nossa Salvação.
      Vamos usar nossa língua para falar bem do próximo, para testemunhar da Salvação em Jesus, para abençoar nossas crianças. Jesus nos torna bênçãos ao mundo, nos enviando para proclamar a Salvação a todos.
      Deus os abençoe.
      Amém.

Rev. Jarbas Hoffimann
pastor luterano
www.ielb.org.br

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