Gn 50.15-21
2º Domingo após Pentecostes
Que a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a presença do Espírito Santo estejam com todos vocês! (2Co 13.13).
Sl 112.1-9; Gn 50.15-21; At 2.14a,36-47; Lc 6.20-42
A Paz do Senhor esteja com vocês.
Queridos irmãos em Cristo, hoje quero falar com vocês sobre perdão de pecados. Mas perdão de ofensas também entrará em nosso tema, uma vez que o texto escolhido para nossa meditação é Gênesis 50. E o que está acontecendo ali?
Jacó morreu. E os irmãos de José ficam com medo do irmão poderoso. O que ele fará conosco agora, que o papai morreu? Será que ele vai se vingar da gente?
Isto passou pela cabeça deles, mas passou porque não confiaram no perdão recebido. Não acreditaram nas palavras de José: “– Eu sou o seu irmão José, aquele que vocês venderam a fim de ser trazido para o Egito. Agora não fiquem tristes nem aborrecidos com vocês mesmos por terem me vendido a fim de ser trazido para cá. Foi para salvar vidas que Deus me enviou na frente de vocês.” (Gn 45.4-5). A culpa ainda pesava sobre eles. E a culpa traz medo.
Muitas pessoas não querem se apresentar diante de Deus, por causa da culpa que carregam. Têm medo de Deus e do que ele possa fazer. Têm medo do pastor e dos líderes da igreja, que muitas vezes parecem carrascos da ira do que emissários do amor de Deus.
Lutero tinha medo de Deus e dia após dia sofria pensando num Deus carrasco, até que se deparou com a alegre notícia do perdão que o Senhor oferece. E acordou para textos que estavam obscurecidos, como por exemplo: “Pois pela graça de Deus vocês são salvos por meio da fé. Isso não vem de vocês, mas é um presente dado por Deus.” (Ef 2.8) Ou o texto-chave da Reforma do século 16: “Pois o evangelho mostra como é que Deus nos aceita: é por meio da fé, do começo ao fim. Como dizem as Escrituras Sagradas: “Viverá aquele que, por meio da fé, é aceito por Deus.”” (Rm 1.17).
Então Lutero pôde apresenta-se diante de Deus sem culpa. Não acreditando em seus méritos, mas crendo no perdão que o Senhor oferece.
Os irmãos de José arquitetaram mentiras para tentar escapar do castigo que achavam que José traria sobre eles. Mentira logo percebida por José, que chora de tristeza.
A tristeza de José é compreensível. Pois tinha demonstrado todo amor do mundo a seus irmãos. Mas eles mesmo assim não acreditaram que estavam perdoados. Certamente tinham passado os últimos anos sofrendo com a angústia do castigo que pensavam merecer. Esta é uma situação terrível.
A pessoa está carregada de culpa, por isso age de forma culpada. É como aquela pessoa que não pagou uma conta e, por isso, evita passar na frente da loja que está devendo. Atravessa a rua e passa na outra calçada. Mesmo que não seja caminho. Depois que saudar a dívida, poderá passar tranquilamente por ali outra vez. Sem medo de ser cobrada em público. Sem medo de passar vergonha.
José nos diz que quem deve perdoar é o Senhor. É a mesma coisa que Pedro também diz aos israelitas que pergunta: “Irmãos, o que devemos fazer?” (At 2.37).
É a mesma pergunta que fazemos ao saber que o Senhor morreu por causa de nossos pecados: O que devemos fazer para ter perdão?
Crer em Cristo e confiar no perdão. Os irmãos de José não confiaram no perdão. Mas José reafirmou que os tinha perdoado. Então eles ficaram tranquilos.
Os israelitas perceberam que tinham matado Jesus e perguntaram pelo perdão. Pedro, em nome do Senhor, lhes mostrou o perdão e a vida em Cristo.
O Senhor oferece perdão dos pecados.
Não há justificativas para o pecado. Não é hora de ficar arquitetando planos, como fizeram os irmãos de José. Não é hora de fugir da culpa, dizendo que foram outros os culpados.
Enquanto fugirmos da culpa, nos sentiremos culpados e pesados. Sempre que ouvirmos falar do pecado, faremos como alguém que muda de calçada para evitar encarar a dívida. E nada será resolvido.
Quando pararmos de mentir para nós mesmos e reconhecermos que somos pecadores, a sensação será igual àquela que Davi confessou no Salmo 32.(3,5): “Enquanto não confessei o meu pecado, eu me cansava, chorando o dia inteiro. Então eu te confessei o meu pecado e não escondi a minha maldade. Resolvi confessar tudo a ti, e tu perdoaste todos os meus pecados.”
Davi estava aliviado, porque não tinha mais culpa. Pois o Senhor oferece perdão dos pecados e não há pecado onde há perdão. Porque aquele que crê em Jesus Cristo tem suas culpas tiradas. Seus pecados foram lavados no sangue do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. E é por isso que quem crê em Jesus não será julgado. Não há o que julgar. Não existe o pecado.
Alguém poderia dizer: quer dizer que já viramos todos santos e perfeitos? Não! Não viramos santos e perfeitos, continuamos pecadores e imperfeitos. Não merecemos nada mais que castigo. Mas pela fé em Cristo, o Senhor que oferece o perdão dos pecados nos olha e não vê pecado.
Aí, sem culpa, podemos viver um dia-a-dia melhor. Amando a Deus e ao nosso próximo.
Vivendo agradecidos a Deus e demonstrando isso nas ofertas, na consagração na casa de Deus e em nossa vida diária. Porque não temos o peso da culpa sobre nós. Não precisamos atravessar para o outro lado da rua para não esbarrar em alguém que devemos. Pois não devemos nada a ninguém. E assim como o Senhor nos dá o perdão, sempre perdoaremos ao irmão que nos ofende, como bem lembra o Salvador Jesus, no evangelho de hoje.
Quando o pecado te acusar, lembre do que dissemos hoje:
O Senhor oferece perdão dos pecados.
Não há justificativas para o pecado.
Mas não há pecado onde há perdão.
E nosso perdão vem do Senhor Jesus, para que sejamos capacitados a perdoar também. E, por causa de Cristo, todos somos herdeiros da vida eterna.
Amém.
E a paz de Deus, que ninguém consegue entender, guardará o coração e a mente de vocês, pois vocês estão unidos com Cristo Jesus. Amém. (Fp 4.7)
Pastor Jarbas Hoffimann – Nova Iguaçu-RJ
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