sábado, 7 de novembro de 2015

Seca. Será castigo?

Nova Venécia “começou” assim, segundo informação oficial do IBGE: “O território do atual Município de Nova Venécia foi habitado pelos índios Aimorés, que, fugindo dos combates com as forças portuguesas, nas proximidades da foz do rio Cricaré, procuraram refúgio nas serras situadas nas cabeceiras daquele rio. A primeira penetração no território efetuou-se em 1870, pelo Major Antônio Rodrigues da Cunha, Barão de Aimorés, quando, em Cachoeira do Cravo, no rio Cricaré, foi tentado a explorar uma serra que dali se avistava. ... Tangidos pela seca de 1880, vários grupos cearenses reuniram-se aos primeiros colonizadores e, em 1890, chegaram os imigrantes italianos para o vale do rio São Mateus. Em 1893, serra dos Aimorés foi elevada à sede de distrito do município de São Mateus. No ano seguinte, a sede do distrito foi transferida para a Vila Aimoreslândia, que, mais tarde, passou a ser conhecida por Nova Venécia... Elevado à categoria de município com a denominação de Nova Venécia, pela lei estadual nº 767, de 11/12/1953, desmembrado de São Mateus. ... Constituído de 4 distritos: Nova Venécia, Córrego Grande, Guararema e Rio Preto. Instalado em 26/01/1954...”
Neste breve registro consta que uma das causas de Nova Venécia existir é a seca. Não aqui, mas no nordeste, trazendo aqueles cidadãos para fazerem parte de nossa plural história. Pois é, Nova Venécia é um pouco cearense, mas a gente nem se dá conta disso... Enfim, isso fique para os historiadores.
A Seca: no último dia 15 de outubro, o município decretou situação de emergência por causa da estiagem. Na crise, as pessoas costumam procurar culpados.
É preciso economizar. Deus nos ordenou cuidar de sua criação. Mas nesse momento, muitos também começam a se perguntar, o que fizemos para Deus mandar esse castigo? Outros dizem que é a natureza “se vingando”, como se a natureza fosse um ente com pensamentos e decisões próprias, assim como aquelas árvores da Trilogia “O Senhor dos Anéis”...
Está escrito em 1º Reis capítulo 17, versículo 1: “Um profeta chamado Elias, de Tisbé, na região de Gileade, disse ao rei Acabe: Em nome do Senhor, o Deus vivo de Israel, de quem sou servo, digo ao senhor que não vai cair orvalho nem chuva durante os próximos anos, até que eu diga para cair orvalho e chuva de novo.” Aqui, claramente, a seca é uma ordem de Deus. E não choveu. Deus queria ensinar uma lição àquele povo rebelde. Como não temos atualmente (desde Jesus Cristo não vieram mais) profetas que falam diretamente da parte de Deus, podemos cogitar, a partir do que entendemos da Palavra.
Deus nem sempre quer simplesmente castigar, muitas vezes quer ensinar: a confiar nele, mesmo em momentos de crise hídrica. Que pode vir pela seca, ou pelo excesso de chuvas nas vésperas do Natal, como ocorrido em 2013. A natureza não se vinga, mas colhemos os frutos de nossa irresponsabilidade. Então é preciso cuidar sempre mais.
Quem sabe esta seca nos sirva pelo menos para olharmos com mais cuidado para um bem que é necessário a todos: a água. Usemos com cuidado, repartamos com amor e nos humilhemos debaixo daquele que pode fazer brotar água da rocha no meio do deserto.
Deus sempre faz a parte dele e logo vai chover novamente. Quando chover, continue cuidando da natureza.


Jarbas Hoffimann
  
é formado em Teologia
e pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil,
em Nova Venécia. (www.
facebook.com/pastorjarbas)

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