Vi uma matéria interessante, outro dia,
sobre um evento ocorrido no Japão.
Japão é uma terra de cultura bastante
diferente da ocidental, para dar um exemplo, basta saber que eles têm dois “alfabetos”.
Um é usado para escrever palavras de origem japonesa e outro para palavras de
origem estrangeira. Cada alfabeto tem 46 “letras”, mas como estas “letras” não
contemplam todas as pronúncias, são acrescentados sinais às letras,
transformando-as em outras. O “ha”, por exemplo, acrescido destes sinais, vira “ba”...
E a gente complica até pra saber se “ele” ainda tem acento na língua
portuguesa...
Mas o “alfabeto” só represeta 50% da
escrita. Os outros 50% são representados com os “kanji”. Hoje existem cerca de
40 mil kanji. Estes símbolos expressão letras, ideias, e frases inteiras. E pra
ser considerado alfabetizado você precisa conhecer os dois “alfabetos” e cerca
de 2 mil “kanji”. E nosso povo não sabe nem se “k”, “w” e “y” fazem parte do
alfabeto português...
Bem, isto foi apenas um dos detalhes para
mostrar com este povo é diferente. Nem melhor, nem pior... Diferente.
Algo que sempre admirei nos japoneses é
o respeito que eles demonstram por seus idosos, pelo relacionamento familiar e
coisas semelhantes. Certamente têm problemas também, pois todas famílias os
têm, mas demonstram muitas vezes que prezam tanto à família, a ponto de
submeter a vontade própria ao bem coletivo.
Este submeter minha egoísta vontade ao
bem dos outros é algo muito contraditório para nossa cultura e nosso momento
político. Temos atualmente grupos políticos que querem fazer a sua vontade,
mesmo que não seja para o bem do povo. Temos grupos políticos defendendo que o
Estado sabe educar melhor do que os pais, por isso se limita os poderes dos
pais em detrimento a um Estado com educação falida, que acha que sabe fazer
alguma coisa. Mas a verdade é que o que acontece de bom na educação, onde
acontece, é por esforço de nossos professores e diretores de escola, que muitas
vezes são heróis nesta “pátriaeducadorafalida”.
Nós, como povo, esquecemos os valores
básicos e o resultado está nas ruas... Nos menores abandonados... Nos drogados
(o álcool ainda é a maior droga, mas temos jovens cantando que o legal é beber
até cair... Que o legal é a garota beber e subir na mesa “piradinha”)...
Esta falta de educação e respeito ainda
se reflete nos homens e mulheres que ignoram “aquilo que o padre falou” (como
diria Raul) e fingem-se solteiros, pois na balada “ninguém viu ninguém” e o que
“acontece na balada, fica na balada” (importação pobre e malfeita do jargão
criado para “Las Vegas”).
Essa é a nossa “cultura”... Mas como
disse, certa vez, Miguel Falabela: “Feliz dia da cultura, se é que podemos
comemorar isso ainda neste país.”. E olha que ele disse isso uns 10 anos atrás,
no dia da cultura.
E os japoneses? Bem, como disse acima,
vi uma matéria interessante: “Japoneses gritam em público para declarar amor às
mulheres em festival”. O título da matéria é errado. Não é o dia em que os
“homens” dizem que amam as “mulheres”. É bem mais específico: é o dia de
declarar amor à esposa. Pelo nono ano consecutivo o evento acontece.
Enquanto por aqui se diz que o legal é
trair no escurinho, atrás do banheiro... Enquanto em rede nacional se idiotiza
a população com programas que exaltam a bebedeira e a promiscuidade... Lá, em
rede nacional, se declara amor à esposa. Diga-se de passagem, eu nem sei se
teria coragem de gritar isso numa TV, sou tímido para isso, mas aqui escrevo,
com orgulho: nem mereço a esposa que tenho e a amo mais do que sou capaz de
explicar em palavras... Tenho orgulho deste sentimento. Um sentimento que vai
além a paixão. Paixão costuma ser inconsequente (e precisamos dela também, de
vez em quando), mas o amor é mais que isso. É mais do que a sensação erótica
(que também é necessária num casamento). Amor é algo inexplicável e independe
da atividade sexual e dos arroubos da paixão. Só quem desfruta do amor
verdadeiro vai entender como um casal consegue discutir, ter visões diferentes
e, ainda assim, se respeitar profundamente. Não foi à toa que o amor foi
chamado de o “dom supremo” em 1º Coríntios 13, estando acima de todos os outros
dons. E Renato Russo, inspirado neste texto bíblico, cantou: “sem amor, eu nada
seria.”
Não esperem ver este amor na TV, ele
não “dá ibope”. O que as pessoas querem ver são casais se destruindo. Parece
que destruir a felicidade do outro, torna as pessoas menos infelizes com sua
incapacidade de ser feliz. Na mídia é todo mundo pegando todo mundo, porque
“ninguém é de ninguém”. Bobagem... Apesar de negarmos, queremos pertencer a
alguém, assim como eu sou da minha esposa e ela é MINHA esposa. Pertencemos um
ao outro e isso é ótimo. Sentir-se pertencente a algo ou alguém é muito
importante. É como uma criança, que sempre sabe de quem ela é filha e sabe pra
onde correr nos momentos de insegurança. Pertencer a algo ou alguém nos dá
segurança. Sempre teremos a “minha casa” para voltar. Mas neste mundo em que
todos parecem estar em festas… A ressaca vai ser grande e, talvez, dessa vez
não tenha mais cura. Cuidado. Não esqueça de sua esposa, família, namorada por
causa de “uma noite de carnaval”...
Os cristãos pertencem ao Senhor Jesus e
suas vidas serão dedicadas a ele. Pertencemos ao ministério de amar
profundamente o próximo, assim como fomos amados por Deus. Que tenhamos cada
vez mais orgulho do amor verdadeiro e cada vez mais vergonha das letras desses
arroxas e funks que se canta cada vez mais em alto volume...
Jarbas
Hoffimann é formado em Teologia e pastor da Igreja Evangélica
Luterana do Brasil, em Nova Venécia. (pastorjarbas@gmail.com;
facebook.com/pastorjarbas, @pastorjarbas)
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