
(Salmo 51.6,19).
Mas por que é difícil dizer "muito obrigado" àquele em quem vivemos, nos movemos e existimos (Atos 17.28)? Da boca para fora é a coisa mais fácil. A resposta é o nariz empinado. Ou como disse Moisés ao povo de Israel: "Tomem cuidado para não ficarem orgulhosos e esquecerem o Senhor, nosso Deus. Não pensem que foi com a sua própria força e com o seu trabalho que vocês conseguiram todas essas riquezas" (Deuteronômio 8.14,17). Jesus mesmo, ao ensinar pelo "pão nosso de cada dia", alertou contra este deus entre as orelhas, fruto de uma indesculpável amnésia que faz do pão o patrão. "Vocês não podem servir a Deus e também servir ao dinheiro" (Mateus 6.24), diz o Salvador ao coração cheio de cálculos – que sempre quer negociar com Deus.
Por isto a explicação de Lutero aos que oram o Pai Nosso: "Deus, em verdade, dá o pão de cada dia, mesmo sem a nossa prece, a todas as pessoas, também aos descrentes. Mas suplicamos nesta petição que nos faça reconhecê-lo e receber com agradecimento o pão de cada dia". Este é um lembrete que deveria ser fixado à porta da geladeira junto com a oração: "Dá-me somente o alimento que preciso para viver. Porque, se eu tiver mais do que o necessário, poderei dizer que não preciso de ti" (Provérbios 30.8,9). Uma oração bem diferente destas que andam por aí: Dá-me riquezas, Senhor, para nunca se esquecerem de mim.
Quem não depende de Deus não consegue dizer "obrigado". Por isto "o pão nosso de cada dia nos dá hoje". Porque se sobrar um pouco ou bastante, o pão nosso vira "meu", fica pão dormido, e desgraçadamente não chega à boca dos que têm fome. No final, quem não agradece também não reparte. O começo de tudo, então, é aprender esta palavrinha difícil. E o único jeito é soletrando a "Palavra que se tornou um ser humano e morou entre nós (...) Porque todos nós temos sido abençoados com as riquezas do seu amor, com bênçãos e mais bênçãos" (João 1.14,16).
Pastor luterano
Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo-RS
27 de novembro de 2008
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