Um dos elementos mais presentes no culto divino certamente é a música. Desde os tempos bíblicos ela teve papel importante na vida do povo de Deus, como meio de conduzir a Palavra de Deus e como forma de expressar a alegria na adoração. Ainda hoje ela pode ser uma forma maravilhosa de a igreja propagar sua doutrina e sua fé, e de os filhos de Deus expressarem seu louvor ao Criador. Mas é também através da música que as doutrinas falsas podem encontrar um campo fértil para se propagar.
Os dois lados da inovaçãoVivemos numa época em que o mundo produz uma grande variedade de ritmos musicais. Muitos dos sucessos musicais têm ascensão e queda em questão de poucos dias e logo dão lugar a outros ritmos. Boa parte das músicas torna-se produto descartável. Isto impõe uma acelerada busca pelo que é novo. A igreja acaba sendo contagiada por este embalo alucinante e entra na onda da inovação na sua forma de adorar. Pergunta-se: isso é bom ou ruim?
O perigo da avalanche inovadora é que ela pode banalizar a qualidade musical e empobrecer o conteúdo teológico dos hinos. Ou seja, a vasta musicalidade, em lugar de promover a Palavra, pode sufocá-la e restar apenas ritmos. Pode também levar a igreja a descartar a hinódia histórica herdada do passado, que por séculos serviu de referênia para milhões de cristãos. Com o passar do tempo, a onda inovadora pode gerar mais confusão do que crescimento.
Mas há também o lado bom. A busca pelo novo pode despertar novos músicos e novos estilos musicais na igreja. A igreja tem a oportunidade de sair da sua velha forma de cantar, pois não é a única forma de adorar ao Senhor. Se alguém acha que o uso de variados instrumentos musicais, o uso de outros ritmos, de bater palmas e danças está errado, leia os salmos. Eles falam muito destes recursos.
Por outro lado, há reclamações de que muitos dos nossos hinos são pesados e cansativos de cantar. Clama-se, então, por uma música mais alegre e dinâmica, inclusive com ritmos variados e que mexam com os sentimentos. Cresce também o coro daqueles que reclamam dos conjuntos musicais nas igrejas, principalmente dos que têm bateria, pois o volume é elevado para ambientes pequenos.
Qual a finalidade da música no culto?
Primeiro. Neste mundo que produz milhões de ritmos diferentes a cada dia, é difícil, senão impossível, encontrar ritmos que agradem a todos.
Segundo. Nossos sentimentos e nossas emoções também são obra divina. Somos emotivos e temos necessidade de extravasar nossas emoções. Assim, não está errado, ao ouvir uma música ou cantar um hino, romper em alegria ou desabar em lágrimas. Isso pode acontecer naturalmente. Mas é bom lembrar que esta não deveria ser a primeira finalidade de uma música na igreja. O culto tem sempre o propósito de fortalecer nossa fé em Jesus pela Palavra e pelos sacramentos. Os sentimentos deveriam vir como resposta ao amor de Deus.
Terceiro. A finalidade maior de qualquer recurso musical no culto deveria ser o de conduzir a Palavra de Deus, sua vontade e seu ensino. Da mesma forma, um conjunto musical não deveria servir de atração no culto, mas ter a intenção de conduzir o louvor da congregação. Volumes elevados prejudicam o canto.
Quarto. Aquilo que cantamos precisa ser Palavra do Senhor e precisa estar em harmonia com a nossa teologia. Não é possível pregar uma coisa de cima do púlpito e cantar outra nos hinários e cancioneiros. O nossos hinos precisam ter conteúdo escriturísticos e linguagem clara. A igreja necessitar ter uma autocrítica e avaliar a sua hinódia para que continue sendo um meio de propagar o claro ensino da Palavra de Deus.
David Karnopp é pastor em Vacaria, RS, membro da Comissão de Culto da IELB.
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