segunda-feira, 11 de julho de 2011

Esqueceram de mim

Um húngaro, não agüentando ver crianças sem atendimento hospitalar adequado, vendeu a casa e pegou suas economias para comprar equipamentos que faltavam. Na rua e sem dinheiro, confessou:
“Sinto-me triste por aquelas crianças que não podem viver uma vida plena porque estão doentes. Vivi 85 anos e agora acho que é a vez delas serem felizes”.
Este gesto caridoso realizado dias atrás lembra que, se tem algo que mexe com os sentimentos, é a criança. Este sentimento arde no coração de Deus. Tem uma história na Bíblia que diz tudo. O profeta Jonas ficou triste com a morte de uma planta, devorada por um inseto. Antes disto já tinha ficado extremamente decepcionado por Deus não destruir a inimiga cidade de Nínive. O livro tem um desfecho surpreendente:
“Então o Senhor Deus disse: —Essa planta cresceu numa noite e na noite seguinte desapareceu. Você nada fez por ela nem a fez crescer, mas mesmo assim tem pena dela! Então eu, com muito mais razão, devo ter pena da grande cidade de Nínive, onde há mais de cento e vinte mil crianças inocentes...”.
O sentimento contraditório do profeta está no coração de todos nós. Poderia falar das crianças que morrem nas guerras, que ficam gravemente feridas, órfãs, sem casa e comida. Um genocídio infantil neste planeta que gasta bilhões em armamentos — dinheiro suficiente para livrar os 600 milhões de pequeninos que vivem em condições de pobreza absoluta, junto com os 12 milhões que morrem a cada ano por doenças evitáveis. Disto a gente sabe e procura logo esquecer, porque a guerra agora é nas bolsas de valores e que pode estragar planos pessoais. Poderia também falar das crianças assassinadas no ventre materno, um crime hediondo que pretende ser legalizado. Só no Brasil são um milhão de abortos a cada ano. No entanto, o que falar daquelas que vivem sob os nossos cuidados?
A Bíblia lembra os pais para não irritar os filhos e não desanimá-los (Colossenses 3.21). O significado original no grego para “desanimado” é sem alma, sem espírito.
Na verdade, se os filhos estão desanimados, estressados, violentos, desobedientes, egoístas, gananciosos, materialistas, consumistas — aprenderam isto de nós. Os tratamos igual ao amor biológico de Jonas — como plantas vegetais, isto é, sem alma. Queremos o melhor para eles — estudo, saúde, segurança material etc. Mas esquecemos daquilo que é verdadeiramente importante para lhes dar ânimo.
As crianças são um presente de Deus, uma grande bênção (Salmo 127.3). Uma lição elementar e que esquecemos. E sem nos dar conta, elas viram objetos em meio aos nossos planos egoístas. E ainda falamos que fazemos tudo por elas.
“Deixem que as crianças venham a mim” (Marcos 10.14),
insiste Jesus. É um pedido daquele que abandonou a sua casa celestial por não agüentar ver tanta criança sem vida plena.

Marcos Schmidt
Pastor luterano
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo-RS
09 de outubro de 2008

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