“o verdadeiro amor não arde em ciúmes” (1 Coríntios 13.4).Tragicamente, deste amor a humanidade está distante, e por isto tanta gente seqüestrada e morrendo. O caso da Eloá — outro circo armado — encobre um mundo de vítimas que nunca aparecerá na janela do grande público. Em todo caso, ciúme é distúrbio antigo, fonte do primeiro homicídio. E se tudo é conseqüência do ciúme de Satanás, tem explicação o fratricídio de Caim quando o Criador lhe advertiu:
“O pecado está na porta, à sua espera. Ele quer dominá-lo, mas você precisa vencê-lo” (Gênesis 4.7).Dizem que o ex-namorado de Eloá não saía da janela dela. Não deu outra! O que a gente bisbilhota pela janela dos outros é o que entra pela porta dos nossos desejos. E isto vira obsessão perigosa quando a inveja, a cobiça, ou o ciúme já são hospedes do coração.
Os entendidos da mente explicam que o ciúme patológico tem relação com o Transtorno Obsessivo Compulsivo — doença em que a pessoa repete gestos e pensamentos sabendo que não têm sentido, mas que não consegue evitar. Foi o caso deste filho raivoso de Adão. Depois que Deus rejeitou a simulada adoração, os pensamentos dele começaram a fervilhar como nunca. Na verdade, tudo começa lá, nas mesquinhas e insistentes conversas da mente. E por isto o alerta bíblico:
Encham a mente de vocês com tudo o que é bom e merece elogios, isto é, tudo o que é verdadeiro, digno, correto, puro, agradável e decente (Filipenses 4.8).Ciúme até os cachorros têm, e dependendo da raça deles, a tragédia está feita. Ciúmes todos temos, e, dependendo de nossa índole, do tamanho dos nossos caninos, da força de nossas mandíbulas, e das circunstâncias, “sequestramos e matamos”. Tem muita esposa, marido, filho, aluno, seguidor de religião, empregado, colega, que já levou tanto tiro na cabeça, e a gente nem desconfia. A explicação da epístola apostólica para este mundo de cão dentro de cada um é assustadoramente contextual:
“Essa espécie de sabedoria não vem do céu; ela é deste mundo, é da nossa natureza humana e é diabólica. Pois onde há inveja e egoísmo, há também confusão e todo tipo de coisas más (...) Vocês querem muitas coisas; mas, como não podem tê-las, estão prontos até para matar a fim de consegui-las. Vocês as desejam ardentemente; mas, como não conseguem possuí-las, brigam e lutam” (Tiago 3.15, 16 e 4.2,3).Na verdade, sentimos ciúme porque nos apossamos de pessoas e de coisas. Fazemos isto com o Criador e fazemos isto com a criação. E se por janelas acontece tanta coisa, a solução está naquele que disse:
Eu sou a Porta.E daí a diferença:
“Por estarem unidos com Cristo (...) vocês são bondosos e misericordiosos uns com os outros (...) não façam nada por interesse pessoal ou por desejos tolos de receber elogios (...) tenham o mesmo modo de pensar que Cristo Jesus tinha” (Filipenses 2).Por isto que
"o verdadeiro amor não arde em ciúmes".Marcos Schmidt
Pastor luterano
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo-RS
23 de outubro de 2008
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