quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Tragédias logo esquecidas

      Em 2010, um funcionário da Vale na dissertação de mestrado já tinha alertado que os rejeitos da mineração de ferro colocados na estrutura das barragens continham “enorme potencial de liquefação" — termo técnico para expressar aquilo que é sólido e vira líquido. Mas alguém alertou contra outro tipo de liquefação: “Os tempos são líquidos porque, assim como a água, tudo muda rapidamente. Na sociedade contemporânea, nada é feito para ser sólido”. O sociólogo polonês Zygmunt Bauman, falecido em 2017, advertia que, mesmo consciente da sua maluquice consumista e dos relacionamentos descartáveis, o ser humano nada fazia para mudar seu jeito autodestrutivo. Numa entrevista, resumiu o motivo da humanidade repetir erros que provocam tantas tragédias:
“Quando acontece uma catástrofe natural ou provocada pelo homem, fica impossível ignorar as falhas. O problema não é a nossa falta de conhecimento, mas a falta de um agente capaz para colocar em prática o conhecimento, e com urgência. Existem poucos (ou nenhum) sinais de que, por vontade própria, estamos caminhando para mudar as formas de vida que estão na origem de todos esses problemas”. 
      O alerta do sociólogo foi tema numa parábola de Jesus:
“Quem ouve esses meus ensinamentos e não vive de acordo com eles é como um homem sem juízo que construiu a sua casa na areia” (Mt 7.21).
      Não basta ouvir, é preciso praticar. E, se a questão é a origem de todos os problemas, então os tempos líquidos não são de hoje. Começaram bem antes quando as “comportas do céu” foram abertas no grande dilúvio. Por isto, outro alerta de Jesus:
“A vinda do Filho do Homem será como aquilo que aconteceu no tempo de Noé” (Mt 24.37).
      A boa notícia é que as tragédias não têm poder para “liquefazer” a solidez das promessas de Deus. Ou, como disse o Salvador:
“O céu e a terra desaparecerão, mas as minhas palavras ficarão para sempre” (Mt 24.35). 
Marcos Schmidt
pastor luterano
Novo Hamburgo, RS

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