Perdonare, diz o latim. Per – total. Donare – doar. Ato que vem da razão, não da emoção. Não é esquecer. É não mais cobrar. Coisa que o coração não faz. Coisa que o Pedro perguntou:
“Senhor, quantas vezes devo perdoar o meu irmão que peca contra mim? Sete vezes?”. “Você não deve perdoar sete vezes, mas setenta e sete vezes”.Coisa de maluco. Mas, e a loucura da cruz? Interessante que o termo “perdão” tem vários irmãos gêmeos nas páginas da Bíblia. Nasa, kaphar, salach na língua hebraica, aphesis, aphíemi, charizomai, apolúo, paresis, dikaio, katalasso na língua grega. É um monte de palavras complicadas na pronúncia assim como o próprio perdão na prática, mas que carregam o mesmo significado fácil e simples de entender: apagar, deixar de lado, expiar, doar, presentear.
O perdão não é facultativo. É regra primordial de convivência onde todos se ofendem. Além do mais, é a primeira obra do amor cristão. Tanto que, se o perdão não vier lá de cima, nunca haverá chance aqui em baixo. Mas, Jesus lembrou:
“Se não perdoarem (...), o Pai de vocês também não perdoará as ofensas de vocês” (Mateus 6.15).É causa e efeito. É fé e ação. Deus me perdoa e eu perdoo. Eu não perdoo e o perdão divino congestiona. Foi o problema do credor incompassivo (Mateus 18). Na parábola, o empregado livre de milhões não anistiou seu colega que lhe devia cem, e o incalculável indulto do patrão retornou ao vermelho. “Perdoa as nossas dívidas”, ensinou Jesus, “assim como nós também perdoamos aos nossos devedores”.
“Quem ama não guarda mágoas” (1Coríntios 13.5), sublinha o hino do amor. Não é fácil. Para Deus custou a vida do seu único Filho. E para mim?
Marcos Schmidt
pastor luterano
Novo Hamburgo, RS
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