Assisti o documentário do Fantástico deste domingo sobre a sopa de plástico que toma conta dos oceanos. É de cortar o coração. Milhões e milhões de toneladas deste lixo tóxico, jogado de forma inconsequente na natureza, e que tem seu destino no mar. Um lixo que leva centenas de anos para se decompor, que vai se desmanchando em pedacinhos e vira uma sopa. E os animais marinhos, que confundem com alimento, depois ingerem e morrem. Quem viu a reportagem deve ter se horrorizado comigo. Porque é muita, muita sujeira letal descartada no coração da natureza marinha, vida que depende todo o sistema biológico do planeta.
Estou de férias na beira da praia, e além do ensurdecedor barulho eletrônico provocado por exibicionistas em seus carros com som, que faz tremer os tímpanos e a paciência, fico abismado com a quantidade de plástico no caminho até o mar: fraldas, canudinhos, sacolas, embalagens de picolé, garrafas, copos... É um absurdo o desrespeito de gente relaxada. Não consigo ficar indiferente a este jeito irresponsável. Deveria existir multa pesada para isto. Afinal, todas estas tragédias naturais que estamos vivendo nos últimos dias, em parte são a resposta deste comportamento criminoso.
O problema é que não sabemos viver em sociedade. Procedemos como se estivéssemos sozinhos no mundo. Qualquer ação pessoal, boa ou ruim, tem efeito no coletivo, seja na vida das pessoas ou no restante da natureza. E já que não somos apenas matéria, isto também vale na vida espiritual. O que está bem explicado num texto bíblico. Ao tratar da interação funcional dos diversos dons na igreja, o apóstolo Paulo busca como exemplo o corpo humano: “Se uma parte do corpo sofre, todas as outras sofrem com ela. Se uma é elogiada, todas as outras se alegram com ela. Pois bem, vocês são o corpo de Cristo, e cada um é parte desse corpo” (1 Coríntios 12.26-27). Depois desta analogia, o escritor bíblico mostra como é possível tal convivência dos cristãos, que são pecadores apesar de carregarem uma nova e boa vontade: “Portanto, esforcem-se para ter amor” (1 Coríntios 14.1). Antes disto, no capítulo treze, o autor já tinha orientado o jeito prático desta novidade de vida, sobretudo ao dizer que “quem ama não é grosseiro nem egoísta”.
Lamentavelmente, esta sopa indigesta de plástico que aniquila a vida nos mares, junto com tantas outras misturas irresponsáveis da ação humana, só vai acabar quando o ser humano não tiver mais nada para jogar no lixo. Pois assim será obrigado a olhar para cima e perceber a besteira que fez. Enquanto isto permanece a promessa bíblica: “Um dia o próprio Universo ficará livre do poder destruidor que o mantém escravo e tomará parte da gloriosa liberdade dos filhos de Deus” (Romanos 8.21).
pastor luterano
Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo-RS
14 de janeiro de 2010
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