O problema da seca não é a falta de chuva, mas a de juízo. Não é preciso um José com dons divinos para interpretar sonhos, basta um meteorologista com dotes científicos – que, aliás, também são dádivas do céu. Mas a célebre história das vacas gordas e magras tem um importante aviso que não depende de fé, e que nossos “faraós” deveriam prestar atenção. Refiro-me ao conselho de José: “Será bom que o senhor, ó rei, escolha um homem inteligente e sábio e o ponha para dirigir o país” (Gênesis 41.33). Infelizmente, o método nas escolhas de nossos administradores é norteado por questões políticas e não técnicas – interesses de poder e ganância que transformam sonhos em pesadelos.
A vida nos ensina que é melhor prevenir que remediar. A prevenção tem custos, mas é menos dispendiosa que as soluções emergenciais. A saúde física, por exemplo, se houver os devidos cuidados na mocidade, na velhice a pessoa estará preparada para as inevitáveis secas. Há exceções, como em toda regra, mas o sábio Salomão já disse: “Preguiçoso, aprenda uma lição com as formigas! Elas não têm líder, nem chefe, nem governador, mas guardam comida no verão, preparando-se para o inverno” (Provérbios 6.6-8).
A lição é a mesma no campo espiritual. Diz a Bíblia que aquele que tem fé em Deus “é como árvore plantada perto da água, que espalha as suas raízes até o ribeirão (...) Quando não chove, ele não se preocupa, continua dando frutas” (Jeremias 17.8). Ao contrário da “planta do deserto” que cresce com a chuva, mas logo desaparece. Por isto a invariável sequidão de certos “crentes” – para quem Deus é bom enquanto chove prosperidade, mas injusto quando surgem os infortúnios. Onde estão as raízes desta fé? Se estivessem até a profundidade onde corre a “água da vida” (João 4.14) seriam raízes de “árvores que dão frutas no tempo certo, e as suas folhas não murcham” (Salmo 1.3). Tomara que estes tempos de pouca chuva nos façam refletir em tudo isto.
Marcos Schmidt
pastor luterano
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
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