A proclamação do evangelho não é para a moralização, mas então para que? Não para a moralização, mas para justificação.
Pelos meios da proclamação, a pregação luterana justifica! O ato da justificação é historicamente fundamentado na cruz e ressurreição de Cristo, proposicionalmente articulado no texto inspirado, e relacionamento conectado aos fiéis pelo santo Batismo e a Santa Ceia. Este mesmo ato da justificação é dado ao ouvinte na proclamação do evangelho. Isto acontece na proclamação. A perspectiva do justificado é reforçada e sustentada na proclamação. Isto é o que o sermão faz, quando coloca o povo de Deus sob a palavra de Deus. É muito importante e necessário para o bem estar espiritual dos fiéis, e este era o papel que Dr. M. Lutero empreendia quando entrava no púlpito para pregar.
39. Segundo, Lutero usou a proclamação para levar o povo para dentro da igreja histórica. Isto é claramente uma função de perspectiva. Para Martinho Lutero não era suficiente para o povo ouvir a Palavra de Deus. Eles deveriam ver que isto não era um novo fenômeno; isto não era uma saída radical da igreja histórica. Antes, o povo deveria ver, deveria perceber, que eles estavam ouvindo o que era a única verdade, a única fé ortodoxa e histórica, a única fé, santa, católica, e apostólica. Em resumo, eles necessitam perceber a si mesmos como membros deste corpo histórica de Cristo, como participantes da corrente humana que Deus ajuntou a partir da cruz, através dos séculos, neste tardio momento da história. Assim, o povo seria preparado melhor para lidar com teólogos e mensagens rivais, e poderiam empregar não somente as palavras e conselhos de Lutero, mas também dos pais da igreja.
40. Hoje, nosso povo necessita desesperadamente dessa visão da igreja, para compreenderem nosso lugar na história. Eles são o povo contemporâneo, sem pátria e sem cultura, pois sua pátria e suas culturas evidenciam o eterno – ampliando o abismo entre raízes familiares e sociais de um lado e a família e cidade de Deus do outro lado. O fenômeno desta proclamação muda esta perspectiva, para serem pertencentes à igreja histórica.
41.Peter Berger e Thomas Luckmann, em seu livro The Social Construction of Reality, tem apresentado uma análise sociológica sobre o que acontece com o povo numa cultura, na verdade como uma cultura é comunicada a uma geração nova.[1] Existem fortes paralelos entre os objetivos culturais do seu trabalho e o fenômeno da igreja histórica como cultura. Berger e Luckmann argumentam que tal cultura é mantida e transmitida em três níveis da experiência. Primeiro, há o campo da linguagem comum, e como o povo é trazido para dentro desta cultura, eles começam a absorvê-lo ao ponto em que são absorvidos no campo da linguagem (ambos, linguagem pensada e falada). Segundo, há o campo das afirmações da realidade, no qual as verdades pelo qual a cultura vive e é continuamente afirmada e declarada. Terceiro, há o campo do conhecimento especializado, no qual o contato com aqueles que são especialistas em conhecimentos podem explicar as razões para as afirmações da realidade, e isto reforça e intensifica a experiência cultural.
[1] Peter L. Berger e Thomas Luckmann, The Social Construction of Reality: A rediscovered the Gospel but also the Law of God, in Chemnitz on Law and Gospel. Concordia Journal 15 de outubro de 1989, p. 413.
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