sábado, 28 de janeiro de 2012

Proclamação Luterana - 010

26. O trabalho da comunicação é gerar e desencadear motivação, enquanto que a obra da proclamação é engendrar identificação. O modelo de comunicação é encorajar alguém a consentir, o modelo da proclamação encoraja a ponderar. A comunicação leva o ouvinte a aprender; a proclamação a desaprender. Por isso, o modelo da comunicação trabalha bem quando é dado ao ouvinte a oportunidade de memorizar o que é dito; o modelo da proclamação trabalha bem quando é dado ao ouvinte perceber o que ouviu.

O modelo de comunicação na pregação oferece um texto narrativo para que o ouvinte estude as ações no texto; o modelo da proclamação na pregação oferece o mesmo texto para que o ouvinte venha a ser identificado com as ações no texto.

27. Aidem Kavanaugh capta esta distinção em sua comparação de quadros e ícones. Pinturas, ele observa, são sobre significados. Ícones são sobre o ser.[1] Neste sentido pregação é mais do que ícones, do que um quadro no seu impacto. Pregação, quando verdadeira na liturgia na qual ocorre, trata mais do ser de que de opiniões. Seres são recebidos, enquanto que opiniões são desenvolvidas pelo acerto do coração e do consentimento dos ouvintes. A comunicação distribui opiniões (no pleno sentido popular), a proclamação concede ser.

28. O chamado para que a pregação luterana adote a solução da comunicação é o verdadeiro problema no púlpito luterano. Após anos, um modelo muito familiar tornou-se evidente na igreja luterana. O modelo pode ser encontrado na história da Reforma Luterana, onde o método teológico de Lutero da coerência, inerface, e correlação foi substituída pela abordagem geral da ortodoxia da pós-reforma que o reverteu para o método teológico da escolástica de correspondência, particularidade causativa.[2] Na pregação histórica do Sínodo de Missouri, é fácil discernir uma mudança semelhante no sermão da proclamação para a informação. Esta mudança veio muito cedo, e se instalou no corpo da igreja, onde ambos, pastores e leigos foram criados a esperaram este tipo de pregação.

29. O modelo de pregação informação vê o sermão como um exercício que apresenta proposições aos ouvintes. Criados, como na era da ortodoxia luterana, na objetividade da graça de Deus. O modelo de informação estendeu tal objetividade a cada questão de informação, tanto que ele carregava dentro de si as sementes perigosas de um racionalismo belicista. Mesmo sendo um modelo insuficiente, especialmente na perspectiva do sermão como meio da graça, ele ainda foi aceito por muitos anos por causa de um respeito geral para com o cargo do pregador, e um reconhecimento geral da natureza objetiva da fé cristã, os quais trouxeram ambos grande escala de consentimento ao que foi pregado. O problema surgiu, como a história novamente nos ensinou em relação ao pietismo, que este modo informacional e proporcional de comunicar a fé gerou uma reação na forma no modo de relacionamento no comunicar a fé, que é precisamente isto o que está por trás do modo de comunicação na área da pregação. Esta abordagem relacional eleva o subjetivo sobre o objetivo, o pessoal sobre o proposital, para a alegria de uma incrível coleção de protestantes evangelicais, católicos romanos carismáticos contemporais e ecumênicos liberais. Tal coleção não é tão surpreendente quando se compreende as implicações desse modelo de comunicação.


[1] Aiden Kavanagh, On Liturgical Theology (New York: Pueblo Publishing Company, 1984), p.4.

[2] Entre outros, esta tese é encontrada em Ulrich Asendorf, Die Theologie Martim Luthers nach seinem Predigten (Göttlingen: Vandenhoeck & Ruprecht; 1988). 13-24.

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