quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Proclamação Luterana - 008

Comunicação ou Proclamação

18. Olhando para a lista do que se requer da pregação luterana, com um olhar popular, torna-se evidente: “boa comunicação.” Constantemente os pregadores ouvem a admoestação: vocês precisam aprender a se comunicar com o povo.

19. Bem, se por comunicação alguém se refere ao que tecnicamente pode ser chamado de micro-comunicação, na qual alguém se refere a certas práticas tais como enunciação, pronunciação, uso da voz, técnicas da retórica pública e costumes, então a recomendação é bem vinda. Ninguém pode negar os benefícios em usá-los e no usar a linguagem do povo (não a gíria).

20. Mas este não é o escopo da demanda da pregação luterana na comunicação. A grande acusação contra a pregação luterana é de que ela falha na comunicação. A razão articulada para este julgamento contra o púlpito luterano é esta, para comunicar é preciso estabelecer um contacto com os ouvintes. A pregação típica luterana, como é ensinada, falha em estabelecer este contacto, porque esta pregação não diz o que a pessoa na verdade deseja ouvir. Por isso ela não comunica e precisa ser mudada.

21. Logo no início deste trabalho, eu coloquei a afirmação de que a pregação luterana está com problemas, problemas sérios, não estou preparado para analisar o problema do nosso tempo desse ângulo. A natureza de minha posição, no entanto, é muito diferente. Se nós estamos em condições de compreender o que precisa ser corrigido no púlpito luterano, então precisamos em primeiro lugar inverter o julgamento contra a pregação luterana contido no chamado para “comunicar” do púlpito”[1] (Obs.: do tradutor) O que implica também no Lema da IELB de “Comunicar a vida”).

22. Na verdade, a pregação luterana necessita conhecer algo a respeito dos ouvintes, mas não é isto que é questionado pelos advogados da comunicação. Os ouvintes não necessitam o som da cultura, mas o som de Cristo; não a discussão a respeito do que o povo entende por necessidades, mas a necessidade interior; não necessidades, problemas e sintomas exteriores, mas a profunda razão deles que é o pecado, só conhecível à luz da Palavra de Deus. Não uma voz popular e persuasiva, mas a destemida voz profética. Não o pensamento corrente da mente moderna, mas a intenção original do texto sagrado. Em resumo, o que a pregação luterana necessita não é comunicação, mas proclamação.


[1] E.g., “Contato com a audiência começa com a atitude com respeito à comunicação, e comunicação pode tornar-se mais infecciosa quando líderes tentam conseguir respostas de vários públicos ao mesmo tempo.” (David Luecke, Evangelica Style and Lutheran Substance: Facing América`s Mission Challenge (St. Louis: Concordia, 1988), p. 107.

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