a. Lutero também exorta
que só há meditação verdadeira na Palavra, quando houver primeiro o prazer. E
Isto é uma exclusividade dos cristãos. “Por
isso Davi ora: ‘Inclina-me o coração aos teus testemunhos e não à cobiça’ (Sl
119.36)”. Lutero outra vez afirma que o prazer na Lei do Senhor precisa vir
necessariamente dos céus. [...] Os desejos humanos estão em oposição à Lei do
Senhor, a ponto de o ser humano querer evitá-la. Não é uma ação livre do ser
humano amá-la. Não é o temor pela punição nem o desejo pelas promessas de
recompensa da Lei que irão produzir esse amor, mas esse desejo vem da fé em
Deus, através de Jesus Cristo (Sl 19).
b. É o celestial prazer na
Lei do Senhor que une quem medita na palavra de Deus e o faz provar, saborear
do melhor bem; de como ela é reta, verdadeira, boa, doce, pura, amável,
poderosa e consoladora; “sabedoria acima de toda sabedoria”. O que se saboreia
ainda melhor na tentação!
c. Lutero critica o método
de meditação monacal, que usa a Bíblia como trampolim para a oração do coração
e a apropriação mental (intelectualismo) ou visionária (misticismo) das
realidades celestiais. E à prática entusiasta de meditação na palavra interior,
revelação direta ao coração.
d. Tanto que no final da
primeira regra afirma: “Isso produz
agitadores espirituais que imaginam que as Escrituras estão sujeitas a eles e
são facilmente compreendidas com o próprio entendimento que eles têm, sem o
Espírito e a oração [...]. (ou) Porque
isso gera os espíritos de bando [i. é, cismáticos], que têm a petulância de
achar que a Escritura está sujeita a eles e pode facilmente ser captada com a
sua razão [...] eles não necessitam de nenhum Espírito Santo nem de oração.”
e. Por isso ressalta aqui “a palavra falada e o texto escrito da
Bíblia” que precisas meditar, não apenas com o coração, mas também
externamente, sempre de novo trabalhando e esfregando, lendo e relendo [...]
diligentemente prestando atenção e refletindo no que o Espírito Santo está
dizendo nela.
f.
E
no final retoma a questão para dizer: “[...]
porque não é por nada que ele [Deus] ordenou que a palavra fosse escrita,
pregada, lida, ouvida, cantada e falada, e isso externamente”. Pois nela
Deus está presente, ativo, eficiente, “encarnado”!
g. Essa meditação no
texto, segundo Bayer, induz a pessoa, não a entrar e a auscultar a si mesma, a
contemplar o próprio umbigo, mas a ver-se na perspectiva da palavra que ouve.
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